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Heróis não usam máscaras!

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“Meus heróis morreram de overdose, meus inimigos estão no poder” – bem nos diz o poeta Cazuza, num trecho da canção Ideologia. Aproveitando o ensejo do contexto dessa bela letra, pergunto: o que é um herói?

Para alguns menos preparados, e mais apaixonados, um herói é quase uma divindade. Um ser idolatrado quase que cegamente. Um ente sobre o qual não se levanta dúvidas. Heróis são perfeitos, imaculados – concluem.

Adjetivos são belos, mas por vezes podem esconder certas armadilhas. Assim como acreditar em heróis, pelo menos nesta construção que nos é mais próxima e que, em parte, foi descrita no parágrafo anterior.

Endeusar ou apostar todas as fichas num herói – e no seu discurso – pode ser doloroso, caso ele não demonstre ser aquilo que propunha ou aparentava ser. Desta forma, o gosto amargo da traição fica na boca de quem apostou e defendeu o herói de ontem.

Uma coisa é certa: não existem heróis sem feitos. Quem recebe esse título e não realiza só é “grande” em função das expectativas que são depositadas sobre ele. E isso, por si só, não basta. Sem poderes ou ação o herói não salva ninguém. A máscara cai.

Frágeis, temos essa mania de eleger salvadores da pátria. Escolhas que são frutos, em muitos casos, da nossa carência. Passionalidade e miopia. Quase sempre as escolhas são erradas.

Heróis também são cuidadosamente construídos. Ungidos por quem pode mais, para comandar ou entreter quem pode menos. O tempo e a revisão dos fatos tratam de pôr luz neste fato. Foi assim antes e daqui algumas décadas será também. A história recontada, desmistificando certos heróis..

O que sobra? Bom, fiquemos com esses heróis anônimos que estão aí na vida cotidiana nos salvando e passando quase sempre despercebidos. Em época de pandemia, temos um batalhão de heróis na linha de frente no combate ao Covid-19 nos hospitais. Muitos estão morrendo para que outras vidas sejam salvas.

Heróis sem terno ou gravata, que se expõem diariamente ao contágio dessa doença para trabalhar em serviços essenciais para que o restante da sociedade possa ficar em casa. Sem o país parar por completo.

Grandes heróis são seres discretos, não fazem politicagem e estão sempre aí… Amparando. Heróis não ligam para fã clube ou seguidores. São verdadeiramente altruístas.

Dispensam aplausos ou palanques. Voltam-se, mesmo, é para o bem social. Verdadeiros heróis não disputam cargos eletivos. São espontâneos, dados e o seu poder se dá por isso.

Herói não deseja ser mito. É um cara comum que se dedica e batalha. Heróis estão nas esquinas e não usam máscaras.

 * Por Rodrigo Dias

RODRIGO DIAS é jornalista e web poeta, há mais de duas décadas trabalha no mercado de comunicação. Formado em Publicidade e Propaganda, também atua como assessor de comunicação.

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