Diante da epidemia de dengue e chikungunya vivida atualmente em Minas Gerais, muitas pessoas ainda têm dúvidas em relação às diferenças entre as duas doenças. Nesta segunda-feira (27), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), destacou que o surto das enfermidades é preocupante, o que demanda uma série de medidas. Ficar atento aos sintomas é uma das ações importantes.

Conforme informações da Secretaria de Estado de Saúde, os sintomas da dengue envolvem febre (na maior parte dos casos, acima de 38ºC, com duração de 2 a 7 dias) e dores em várias partes do corpo, como musculares, nas articulações, na cabeça e atrás dos olhos. O paciente ainda pode apresentar vômitos, diarreia e erupções cutâneas vermelhas.

A chikungunya, por sua vez, tem duas fases, ainda conforme a Secretaria de Estado de Saúde: uma aguda, que dura de 5 a 14 dias, e uma pós-aguda, que pode durar até 3 meses ou mesmo se tornar crônica. Na fase aguda, o paciente também tem febre (acima de 38,5ºC, ou seja, costuma ser mais alta do que nos casos de dengue), além de dores nos músculos, articulações e na cabeça (atrás dos olhos não é comum). Outro sintoma que ajuda a diferenciar a doença é a fadiga (veja a lista completa abaixo).

Números

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) confirmou duas mortes por chikungunya em boletim divulgado na última terça-feira (21), o último disponibilizado. De acordo com a atualização, um óbito ocorreu em Montes Claros, no Norte de Minas, e outro em Ponte Nova, na Zona da Mata. Para comparação, em todo o ano de 2022, não foi registrada nenhuma morte pela doença.

Já em relação à dengue, o boletim da SES-MG de 21 de março mostra que Minas Gerais registrou quatro mortes por conta da doença, totalizando 13 óbitos neste ano. Já os casos cresceram 41%, passando de 25.265 para 35.678.

Tratamento e diagnóstico

Segundo especialistas, não há um tratamento específico, nem para a dengue, nem para chikungunya, portanto a assistência é só de suporte. “Busca a prevenção das complicações das doenças”, explica Renato Kfouri, pediatra infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

Segundo José Geraldo Leite Ribeiro, epidemiologista e professor emérito da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, o maior risco está no quinto dia da infecção pela dengue. “É quando pode acontecer a síndrome do choque, em uma fase em que às vezes a febre diminui, e o paciente acha que até melhora. Por isso, o pronto atendimento deve sempre marcar retorno para quando a febre diminuir”, detalha.

O especialista explica que essa síndrome do choque acontece quando a pessoa começa a perder líquido de dentro dos vasos sanguíneos para o tecido. No entanto, com o atendimento qualificado, seguindo os protocolos recomendados pelo Ministério da Saúde, é possível identificar esses riscos e aplicar o tratamento adequado.

Dada a maior gravidade dos casos de dengue, José Geraldo afirma que, durante uma epidemia, os diagnósticos laboratoriais têm menor importância. “O que é importante é o diagnóstico clínico. A sorologia de dengue só positiva lá para o décimo primeiro dia da doença e o teste rápido falha em até 40% dos casos, dando falso negativo. Em caso de dúvida, é seguido o protocolo de dengue, porque é a que tem um risco muito maior de morte”, detalha.

Combate ao mosquito ainda é principal medida

Para os especialistas, impedir que o Aedes aegypti se reproduza ainda é o caminho mais eficiente para controlar a epidemia. O epidemiologista José Geraldo trabalhava na Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais quando o Estado registrou o primeiro caso de dengue, há mais de 20 anos. Até hoje, ele espera que, em algum momento, haja uma mudança na atitude.

“A gente sempre tem a esperança que nós todos tomemos lição desses momentos graves e cuidemos de nossas casas, para que o Aedes não se reproduza. A fêmea do mosquito busca picar alguém por no máximo 200 metros, então, em geral o problema está na casa da pessoa ou de um vizinho muito próximo. Mas, depois que já começou a epidemia, os mosquitos já estão voando, então o que tem que focar é em atender as pessoas”, avalia.

O infectologista Renato Kfouri concorda que as medidas de controle individuais são importantes, mas destaca que é essencial também a atuação do poder público. “É preciso que o governo promova o saneamento básico, remova os lixões. Qualquer estratégia de controle do vetor tem falhado, por isso metade de população mundial vive em zona de risco”, diz.

Veja os sintomas da dengue e chikungunya, de acordo com a SES-MG

Dengue

  • Febre (geralmente acima de 38°C, de início abrupto e duração de 2 a 7 dias)
  • Dores musculares, nas articulações, na cabeça e atrás dos olhos
  • Vômito
  • Diarreia
  • Erupções cutâneas vermelhas pelo corpo

Chikungunya

  • Febre acima de 38,5ºC
  • Dores musculares, nas articulações e na cabeça
  • Fadiga

Obs.: Depois da fase aguda, há a pós-aguda, que pode durar até 3 meses com alguns sintomas. Há a possibilidade ainda de tornar-se crônica.

Veja dicas do Ministério da Saúde para combater as doenças

  • Evite água parada
  • Esvazie garrafas
  • Não estoque pneus em áreas descobertas
  • Não acumule água em lajes ou calhas
  • Coloque areia nos vasos de planta
  • Cubra bem tonéis e caixas d’água