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Investigação

Homem suspeito de jogar ovos em manifestantes é liberado por falta de provas

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O analista de sistemas detido por suspeita de atirar ovos em manifestantes a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), neste último sábado (1), na avenida Afonso Pena, região Centro-Sul de Belo Horizonte, foi ouvido e liberado. No despacho de liberação dele, o delegado Thimoteo Leal entendeu que não havia elementos suficientes para comprovar o crime.

No documento, o policial afirma que o que se tem até o momento são três depoimentos conflitantes de testemunhas. A possível vítima de ter levado a suposta ovada também não foi encontrada.

Uma testemunha disse, em depoimento, que viu uma pessoa arremessando um objeto, possivelmente um ovo, da janela do apartamento do analista de sistemas. Outra disse que viu um homem se esconder atrás da cortina, mas não viu arremessar o objeto. A mulher que estava com o analista de sistemas no apartamento disse que ele não arremessou nada pela janela.

O homem detido negou que tenha atirado qualquer objeto. Segundo o delegado serão feitas diligências posteriores para tentar esclarecer se houve algum crime. As câmeras de segurança da região devem ser analisadas. Nenhum vídeo com a ação foi apresentado pelos manifestantes à Polícia Civil.

Os manifestantes acionaram a Polícia Militar alegando que o homem teria jogado ovos e outros objetos neles, do apartamento do alto de um prédio. Os militares foram até o apartamento do analista de sistemas e o levaram  para a Delegacia de Plantão do bairro Floresta na região Leste de Belo Horizonte. Parlamentares também teriam entrado na prédio.

O advogado do detido, Rafael Pitzer, disse que ele ficou assustado e com medo com policiais e parlamentares na casa dele. Segundo ele, um deputado tentou entrar no apartamento sem autorização.

O defensor disse ainda que o analista de sistemas considera que parece que voltamos aos tempos da ditadura. “Ao meu ver, foi mais uma prisão arbitrária e política, do que prisão em virtude de um crime”, concluiu.

Veja o que dizem os deputados que acompanharam o caso:

Os deputados estaduais Bruno Engler (PRTB) e Bartô (Novo) acompanharam a testemunha na delegacia e pediram pela internet que quem tivesse mais provas fossem até o local. Em entrevista, Engler  afirmou que moradores começaram a atirar objetos contra os manifestantes, como ovos, pedras e, “ao que parece, até fezes de animal”.

“Foi identificado por uma pessoa que estava na manifestação e pelo deputado Bartô, que até acompanhou essa intervenção. A Polícia Militar conduziu esse cidadão que foi visto atirando objetos nos manifestantes e a gente está tratando essa questão aqui na delegacia porque é para deixar o recado que você não pode, porque você está na sua casa, atirar objetos em quem tá exercendo o seu direito constitucional de se manifestar. A gente já tinha visto isso em carreatas, né? Mas em carreatas por mais que também seja absurdo, provavelmente se acertar só vai gerar um dano ao patrimônio, mas a gente estava numa manifestação onde senhoras de idade, crianças, todo tipo de gente passando a pé e o rapaz que foi detido reside no 11º andar, quer dizer, se você acerta um objeto do décimo primeiro andar na cabeça de uma pessoa, você pode gerar uma lesão grave. Então, as pessoas tem que ser responsabilizadas pelos seus atos infelizmente só uma foi identificada, foi conduzida, a gente sabe que tinham mais pessoas atirando objetos contra os manifestantes, mas é importante estarmos aqui na delegacia que se dê andamento nessa questão, pra mostrar que as ações tem consequências que isso aqui não é casa da mãe Joana e que não é porque a pessoa é de esquerda, porque ela não gosta da manifestação que ela pode agredir”, afirmou.

Já o parlamentar do partido Novo afirmou que o prédio onde o detido mora “já é conhecido de todos”, que em toda manifestação os moradores de lá jogam ovo nos manifestantes. Quando uma pessoa identificou um morador, o deputado perguntou se a pessoa teria coragem de dar o depoimento e ao ter a resposta positiva, acionou a polícia. “Pode se configurar como tentativa de lesão corporal grave, inclusive de andares mais altos, né? Sendo assim, se trata de um crime”, pontuou. Ao destacar que estava lá apenas para orientar e dar tranquilidade à testemunha, Bartô disse que decidiu levar o caso adiante para dar dois recados. “O primeiro é acabar com essa situação onde coage as pessoas de exercerem aquilo que elas acreditam, certo? Democraticamente, como também ajudar a dar notoriedade, como que uma pessoa, um testemunho, faz a diferença porque eu acredito que ali naquele prédio não vai ter mais isso. Eles vão entender que é sério a situação ali. Segundo pelo dever cívico que ela tem de vir aqui para não deixar pessoas fazerem isso mais”, afirmou.

Fonte: por Natália Oliveira – O Tempo

Foto: Lucas Henrique Gomes

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