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“E se acontecer, vão ressuscitar minha filha?”, pergunta mãe aflita com ameaças

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Mães de alunos protestaram em frente à Escola Municipal Lucia Viana Paiva, em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte — Foto: Arquivo Pessoal

Mães se reuniram em frente a uma escola em Santa Luzia, na Grande BH, para protestar e pedir mais segurança

Um policial armado dentro da escola. Essa é a única medida que um grupo de mães de alunos da Escola Municipal Lucia Viana Paiva, em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, acredita ser suficiente para tranquilizá-las quanto à segurança de suas crianças e jovens. Em um protesto na frente da portaria do colégio nesta quinta-feira (13), as mulheres denunciaram o sentimento de medo após recentes ameaças e ataques em instituições de ensino no Estado e em todo o país.

“Meu filho estuda aqui e há dois dias ele não vem para a escola. Semana que vem também não vou mandá-lo. Tem segurança dentro, mas ele não está armado. Estou muito preocupada, se acontecer alguma coisa, não vai ter um responsável”, disse uma das mães do grupo para um vídeo gravado durante o protesto. No mesmo registro, outra mulher também diz se sentir insegura. “Não tem policiamento hora nenhuma. Falam que tem, mas eu moro na rua e não vejo. Prefeito está esperando acontecer um massacre? Se acontecer alguma coisa, vão ressuscitar minha filha?”.

O protesto foi organizado por mensagens no whatsapp entre as mães. A administradora do grupo, Marcele Cristina de Faria, de 38 anos, conta que não há uma ameaça específica para a escola, mas circula a informação de um possível ataque em Santa Luzia no dia 20 de abril, daqui há uma semana. “Não foi feita uma ameaça direta para a escola, mas a gente fica apreensiva com tudo o que está acontecendo, diz que foi pichado o muro da Escola Geraldo Teixeira Da Costa, aqui na cidade, falando de um ataque no dia 20”, conta.

De acordo com Marcele, a Polícia Militar informou que apreendeu os adolescentes que estavam assustando a cidade. “Falaram que eles foram apreendidos, mas tenho medo de acreditar. Todos nós vimos o que aconteceu naquela creche em Santa Catarina. Pode ser mentira ou não pode”, continua. Apreensiva, a mãe do Gilmar, de 9 anos, pensa em não mandá-lo para a escola no dia anunciado pela ameaça. “Meu filho é autista, ele tem dificuldade para entender uma situação de violência. Ele não conseguiria reagir, não vai poder correr e ser rápido como os outros”, diz.

Marcele também deposita a sua tranquilidade na presença de segurança armada dentro da escola. “Queremos que um guarda municipal fique um período da manhã e outro da tarde dentro da escola, assim as crianças vão estar protegidas, alguma ação vai poder ser inibida rápido”, acredita. A mãe também disse que a Polícia Militar realizou uma visita à escola nesta quinta (13), de vinte minutos.

Para especialista, agentes armados não são a única ou melhor opção

Com as recentes ameaças e ataques a instituições de ensino em Minas Gerais e em todo o país, Valéria Cristina Oliveira, pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), analisa que é normal buscar por soluções rápidas ao problema, mas o tema pede por mais cuidado.  “Essa demanda por policiamento armado nas escolas diminui um problema que não é simples. Segurança nas escolas envolve uma série de outros aspectos. Temos exemplos externos, nos Estados Unidos, por exemplo, a maioria das escolas conta com policiamento, o que não inibe que casos de ataque ocorram com periodicidade no país”, alerta.

A especialista acredita que o pânico gerado pelos últimos casos de ataque e de ameaças no país acaba desviando a atenção do real problema. “O motivo que leva alguém ou um estudante a atacar uma escola não é por falta de polícia, não é por falta de câmera de segurança, essa não é a causa”, afirma. Para Oliveira, garantir a segurança nas escolas precisa envolver ações de promoção de saúde, educação e inserção social. “É o momento de traçar intervenções para cada problema que pode levar a um ataque. Além da segurança, com o controle de acesso na portaria, por exemplo, seria interessante um sistema de garantia de direitos de saúde mental, um reforço da inclusão na educação, um ambiente de escuta para toda a comunidade escolar. Ignorar o problema não é admissível”, analisa.

Valéria Oliveira também pontua que a presença de policiais militares em todas as escolas sobrecarregaria o serviço de segurança. “Não é viável você colocar um policial ou um guarda por escola do Estado. Faltaria equipe e o restante das ocorrências nas cidades sofreriam com desfalques. Ainda teria que se olhar a troca de turnos”, afirma.

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