Colunistas
Estamos confinados e não condenados!
Nem lembro quando tudo isso começou. Sei apenas, que os noticiários começaram a falar do assunto de uma hora pra outra e não pararam mais.
No início vi ironias e brincadeiras, como nossa natureza de brasileiros debochados nos permite. Chegaram a dizer, que Batman estava sem o cinto de utilidades e agora era um morcego chinês, velho e maluco o grande sucesso das manchetes em todo o mundo.
Me sinto estranho estando tanto tempo em casa, ligando para amigos, colegas de trabalho e meus clientes, sem ter o que dizer além do “cuide-se”. De frequentador analógico da internet estou me tornando um internauta moderado. Antes eram desejos da volta à normalidade. Agora é a certeza de que ela nunca virá como a conhecíamos.
Vejo minha mãe de 90 anos receber o mesmo tratamento, que minha neta de apenas 4 meses recebe e as duas, cada uma na sua forma ingênua e desinformada estão adorando a situação. Sou testemunha das torcidas distorcidas de pessoas nas redes sociais, cada uma agarrada em conhecimentos amarrotados na estupides. Uns desejando que a pandemia confirme as previsões de uma catástrofe comum nos filmes de ficção cientifica, outras apenas ignorando a gravidade da situação se prendendo ao dinheiro a qualquer custo e sacrifício.
Os indicadores mostram estabilidade dos níveis de contágio. Opiniões baseadas em informações pessimistas já preveem o pior, ou seja, não vai ter buraco pra enterrar todo mundo. Mas o fato é o que vejo pela janela todos os dias: céu azul, nuvens brancas, clima ameno, ruas vazias, pessoas cautelosas e outras usando máscaras sem assaltar ninguém.
Muita coisa está mudando com a COVID 19. São transformações profundas que ninguém vê, mas já fazem parte da nossa vida. Mas o medo encontrou aqui terreno fértil e isso faz com que as mentes mais esclarecidas se tornem mais obtusas. Parece que querem medir as consequências do coronavírus com uma fita métrica e a coisa não é tão simples assim.
Eu, por exemplo, estou em três filas do desespero: sou cardíaco, tenho mais de 60 anos e sou hipertenso. Fora estas qualificações, ainda sou fumante e distraído ao extremo. Mas o sucesso das medidas orientadas e espontâneas já criam expectativas para voltarmos para nossas vidas como se nada tivesse acontecido. Como se tivéssemos vivido um grande equívoco e umas férias forçadas.
Acho que temos a sabedoria de quem sabe esperar. O carteado, o pão de queijo assado, o café cheiroso, a algazarra da meninada em casa, as faxinas sempre adiadas, a higiene constante e necessária estão nos ensinando muitas coisas esquecidas pela correria do dia a dia.
A ausência de alternativas comuns estão nos fazendo pensar mais e fazer novas escolhas e isso sim, é uma revolução nos nossos costumes. Então, que a COVID 19 seja entendida como o ponto inicial para as mudanças e não o ponto de chegada, como querem muitos.
Que esse seja apenas o primeiro passo da caminhada para as transformações pelas quais estivemos cegos por tanto tempo. Que a solidariedade seja mais importante do que o conhecido “tempo é dinheiro”. Ouvi durante a vida, que Deus escreve certo por linhas tortas. Tenho certeza, que Ele é muito melhor escrevendo por linhas retas.
Podemos estar aprendendo a lição, porque os nossos erros possivelmente não se repetirão. E isso implica em ser mais consciente e menos partidário e político, porque a eles caberia um confinamento por condenação.
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