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Garimpeiros estupram e matam indígena de 12 anos e corpo não pode ser resgatado

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A polícia não conseguiu resgatar o corpo de uma menina yanomami, de 12 anos, que morreu após ser estuprada por garimpeiros armados numa comunidade na região de Waikás, uma das mais atingidas pela invasão de mineradores ilegais na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. As informações são do jornal O Tempo.

O crime foi divulgado na noite de segunda-feira (25/4) pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, que também é uma das lideranças do povo yanomami.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Hekurari afirma que, além da morte da menina, uma outra criança yanomami, de 3 anos, desapareceu após cair no rio Uraricoera. O crime aconteceu na comunidade Aracaçá.

Com a ajuda de policiais, indígenas planejavam ir à região na terça-feira (26) para buscar o corpo da vítima e encaminhá-lo para autópsia no Instituto Médico Legal (IML), em Boa Vista, mas, até a manhã desta quarta-feira (27), eles não haviam conseguido fazer o resgate, devido à dificuldade no acesso à comunidade e às condições climáticas.

O mau tempo registrado impediu a saída do voo que levaria o corpo da menina da selva para Boa Vista.

A Terra Yanomami, a maior reserva indígena do Brasil, só pode ser acessada por aeronaves ou barcos.

O acesso à região de Waikás demora cerca de 1h15 de voo saindo de Boa Vista. Para chegar à comunidade Aracaçá, são mais 30 minutos de helicóptero ou 5 horas de barco pelo rio Uraricoera. A população da região é de 198 indígenas, segundo o Condisi-YY.

A comunidade Aracaçá está no meio de acampamentos montados por garimpeiros na região. A violência sexual contra meninas e mulheres yanomami cometida por garimpeiros já havia sido denunciada semana passada pela Hutukara Associação Yanomami.

‘Situações como essa são consequência cada vez mais frequente do garimpo ilegal’

A Polícia Federal (PF) e o Exército foram informados do crime ainda na noite de segunda.

Na manhã de terça-feira, Hekurari, por meio do Condisi-YY, enviou um ofício relatando a situação ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ambos de responsabilidade do Ministério da Saúde, além de PF, Ministério Público Federal (MPF). No documento, a associação pede a apuração do caso.

Em nota, o MPF informou que “busca junto às instituições competentes a apuração do caso e acredita que situações como essa são consequência cada vez mas frequentes do garimpo ilegal em terras indígenas em Roraima..

O Ministério da Saúde informou que a Sesai é responsável pela assistência à saúde dos povos indígenas e que fatos e denúncias de ocorrência de crimes, que chegam ao conhecimento da Secretaria, são encaminhados diretamente aos órgãos competentes para investigação.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) disse que acompanha o caso por meio da unidade descentralizada na região, em articulação com as forças de segurança, e está à disposição para colaborar com os trabalhos de proteção à comunidade (leia a íntegra no fim da reportagem).

Foto: Facebook/Hutukara Associação Yanomami

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