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Heróis de verdade não usam capa, eles ensinam

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Dia 15 de outubro é dia dos professores, data importante principalmente em tempos atuais, em meio à pandemia, com as aulas em formato online, entre outros mecanismos, alguns pontos vieram à tona, e um deles é justamente a educação do brasileiro.

O dia do Professor foi instituído em 1963, no governo de João Goulart. A proposta havia sido feita alguns anos antes pela Professora Antonieta de Barros, mulher e negra, que se elegeu deputada estadual por Santa Catarina em 1934.

Atualmente em meio pandemia com os pedidos de auxílio emergencial, a dificuldade de alguns cidadãos em solicitá-lo, em que dados simples como CPF, Cédula de identidade, ler informativos, entre tantos outros exemplos, muitos brasileiros sofrem com a falta do pilar de uma educação básica de qualidade, um problema histórico.

Vamos fazer uma breve linha cronológica, começando por volta de 1549, quando os primeiros padres jesuítas chegaram ao Brasil, e aí começou nossa educação. Era uma colônia habitada por nativos, os “índios”, iniciando-se uma educação ligada ao catolicismo, que foi praticamente a única no país por cerca de 200 anos.

Porém, em 1759, movidos por sentimentos despotistas, o rei D. José I acusou os jesuítas de traição e, desde então, alguns pontos e medidas foram analisados para padronizar e reativar a educação. Mas, nada surtiu efeito!

Somente por volta de 1800 a 1808, com a vinda da família real portuguesa é que começaram a dar novos rumos para educação, como a criação da Escola de Cirurgia da Bahia (1808) e da Faculdade de Direito de São Paulo e de Olinda (1827).

A educação perdurou na era do Império de 1822 a 1889. O Ato Adicional de 1834 delegou às províncias a incumbência da educação básica; houve também projetos para criação de Universidades, tendo nenhum vingado.

Posteriormente, a educação no Brasil-República de 1889 a 1964, quando surgiram as pioneiras Universidades do Rio de Janeiro (1920), Minas Gerais (1927), São Paulo (1934) e Porto Alegre (1934).

Na Constituição de 1934, o ensino público, gratuito era uma prioridade. Em 1962, foi criado o chamado Plano Nacional da Educação, com plano de metas, a ser atingido em 8 anos.

Após esse período, vem a Ditadura Militar de 1964 a 1985, quando houve a crise na educação, sendo que os investimentos na área por parte do MEC chegaram a aproximadamente um terço do mínimo fixado por legislação da época.

A educação básica sofreu muito, além de que o ensino privado ganhou campo e, exemplo disso que para concluir o então terceiro ano do segundo grau, era necessário pagar pelo tal e assim foi até que, após essa breve história, chegamos então à Constituição de 1988, que trouxe – após períodos complicados – a Educação como um grande destaque, como Direito Social e, constitucionalmente, o seu objetivo é o pleno desenvolvimento da pessoa, do cidadão e do profissional.

O Brasil começava a lutar contra o sistema falho no passado e a massa enorme com analfabetismo; o país que deixava sua parte agrária para se tornar um país urbano e a maioria abdicava da “escola” pelo trabalho nas cidades.

Atualmente, com a Pandemia, conforme supracitado, temos presenciado a dificuldade do brasileiro. Os dados do Pisa, maior avaliação de estudantes do mundo, foram divulgados em 2019 mostrando que o Brasil é um dos países mais desiguais na educação.

A China lidera nas três áreas avaliadas: Leitura, Matemática e Ciências; os alunos brasileiros atingiram, em média, 413 pontos na classificação geral de capacidade leitora, ocupando o 57º lugar entre 79 países

Em países membros da OCDE, o custo por aluno é de de US$ 10.759 anuais por estudante com valores convertidos, levando em conta todos os níveis de educação, do básico ao universitário. No Brasil se investiu US$ 5.610, ou seja, metade (esse valor inclui salário e formação de professores, material e infraestrutura, manutenção das escolas, medidas para diminuir o número de alunos por sala).

Uma pesquisa de 2017 revela que cerca de 51% da população brasileira de 25 anos ou mais têm somente até o Ensino Fundamental completo; no caso do Ensino Médio, 26,3% desse grupo tinham completado esse nível de instrução, sendo a taxa mais baixa localizada no ensino superior: 15,3% completaram a etapa. Números do IBGE mostram que o Brasil ainda tem 11,3 milhões de analfabetos entre a população de 15 anos ou mais — o número corresponde a 6,8% dessa população, observando divergências regionais. Temos exemplo no Sudeste: o índice de analfabetismo na população de 15 anos ou mais é 3,47%, no Nordeste a taxa é de 13,87%.

Outro ponto é a mutação: o processo ficou muito dinâmico, entendo que a educação fundamental precisa ser mais bem trabalhada para preparar o cidadão.  Muitos alunos não sabem ler nem escrever e nem interpretar pequenos símbolos; as diferenças socioeconômicas são gritantes, mas se faz necessário um investimento digno na educação, precisa-se trabalhar, além da educação de qualidade, as habilidades, interpretações mundanas e competências socioemocionais, tão exigidas no dia a dia. Hoje o cidadão além do ensino básico precisa se situar ao cotidiano a sua volta e no mundo.


Um fator importante para ajudar no ensino e que vem sendo usado em meio à pandemia é a internet, porém cerca de cinco milhões de crianças e adolescentes não possuem o acesso em casa no Brasil, o que corresponde a 17% do total quem tem de 9 a 17 anos, segundo dados da Unice, conforme sempre questiono o tema hoje a internet um direito fundamental.

Mas voltemos a pauta de 15 de outubro e infelizmente no momento preciso destacar a desvalorização dos professores, com pouco investimento, e detalhe: no Brasil o professor é obrigado a ser mais que professor, afinal lida com vários aspectos de um país continental, em contraponto ao pouco investimento. Isso desvaloriza o ofício do professor na rede pública no ensino fundamental e médio, pois com o pouco investimento recebido e remuneração pequena fica complicado para o profissional buscar seu fortalecimento, seu aperfeiçoamento profissional. Em uma pesquisa do Jornal Estadão 77% dos professores ouvidos na pesquisa acreditam que a profissão não é valorizada no Brasil e 74% afirmam que não são respeitados pela sociedade em geral, na visão dos professores, para 99% declararam que para se sentirem mais valorizados, é necessário a melhoria da carreira e das condições de trabalho. Ainda que 82% entendam que não ganham de acordo com a complexidade da profissão, a remuneração não é vista como um aspecto principal para que se sintam valorizados, eu assino embaixo com o pensamento da classe.

Graças a Deus tive a oportunidade de cursar dois cursos superiores e uma pós graduação, sei que a educação transforma vidas, sou a prova viva disso, como pessoa hoje me sinto mais lapidado, e aprender nunca é demais, o conhecimento é peça chave para uma sociedade saudável.

Por fim essa é a face de um país gigante e tão pequeno perante a educação, que precisa caminhar e muito para atingir uma educação digna de qualidade. Vemos como o principal ponto para o Brasil começar a aquecer turbinas e decolar rumo a voos maiores tendo a educação como o pilar, principalmente, no ensino fundamental. Precisamos vencer essa barreira e investir na educação para se formar cidadãos brasileiros.  Parafraseando Paulo Freire: “A Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo.”

E assim sigo por aqui na esperança de que os próximos 15 de outubro, sejam com o respeito, dignidade e reconhecimento que os professores merecem, meu abraço e eterna admiração por essa classe guerreira e essencial na vida de todos.

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