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Exportações caem pelo 7º mês consecutivo; compras da Ásia afetam calçados de Franca

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Créditos: Arquivo/GCN

Para o presidente do Sindifranca, “a extrema burocracia e a hipocrisia da caneta tributária” são fatores que interferem no andamento da indústria de forma crucial.

Dados divulgados recentemente pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que as importações de calçados da Ásia para o Brasil dispararam, afetando a industrial nacional e, consequentemente, o polo calçadista de Franca. Com informações de GCN.

De acordo com os dados do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca), as exportações de calçados deste mês de agosto/2023 tiveram uma queda, resultando em US$ 7.614.979,00, cerca de 1,9% a menos que no mesmo mês em 2022, quando Franca exportou  US$ 7.762.680,00.

De janeiro até agosto deste ano, Franca exportou US$ 49.505.893,00, uma queda de 17,7% comparando ao mesmo período de 2022 (US$ 60.117.515,00).

“Em 2022 vínhamos recuperando espaços perdidos no mercado internacional. Mas a queda de 2023 está sendo mais acentuada e constante do que se previa e isso preocupa os calçadistas”, afirma José Carlos Brigagão do Couto, presidente do Sindifranca.

Segundo o Sindicato, um dos principais motivos para a queda nas exportações dos calçados de Franca está também no desaquecimento da economia internacional, principalmente dos Estados Unidos, principal destino de calçados, impactando de forma negativa os últimos embarques.

Outro ponto que tem impacto direto para o setor calçadista de Franca é que estão sendo importados calçados modelos NCM 6403, feitos com cabedal de couro, o que gera uma competição com a produção do polo de Franca que fabrica esse tipo de calçado.

Para o presidente do Sindicato, “a extrema burocracia e a hipocrisia da caneta tributária” são fatores que interfere no andamento da indústria de forma crucial.

“A insegurança jurídica, você não sabe o que vai acontecer amanhã cedo. Hoje nós estamos com a legislação, amanhã cedo, amanhã está com outra. E tem a retração no mercado externo e a retração do Brasil, no nosso mercado, tanto mercado interno e mercado externo”, comenta Brigagão. Ele acredita que a tendência é Franca andar para um rumo que fique de longe de alcançar os números expressivos que já foram registrados nas exportações.

Empresário do ramo de exportação, Paulo Henrique Figueiredo descreve que esse cenário é totalmente desfavorável para a indústria brasileira. “Porque obviamente entrando sapatos de fora, nós deixamos de produzir aqui, deixamos de gerar empregos e quando a gente importa sapatos, a gente está mandando dinheiro do Brasil para outros países e o interessante é o contrário, a gente fazer a produção aqui, exportar e receber o pagamento em dólares, receita vindo de fora. E de fato, o que está acontecendo na atualidade é, depois da pandemia, em 2022 esteve bom, foi excelente para as exportações de calçados, porque todo mundo comprou, reabasteceu suas lojas e agora, em 2023, com essa crise mundial, com essa recessão mundial, as pessoas estão com os sapatos ainda de 2022 em estoque, e não estão comprando”, comenta Paulo Henrique.

Ele finaliza acreditando que o número de quedas nas exportações deve estar abaixo de 35% a 40% se comparado ao que foi exportado no mesmo mês de 2022, quando analisa os dados do Sindifranca.

Levantamento do Abicalçados descreve aumento para Ásia

O levantamento demostra que de janeiro a agosto deste ano as importações de calçados aceleraram. Segundo a Abicalçados, somente no mês de agosto entraram no Brasil 2,26 milhões de pares de calçados, na qual foram pagos US$ 42,75 milhões, o que representa um incremento de 62% em volume e de 42% em receita no comparativo com o mesmo mês de 2022. Já no balanço geral dos oito meses, as importações somaram 21,18 milhões de pares e US$ 316,53 milhões, incrementos de 15% em volume e de 35% em receita na relação com o mesmo período do ano passado.

A Associação afirma que atualmente 8 em cada 10 calçados que entram no Brasil são da Ásia e que esse movimento das importações afeta a industrial nacional porque muitas vezes são comercializados com preços abaixo dos praticados no mercado.

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