Calçados
Falta de matéria prima ameaça indústria, mas setor calçadista de Nova Serrana nesse momento não está em risco
Apesar da crise de falta de matéria prima que atinge mais de 70% da indústria brasileira, Sindinova afirma que indústrias de Nova Serrana não enfrentam no momento problemas para a compra de matéria-prima
No Brasil, segundo a Confederação Nacional de da Indústria (CNI), a produção de 73% das indústrias e 72% da indústria da construção em fevereiro, foi atingida pela escassez de insumos e matérias-primas nacionais.
O levantamento da CNI divulgado nesta sexta-feira, dia 09 de abril, foi realizado por meio de pesquisa feita com 1.782 empresas brasileiras.
De acordo com a CNI, os percentuais obtidos neste ano, se aproximam dos números levantados em novembro de 2020, de 75% e 72%, respectivamente, fazendo com que as expectativas anteriores dos empresários, de que a normalização das cadeias produtivas nacionais se desse no primeiro semestre de 2021, fossem postergadas.
O levantamento ainda mostrou que, enquanto 37% dos industriais acreditam que a situação se normalize até o fim de junho, 42% creem que isto acontecerá no segundo semestre e 14%, somente em 2022. Cerca de 6% esperavam que a normalização ocorresse ainda em março.
Além da escassez de insumos nacionais, as empresas também estão enfrentando dificuldades em conseguir matérias-primas importadas, independente de pagarem mais caro pelos produtos. Nas empresas da indústria geral que precisam importar, em fevereiro 65% estavam com essa barreira, patamar que chegou a 79% na indústria da construção.
Segundo a CNI, as dificuldades atuais ainda são resultado das incertezas que a economia atravessou durante a primeira onda da pandemia de Covid-19 em 2020, quando muitas empresas cancelaram a compra de insumos. “A rápida retomada da economia no segundo semestre de 2020 não pode ser acompanhada no mesmo ritmo por todas as empresas, o que gerou dificuldades nos diversos elos da cadeia”, explicou a entidade.
Outro ponto que prejudicou o cenário foi a desvalorização do real frente ao dólar. De acordo com a CNI, além de elevar o custo das importações, também fez com que as exportações de insumos brasileiros se tornassem mais atrativas, levando fornecedores nacionais a redirecionar para o mercado internacional parte do que era comercializado aqui.
Industria calçadista de Nova Serrana
Diante dos números obtidos junto a CNI, este Popular entrou em contato com o Sindicato Intermunicipal da Indústria Calçadista de Nova Serrana (Sindinova), e questionou sobre a situação do setor referente a matéria prima.
Segundo o presidente do Sindinova, Ronaldo Andrade atualmente as indústrias do polo calçadista de Nova Serrana não vivenciam problemas quanto a escassez de matéria prima, mas houve um aumento nos insumos que atingiu o fabricante de calçados.
“Hoje, as indústrias calçadistas do Polo de Nova Serrana não enfrentam problemas para a compra de matéria-prima. No entanto, houve sucessivos aumentos nos preços dos insumos. No ano de 2020, o registro foi de 40% de aumento. Nos primeiros meses deste ano, estimamos que o índice de aumento foi superior a 10%”. Disse Ronaldo.
O Presidente do Sindinova seguiu apontando que atualmente a dificuldade quanto a matéria prima não é presenciada pela indústria, mas sim pelos fornecedores da indústria, que vem enfrentando problemas principalmente com a petroquímicas.
“O problema não são os nossos fornecedores, mas os fornecedores de nossos fornecedores, principalmente, petroquímicas. A Petrobras vem puxando esses preços para cima e praticando aumentos todos os meses”. Explicou Andrade.
Por fim, mediante aos problemas de custo da matéria prima, o presidente do Sindinova ressaltou que economia e sustentabilidade é a principal orientação dada pelo Sindicato a seus associados.
“O que aconselhamos aos empresários é aproveitar melhor a matéria-prima fabricando produtos com maior valor agregado, porém esta estratégia também esbarra na questão do poder aquisitivo, já que os consumidores vêm perdendo o poder de compra. O mais sensato, neste momento, é balancear e procurar entender o mercado”. Finalizou Andrade.