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Estudos apontam causa de terremotos em Divinópolis

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Nas últimas semanas os tremores em Divinópolis têm chamado a atenção das pessoas. Houve inclusive, registro de 16 terremotos em um intervalo de seis dias. O número, entre os dias 10 e 19 de janeiro, subiu para 29 tremores registrados.

Os eventos foram computados pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP). As magnitudes variaram entre 1.6 e 3 na escala Richter e são consideradas leves, gerando mais preocupação do que, necessariamente, danos para a população. As informações são dos jornais Estado de Minas e jornal da manhã.

Um estudo feito pelo Centro de Sismologia aponta como sendo o epicentro, o Bairro Candidés. Moradores da região, incluindo os bairros Icaraí e Lagoa dos Mandarins, relataram sentir as casas tremerem, além de terem ouvido fortes estrondos. Pelo menos 500 relatos foram enviados por cidadãos à USP por meio do link “Sentiu aí?”.

O levantamento também mostra que todos os tremores estariam ocorrendo em uma única fratura da crosta superior. A série atual teria causa natural, sendo descartada assim, a interferência de pedreiras e barragens.

O Centro de Sismologia afirma não existir técnica comprovada que permita prever a evolução da sismicidade. São raros os casos em que os tremores aumentam em frequência e magnitude a ponto de causar danos sérios. “Mas não se pode descartar totalmente esta possibilidade. No entanto, a chance de danos maiores é remota”, esclarece.

CAUSAS DESCARTADAS

Segundo o estudo, embora o reservatório de Carmo do Cajuru, localizado a 20 quilômetros de Divinópolis, já tenha registrado atividade sísmica na década de 1970, a distância entre o município e o epicentro descarta possibilidade de relação, assim como a Usina do Gafanhoto, a 2,5 quilômetros.

Outra possibilidade, descartada, é o impacto causado pela exploração em pedreiras. Os poucos casos são de extração de enormes quantidades de rocha deixando uma cava com mais de 100 metros de profundidade. Neste caso, os focos dos sismos estarão também logo abaixo da cava ou nas suas beiradas.

“Os tremores de Divinópolis estão longe das pedreiras Dibrita (2.2 km) e MBL (3.4km). Portanto, pode-se também descartar a possibilidade de efeito das pedreiras mencionadas”, afirma.

O estudo também tratou como “muito remota” a possibilidade e relação com as chuvas intensas das últimas semanas, já que não houve relatos em outras regiões do estado. Para descarte total, seria necessário acompanhamento por alguns anos para verificar a evolução das atividades sísmicas e observar o comportamento também em períodos de estiagem.

O estudo traz que a ativação de falhas geológicas locais ou a acomodação de massas e blocos de rochas em profundidade são fatores que podem contribuir para a ocorrência de sismos naturais de pequena dimensão e magnitude reduzida.

“Forças e tensões compressivas e extensivas naturais que atuam no interior da crosta terrestre, e acumulam-se ao longo do tempo, são, provavelmente, os agentes que engatilharam a o evento observado em Divinópolis”, explica o diretor técnico de Geologia da Geocontrole, Guilherme de Freitas.

Sismos de magnitude 3,0 são comuns no Brasil e em Minas Gerais. O estado já presenciou sismos de magnitudes bem maiores, como os de São Francisco, em 1931, e o de Itacarambi, em 2007, no Norte do estado, ambos com magnitudes 4,9.

Em Divinópolis, o último até então registrado havia sido em 1990, com magnitude de 2.8.

Para o diretor técnico de geologia não há motivo de preocupação. “O nosso país está no interior de uma grande placa tectônica, denominada placa Sul Americana. As regiões do nosso planeta mais propensas a sofrerem com terremotos e/ou sismos naturais são as localizadas nas proximidades de limites entre placas tectônicas, como os países Andinos na América do Sul (Argentina, Peru, Colômbia, Chile, etc.), o que não é o nosso caso”, explica.

O alerta é para as edificações irregulares ou com fragilidades. “É importante, contudo, se manter o monitoramento constante de áreas de alto ou muito alto risco geológico-geotécnico, assim como de estruturas edificadas que apresentam algum nível de alerta”, alerta.

Nestes casos, onde há um risco associado já identificado, sismos naturais, mesmo que de intensidade reduzida, podem ser o gatilho para a ocorrência de outros problemas maiores.

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