Saúde
Hepatite B: 3 em cada 4 brasileiros não sabe que tem a doença. Conheça os sintomas
Dados revelam que apenas 24% dos afetados pela doença foram diagnosticados, e Ministério estabelece meta para ampliar tratamento
O Ministério da Saúde estima que cerca de um em cada quatro brasileiros não sabe que tem hepatite B. De acordo com dados apresentados pela pasta, entre 1 milhão de pessoas que devem viver com a doença viral no País, somente 264 mil (24%) foram diagnosticadas. A quantidade de indivíduos com acesso a medicamentos é ainda menor: apenas 41 mil fazem tratamento. A meta do Ministério é ampliar esse número para 100 mil nos próximos dois anos. Com informações de Estadão.
O cenário da doença no país foi apresentado na manhã desta quarta-feira durante coletiva de imprensa. Os dados mostram que houve uma queda nos registros de novos casos entre 2019 e 2022, passando de 14 350 para 9 156. A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente da pasta, Ethel Maciel, explicou que a queda deve estar relacionada à pandemia de covid-19. “Precisamos resgatar e ampliar o diagnóstico nas unidades de saúde”, disse.
Conheça os tipos de hepatite
Atualmente, há cinco tipos de hepatite em circulação no Brasil, sendo que as mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C. O grande risco é que elas podem atingir o fígado, levando a quadros como a cirrose.
A Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) aprovou a inclusão de um novo tratamento no SUS, que possibilita que as pessoas alcancem a cura em um período menor e com menos efeitos adversos. Com o novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), o tratamento poderá começar mais cedo, já que será suficiente a identificação da carga viral da hepatite B e a relação com a idade da pessoa para assim, iniciar a medicação. Antes, o paciente devia ser avaliado por especialistas e considerar outros testes.
As estatísticas indicam que os homens são o público mais atingido pela doença, representando 56% do total de casos. A meta do Ministério da Saúde é ampliar o diagnóstico, chegando a 90% dos potenciais casos até 2030. Atualmente, o governo disponibiliza no Sistema Único de Saúde (SUS) tanto a vacina contra hepatite A quanto contra hepatite B.
“Infelizmente, desde 2015 temos uma diminuição da cobertura vacinal, e isso reflete nos números de transmissão da fase adulta. Precisamos vacinar as crianças”, alertou a médica. Ainda de acordo com ela, essa vacina é oferecida na maternidade, mas é fundamental garantir que 100% dos bebês recebam o imunizante ao nascer e, depois, o reforço. “Devemos resgatar a alta cobertura vacinal para um doença que é prevenível e leva pessoas a óbito”, defendeu Ethel.
Quais são as vacinas contra a hepatite B?
O Ministério da Saúde recomenda que a vacina contra hepatite B seja oferecida em quatro doses: ao nascer, aos 2 meses , 4 meses e 6 meses de idade. Para os adultos, o imunizante deve ser aplicado em três doses.
Os sintomas associados à doença
Um dos principais entraves ao diagnóstico da hepatite B é que a doença nem sempre dá sintomas. Muitas vezes, os sinais só começam a se manifestar quando o quadro está avançado. Os principais indícios são: cansaço, tontura, enjoo e vômito, febre pele e olhos amarelos. Por isso é importante que a população tenha uma rotina de testagem rápida da doença e se conscientize, solicitando o teste nos postos de saúde. Cabe destacar que o exame indicado é a sorologia, ou seja, o exame de sangue.
Como é a transmissão
A hepatite B pode ser transmitida de diversas formas, como por meio do sexo sem preservativos com uma pessoa infectada e compartilhamento de seringas, agulhas e outros equipamentos utilizados no uso de drogas, como cachimbos. Outro meio de transmissão é de mãe para filho durante a gravidez. Objetos cortantes também merecem atenção, como alicates na manicure, já que o vírus passa adiante por meio de sangue contaminado.
Ampliação de público-alvo para vacinação
Além da vacinação para hepatite B, o SUS disponibiliza a vacinação contra hepatite A, que é ministrada na infância. O Ministério da Saúde estuda, no entanto, ampliar o público-alvo da vacinação para incluir homens que fazem sexo com homens. Atualmente, a vacinação contra a doença ocorre até os 5 anos de idade. A recomendação é que a imunização ocorra preferencialmente até um ano e três meses. Há indicação também para casos específicos de adultos suscetíveis à doença, como os que têm HIV.
A pasta deve pautar o tema na próxima reunião da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) do Ministério da Saúde. O grupo é responsável por analisar estratégias relativas à vacinação e fazer indicações quanto ao tema. De acordo com Ethel a ideia de expandir a vacinação para um novo grupo surgiu após verificação de aumento de casos de hepatite A entre essas pessoas. Em 2021, o país registrou 439 casos confirmados de hepatite A, já em 2022 o número subiu para 756.