Calçados
Exportações de calçados de MG fecham o ano com expansão de 44%
Em 2022, montante somou US$ 41,5 milhões contra US$ 28,8 em 2021; empresas alcançam maior nível de qualidade; quase a totalidade das exportações partiram do polo de Nova Serrana
As exportações do setor calçadista mineiro somaram, no ano passado, US$ 41,523 milhões. O valor dos embarques foi 44% superior ao apurado em 2021 (US$ 28,832 milhões) e 121% maior que em 2019, ano pré-pandemia (US$ 18,865 milhões). Os produtos foram negociados com 73 países, sendo pelo menos um em cada continente. O destino principal foi a Argentina, cujo montante apurado representou 30% do total no período.
O levantamento foi feito pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, com base nos dados do Comex Stat, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Entre os itens vendidos, o destaque ficou com calçados de borracha ou plástico, com parte superior em tiras ou correias, com saliências (espigões) que se encaixam na sola (US$ 20,902 milhões). Logo na sequência aparecem calçados para esporte; para tênis, basquetebol, ginástica, de matérias têxteis, com sola de borracha ou plástico (US$ 18,619 milhões).
NOVA SERRANA
Quase a totalidade das exportações partiram do polo de Nova Serrana, na região do Centro-Oeste do Estado. O presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Ronaldo Andrade Lacerda, destaca que as vendas externas do polo aumentaram nos últimos anos. Segundo ele, os embarques anuais saltaram de cerca de US$ 12 milhões em 2019 para mais de US$ 36 milhões em 2022.
“O principal motivo do aumento das exportações do nosso polo é realmente que as indústrias têm alcançado níveis de qualidade de produto muito superiores ano a ano. Na verdade, com a pandemia, o encarecimento dos insumos foi muito grande e as empresas tiveram que aumentar os seus produtos. Mas para elas aumentarem, tiveram que fazer novos produtos, com melhor acabamento, melhor design, mais conforto, e tiveram que fazer produtos que tivessem mais valor percebido e ao fazerem isso estão ganhando mais mercado”, explica.
Outro ponto que ajuda a entender o salto de mais de 200% nas exportações de calçados entre os períodos foi a dificuldade de fornecimento da China. Conforme Lacerda, o polo encontrou um mercado “lá fora” que precisava de novos fornecedores e os países que assim necessitavam, viram Nova Serrana como um “excelente parceiro comercial”.
Ainda de acordo com o presidente do Sindinova, o canal de vendas externas é positivo para toda a cadeia produtiva, pois são pedidos de maior volume e pagos, normalmente, à vista. Assim, há um aumento na produção e no fluxo de caixa, fazendo com que as indústrias possam empregar mais e fomentar o desenvolvimento local. Para este ano, a expectativa dele é que os embarques do polo cresçam 20%.
Prospecção de clientes
Embora o foco da Luiza Barcelos, fábrica de calçados e bolsas femininas, seja o mercado interno, a empresa vem intensificando os trabalhos para buscar novos clientes fora do Brasil. Quem afirma é o sócio-diretor da companhia, Luiz Barcelos. Segundo ele, os resultados colhidos ainda não são os desejados, mas já são significativos se comparado a outras épocas.
“No ano passado, tivemos um crescimento até razoável. Nós já temos alguns parceiros desenvolvidos no Paraguai, Bolívia, Portugal, Itália e a gente intensifica nosso trabalho de prospecção de clientes em bastantes feiras. Então realmente colhemos resultados, ainda não são os resultados esperados para os nossos objetivos finais, mas já tivemos um crescimento muito robusto em relação aos anos anteriores”, ressalta.
Barcelos salienta que a demanda externa da empresa aumentou, mas em função da prospecção realizada, e não da busca direta dos importadores. Uma das movimentações da companhia foi retornar à Micam Milano, uma das mais tradicionais feiras de calçados do mundo. Além disso, houve contratação de uma pessoa para ficar dedicada exclusivamente à área de exportações.
Por Thyago Henrique