EXCLUSIVO – Família denuncia suspeita de abuso em criança de um ano e cinco meses em CMEI de Nova Serrana

Laudo médico aponta ferimento próximo ao ânus; suspeita de abuso sexual e encaminha criança para realização de protocolo de profaloxia pós-exposição ao HIV e doenças infectocontagiosas

Quando um pai ou mãe de família deixa sua criança em um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), o que se espera é que ao fim do dia de trabalho, quando seu filho voltar para casa, ele esteja saudável e tenha sido bem tratado. Contudo uma família de Nova Serrana vem passando por momentos delicados devido a uma suspeita de abuso sexual a um menino de apenas um ano e cinco meses.

O menino, que terá sua identidade resguardada, foi deixado pela mãe em um CMEI de Nova Serrana, na segunda-feira (02/5), contudo ao buscá-lo no fim do dia, foi notado que a criança tinha lesões estranhas próxima ao ânus. Chocados com o fato, o menino foi imediatamente levado ao Hospital São José, onde foi internado, momento em que foi iniciado o atendimento e tomada as primeiras medidas para investigação de possível crime cometido contra o menor.

Laudo

Conforme laudo repassado pela família com exclusividade para a reportagem deste Popular, a criança apresenta uma lesão na proximidade do ânus, sendo ele encaminhado para o Hospital São João de Deus em Divinópolis, para que ele fosse reavaliado e submetido até mesmo a ministração de coquetel de medicamentos, diante a possibilidade de o menino ter sido violentado sexualmente.

Segundo repassado pelo tio da criança, aqui identificado como D.C, 32 anos, sua irmã notou que o filho estava com muita pomada na região do bumbum ao pegar o menino no CMEI e ao dar banho na criança viu a lesão e imediatamente se direcionou até o Hospital São José, onde passou a noite internado.

No laudo fornecido pelo tio da criança, o médico do Hospital São José apontou que o menino apresentava fissura na região anal. Foi acionado o Conselho Tutelar, a Polícia Militar (PM) e encaminhado à criança até o hospital de referência em Divinópolis.

Suspeita de Abuso Sexual sem penetração

De acordo com D.C, “no Hospital São João de Deus, foi solicitado pela equipe médica a presença do médico legista, porque eles têm certeza que as lesões não são naturais, havendo a suspeita de estupro. Mesmo sem penetração masculina, as lesões não são naturais pelo que nos informou os médicos, o que traz ainda mais revolta quanto a esse episódio que temos passado”.

D.C. também apresentou a nossa equipe que a criança foi encaminhada para um infectologista, para que seja dado início ao protocolo de Profaloxia Pós-Exposição ao HIV e Doenças Infectocontagiosas (PEP).

Ocorrência

Mesmo com a entrada e internação da criança na segunda-feira (2), a equipe do Hospital São José, somente na terça-feira (3), acionou a PM para registro da ocorrência.

Conforme nota solicitada junto a PM por nossa reportagem “na manhã do dia 03 de maio de 2022 os Policiais Militares do Sexagésimo Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais foram empenhados e compareceram no Hospital São José, onde em contato com a genitora da criança esta relatou que na data de ontem (segunda-feira – 02/05/2022) buscou o filho em uma creche, chegando em casa a mãe ao dar banho no filho notou uma situação estranha e em seguida buscou atendimento médico.

No atendimento médico não foi possível esclarecer a lesão na região. As profissionais que cuidam da criança foram enfáticas em afirmar que a rotina de trato para com a criança deu-se dentro da normalidade no referido dia.

Face ao exposto, a ocorrência foi registrada e encaminhada para o Delegado de Polícia Civil para possíveis providências decorrentes. Sendo que uma equipe foi até o CMEI onde segundo a família teria ocorrido o abuso suspeito”.

A reportagem deste Popular também entrou em contato com a Polícia Civil, que por meio de nota informou a nossa reportagem que, “sobre o suposto caso de maus-tratos e violência contra uma criança de 01 ano e 06 meses, registrado na cidade de Nova Serrana, região Centro-Oeste do estado, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que um procedimento investigatório já foi instaurado, e que todas as diligências necessárias estão sendo realizadas para apuração dos fatos. Informamos ainda que, conforme determina a legislação, o caso segue em segredo”.

 Prefeitura se manifesta

NOTA – O governo municipal se sensibiliza com a família da criança e coloca toda sua equipe de apoio técnico e psicológico à disposição.

Em relação a situação denunciada, acompanharemos os desdobramentos da investigação por parte da Polícia Civil e aguardaremos a conclusão do inquérito para tomadas de medidas administrativas cabíveis.

Importante lembrar que a rede municipal de ensino é composta por mais de 16 mil alunos (quase 3.400 na Educação Infantil em tempo integral), com milhares de servidores atuando cotidianamente. Situações como esta precisam ser apuradas com muita cautela, sem antecipação de juízo e generalização.

Centro Administrativo

Nova Serrana/MG, 4 de Maio de 2022.

 Desejo de Justiça

D.C, tio da criança, aponta que o sentimento da família é que eles irão até as últimas consequências para que haja justiça, e os responsáveis pela situação que seu sobrinho foi exposto sejam responsabilizados.

“Nós temos total consciência de que o fato ocorreu na unidade, ainda não temos como provar, mas estamos tomando todas as medidas que nos cabe para que seja feito justiça. Na segunda pela manhã meu sobrinho estava bem, e a noite apareceu com essa situação. O que nós vamos batalhar é para que os responsáveis possam arcar diante da justiça deste mundo, com a responsabilidade do que fizeram com meu sobrinho. Em Divinópolis, os médicos nos deram certeza de que foi abuso, por isso acionaram os legistas e encaminharam ele para o protocolo do PEP”.

Em suas considerações o tio da criança ainda apontou que há pontos que necessitam ser esclarecidos e depoimentos dos profissionais da unidade que se contradiz, com o diagnóstico médico.

“Quando vemos o boletim de ocorrência, percebemos que os profissionais da escola falam que as fezes do meu sobrinho estavam ressecadas, porém devido a gastroenterite, o próprio médico destaca no laudo que as fezes estavam moles. Há algo que precisa de ser investigado, que precisa de ser esclarecido aqui, claramente existe um conflito. Temos fotos das fezes dele amolecidas, não é hora de dar desculpas, é hora de apurar o que pode ter ocorrido de errado”.

Seguindo D.C desabafou, “as pessoas da unidade após irmos lá com a polícia nos questionaram por telefone se tínhamos alguma suspeita deles, as pessoas parecem que não tem noção da gravidade do que está sendo aqui colocado, a falta de sensibilidade é algo que nos da repulsa. Vamos levar isso até o fim para que não ocorra nada semelhante com mais nenhuma criança, infelizmente ocorreu conosco, mas vamos fazer de exemplo, porque nenhum pai de família, nenhuma criança merece ou deve passar pelo que estamos passando”.

Finalizando D.C. relatou que todas as medidas cabíveis legais serão tomadas. “Vamos buscar pela justiça, registramos a ocorrência, temos toda a documentação, os laudos do médico perito da PC será repassado e nós vamos repassar, sabemos que o caso vai seguir em segredo de justiça, mas a justiça será feita, acreditamos nisso. Vamos ao Ministério Público, o conselho tutelar já foi notificado. Não vai bastar, após ser confirmado o delito, uma medida administrativa, isso é um crime, e sendo comprovado, os responsáveis, todos, devem ser responsabilizados pelo que ocorreu com uma criança inocente de um ano e cinco meses, incapaz de fazer mal a alguém”. Disse D.C.

Confira a documentação repassada pela família em exclusividade para o Jornal O Popular: