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Sarau Literário

Eso no existe

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  • Por Reinaldo Santos

A nossa boa (nem tão boa assim) e velha política tupiniquim sempre nos surpreende, para bem ou para mal, isso é comum e todos já se acostumaram. O que é um erro. No entanto, por vezes nos surpreende de forma neutra, nem bom, nem ruim, mas de forma curiosa. Como o caso da deputada Joice Hasselmann que apareceu com múltiplos e misteriosos hematomas.

Nada de novo, não fosse o fato da ausência de justificativa para tais ferimentos por parte da própria. Pois bem, tal seria um prato cheio para que se levantassem as mais variadas possibilidades. Embora eu mesmo tenha ouvido poucas: carro batido, briga com o marido, nesse caso, ela mesma disse que seria mais fácil ela baixar o cacete nele que o contrário.

Acredito que pouco se especulou sobre o caso devido aos posicionamentos de direita e esquerda, essas coisas. Quem é da turma oposta evita falar sobre pena de ser covarde, insensível e usar qualquer motivo para o ataque, quem é da situação, bom, certamente acha melhor evitar.

A verdade é que, no caso dela, eu não saiba dizer se é de direita, esquerda ou ao lado.

Pois bem, isento que sou, não preciso de meios caminhos. Embora há algum tempo eu tenha lido em um grupo de Whatsapp bem popular, que os isentões têm o lugar garantido no reino de satã. Não lembro quem cunhou a teoria. Mesmo correndo tal risco, prefiro expor o pensamento acerca de tal fato à luz da isenção.

O interessante desse caso é não ser um fato raro. Os mais experientes no mundo político lembrarão que também o ex-deputado Roberto Jefferson, quando pivô do mensalão, apareceu na câmara com um tremendo olho roxo. No caso dele, não acreditaram foi na justificativa do mesmo: “caiu um armário sobre mim.”

Diziam à época, que era conversa de quem apanhava da mulher em casa. Também Anthony Garotinho, ex-governador do RJ, durante sua estadia na pensão dos inocentes, apareceu com roxos pelo corpo, alegando ter sido espancado.

Por sua vez, foi acusado de autolesão em busca de benefícios. Na justiça, Dias Toffoli também apareceu com marcas no rosto, mas sem questionamentos, informou ser tratamento para uma lesão em decorrência de um acidente doméstico.

Já devem imaginar que estou, a esse ponto, questionando o que diz a nobre deputada, quando desconhece a causa do ocorrido consigo. Ledo engano, maldosos leitores. Não sei quanto a vocês, mas eu acredito nela, sim, verdade.

Eu mesmo conheci, na minha infância, um vivente que vez ou outra, depois de ir dormir na cama quentinha e bem arrumada, acordava nu, deitado na calçada. Mesmo sendo adepto de uma água destilada, sempre garantia não ter feito uso da mesma.

Lembro-me também de um caso que minha mãe contava, de uma prima ou parentesco nesse nível, que acordava durante a madrugada, se aprontava, pegava o saco de milho, colocava nas costas e partia rumo ao engenho para fabricar fubá. Aqui um caso claro de sonambulismo.

Bem que tal caso pode ser o mesmo da Joice. Sim, imaginem se ela tomou algumas taças de espumante a mais (no caso dela, espumante, pessoa fina) saiu e num bar qualquer topou com o Ciro e por deslize o chamou de Coronel?

Bem que poderia ter tentado tomar a garrava do seu Luiz. Ou quem sabe ainda em outro bar, topou o Messias e na empolgação, chamou-o de estuprador ou de corno? Em qualquer dessas hipóteses teria tomado algumas pancadas de direita e esquerda.

Mas o mais plausível para mim, é uma história também dos anos 1990, em que um suposto ufólogo, chamado Urandir Fernandes (que tinha a cara do Aécio Neves) tomava o tempo de quem não tinha internet (ainda não existia, na verdade) naqueles programas da tarde, explicando coisas e teorias sobre E.T‘S e seus planos para a humanidade.

Entre as histórias que contava (a maioria para boi dormir) havia alguns eventos de abdução. Os seres, que segundo ele, eram verdes, baixinhos e muito evoluídos em conhecimento, abduziam as pessoas e faziam experimentos; abriam, cortavam, implantavam chips e depois devolviam a seus devidos lugares. Ao voltarem os humanos ficavam alheios a tudo, somente o Urandir sabia sobre isso.

Há poucos anos vi em um programa humorístico ressurgir o tal ufólogo. Dessa vez ele apresentava, no meio de um mato, o ET Bilu. Ser que somente ele conhecia e falava escondido atrás de um arbusto. O ET Bilu estava sozinho na terra e dizia que tinha mais de quatro mil anos. Pedia as pessoas para buscarem conhecimento.

Está aí uma possível explicação, já que o ET estava na terra, nem mesmo de abdução ele precisaria, teria feito o rapto na maior tranquilidade. Nem sei de qual planeta seria o Bilu, mas se for mesmo ele o responsável, explicaria boa parte das coisas lunáticas que presenciamos na terra.

  • REINALDO SANTOS é Gerente Comercial, Professor de Língua Portuguesa e Literaturas

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