Colunistas
Escolher é renunciar
O parlamentarismo virtual é muito interessante. De canto a canto do país temos grupos de debate com os mais variados vieses: esquerda, direita, oposição, situação, etc. Mas pouquíssimos conseguem estabelecer uma discussão pacífica, isenta e voltada à consecução de políticas públicas de interesse geral.
O que vemos, na maioria das vezes, são indivíduos isoladamente, e em conjunto, buscando a construção ou destruição da imagem de determinados agentes políticos, com claros interesses pessoais, seja para a corrida eleitoral, favorecimentos presentes e vindouros ou para a manutenção de sua “vaguinha” no poder.
Bom seria se essa mesma disposição à crítica fosse canalizada para a realização de variados projetos sociais, muitos deles, não executados pela própria gestão. Ou se simplesmente, a argumentação posta em um espaço virtual fosse materializada em denúncias reais, assinadas e apresentadas às autoridades competentes, para que saiam do campo da crítica pura e simples e alcancem o real objetivo da militância ou engajamento político-social.
O mais curioso é que os agentes que realizam esse tipo de atividade, ou seja, a denunciação às autoridades competentes ou a própria sociedade, na maioria das vezes são ferozmente atacados pelos detentores do poder e seus apaniguados. Mal compreendidos, realizam aquilo que a sociedade cobra, mas que ao mesmo tento considera como pouco efetivo, especialmente pela ineficiência da legislação e dos instrumentos de sanção e punição.
Com o suceder dos dias, reflexões são inevitáveis, e vez ou outra, reflito sobre minha postura não somente como parlamentar, mas como cidadão e agente de mudança. E diante das alternativas que se apresentam, escolho ser fiel à própria consciência. Mas ao recomendar essa mesma postura aos demais, uma coisa deve ser bem registrada, toda escolha envolve renúncia.
Ao escolhemos um caminho, abrimos mão de outro. Isso é inevitável. Não há como defender a dois senhores. Não há como receber o “dá cá” sem oferecer o “toma lá”. Então, tome-lhe consciência. Não preciso do “dá cá”, portanto, nada de “toma lá”.
Todo agir deve ser calcado em princípios e a consciência é norteada por eles. Sendo que o agir em desconformidade com determinados princípios, segundo a opinião alheia, não quer dizer que você não os possua, mas que diante de um choque de princípios, um deles fez-se prevalecer, seja pela consciência ou pela emoção do momento. Lembremos: toda escolha envolve renúncia.
Não tenho problemas com adjetivos, mas não gostaria nunca de ser taxado como “Maria vai com as outras” ou como “Picolé de Chuchu”. Certamente seria mais bem visto e quisto por determinados agentes. Porém, não atenderia aos interesses pessoais ligados à consciência, visto que os interesses coletivos, sociais e difusos mais importantes, embora não muito reconhecidos, alimentam essa mesma consciência.
A renúncia é uma escolha. Renunciamos aquilo que valorizamos menos, mas em função daquilo que consideramos como sendo o mais importante, não somente para nós, como para as pessoas que nos cercam.