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EXTRA! EXTRA! EXTRA! É O FIM DA NOTÍCIA EXTRA!

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Entre algumas poucas coisas boas de voltar a morar em Belo Horizonte está o resgate de antigo hábito de frequentar as bancas de revistas espalhadas pela cidade, uma rotina impossível em Nova Serrana nos dias atuais.

Eu sempre questionei muito, que numa cidade progressista, com um aumento substancial da população em tão pouco tempo, não ter uma destas maravilhas, que reputo como um verdadeiro “play ground” para quem gosta de leituras variadas ou o simples acesso às notícias do dia foleando páginas de um jornal impresso qualquer.

Para mim, a tecnologia não apagou este prazer de conversar com o “jornaleiro”, dono da banca, correr os olhos em ou publicações variadas, folear livretos de palavras-cruzadas, ver as capas de revistas fumando um cigarrinho picado de palha por alguns bons minutos.

Hoje fiz uma caminhada de 6 km e na volta passei naquela banca instalada na Praça Cavalline próxima de onde moro atualmente.

Durante uma conversa despretensiosa e comentando sobre os estragos causados pelas fortes chuvas que castigaram a cidade ouvi o lamento do dono da banca.

Confesso que jamais pensei em ouvir tal comentário.

Disse o amigo, que ultimamente tem vendido jornais “a quilo”, pois as pessoas compram jornais diários para servir de banheiro para seus pets.

Ouvi ele falar sobre as mudanças de hábitos que o jornaleiro teve que adotar para esconder revistas que faziam a alegria dos adolescentes mostrando as beldades femininas nuas em poses sensuais.

Na sua banca não existe mais álbuns de figurinhas, edições especiais de revistas especializadas e nem a exposição das manchetes do dia normalmente colocadas como destaque para atrair leitores.

A sobrevivência da banca, como negócio, não existe mais e o legado de “mensageiro” das notícias do dia sucumbiram frente as redes sociais e mídias alternativas.
Não sou uma pessoa saudosista, mas a favor da modernidade, da evolução dos costumes, das novas tendências… Mas não posso deixar de expressar minha tristeza pelos motivos causadores desta transformação.

Um dos comentários do jornaleiro foi sobre o rigor da fiscalização dos órgãos municipais, que alegando cumprir a lei ou decreto de grande estupides, exige que várias publicações sejam escondidas da visualização pública, em destaque, revistas tidas como pornográficas, como se crianças, jovens e adultos não pudessem acessá-las pela internet. Na minha adolescência esse tipo de publicação era de desenho caprichosamente feitos por um artista anônimo e motivo de segredos maravilhosos e euforia total entre a meninada.

As atuais são publicações bem elaboradas, com fotos profissionais e selecionadas que estão fadadas ao anonimato por pura hipocrisia das entidades moralistas em defesa da criança e adolescência, algumas ferrenhas defensoras da igualdade de gêneros.

Outra questão estranha vem da parte das empresas jornalísticas, que diminuíram o número de páginas em suas edições, mas colocaram jornais cuidadosamente empacotados, para a venda como sanitário para cachorros e gatos.

Mudança dos tempos?

Talvez!

Adequação social?

Talvez!

O certo é que ainda sentiremos saudades do hábito salutar de visitar as bancas de jornais e revistas, seja para poucos momentos de relaxamento ou de convivência natural entre as pessoas. Um triste fim do que poderia ser o início de muitas boas notícias.

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