Administração
Economista aponta que economia nacional está travada por falta de investimento
Em uma avaliação realizada no dia 11 de abril, durante o evento Análise de Cenários, promovido pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), em Novo Hamburgo/RS, o palestrante, doutor em Economia Marcos Lélis, disse que a economia brasileira perdeu a “capacidade de arranque” e que o problema é mais estrutural do que conjuntural.
Segundo o economista apesar das expectativas positivas geradas pelo novo governo, a economia ainda não reagiu de forma efetiva, com índices de desemprego e inadimplência elevados. “Estamos andando de lado há cinco, seis anos. Os investimentos, tanto públicos quanto privados, estão nos mesmos patamares de 2008 e 2009 ”, disse.
Segundo Lélis, a situação não irá mudar sem uma transformação estrutural, com mais investimentos, especialmente por parte do setor público. O economista aponta que Os investimentos públicos vêm caindo de forma mais elevada do que o privado. “Em quatro anos, de 2014 a 2018, essa queda ultrapassou 52%”.
Além do investimento, a retomada econômica passa ainda pelo consumo, que está estagnado em função do desemprego elevado – mais de 12%, sendo que, considerando o subemprego, esse índice sobe para 24% –, e pelo aumento do endividamento das famílias, já em mais de 62%.
Lelia aponta que “Hoje, 88% da produção industrial brasileira é consumida no mercado interno, então se não houver recuperação dessa demanda dificilmente teremos resultados positivos”, frisou o economista, acrescentando que esta vem registrando quedas há oito meses. “Estão nos vendendo que a Reforma da Previdência vai resolver todos esses problemas e não vai”, reforçou.
Mesmo com o cenário ainda desaquecido, Lélis ressaltou que o PIB brasileiro deve crescer 1,1% no ano corrente, com o consumo fechando com incremento de 1,9%. “Lembrando que temos uma base de comparação muito deprimida, de 2018, e que a média história de crescimento do PIB brasileiro nos últimos 20 anos foi de 2,3%. Ou seja, estamos longe de recuperar as perdas, especialmente as dos anos de 2016 e 2017, quando a queda acumulada do PIB chegou a quase 8%.
Varejo
As mudanças e soluções para o varejo de calçados também estiveram em pauta no evento, com apresentação de um novo espaço da Francal e uma conversa com o diretor da Associação Brasileira dos Lojistas de Calçados e Artefatos (Ablac), Imad Esper, e com o especialista em varejo, César Duro.
Atenta às demandas do novo consumidor, e consequentemente do novo varejista, a Francal Feiras apresentou o espaço 100% Varejo, que será destinado aos visitantes na próxima feira. Neste espaço, de dois mil metros quadrados, será destinado um amplo leque de opções para os lojistas, com exposição de tecnologias para incremento de vendas, conteúdos qualificados e desfiles da moda Verão 2020. “A expectativa é de um incremento no número de visitantes entre 40% e 50% em relação à mostra do ano passado”, projetou o diretor da Francal Fernando Ruas. A feira calçadista acontece no Expo Center Norte, em São Paulo/SP, entre os dias 3 e 5 de junho.
Na conversa com varejistas, mediada pelo presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, foram destacadas as mudanças no perfil do consumidor, que devem ser acompanhadas pelo varejo atual. Segundo Esper, existe uma transformação nos modelos de negócios que precisa ser acompanhada, especialmente no que diz respeito à utilização de tecnologias de Inteligência Artificial para conversão de vendas.
O evento Análise de Cenários foi uma promoção da Abicalçados e da Assintecal, com parcerias da Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Couro e Artigos de Viagem (Abiacav), Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq) e Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), com apoio da Francal Feiras.