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Calçados

Diferenciais qualificam exportações de calçados aponta Abicalçados

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Com seus primeiros embarques no final dos anos 1960, as exportações de calçados brasileiros alcançaram um nível de excelência e hoje estão presentes em mais de 170 países. No ano passado, foram 123,6 milhões de pares embarcados, número 32% superior ao de 2020 e 7,3% maior do que 2019, ano pré-pandemia.

O resultado é significativo e demonstra a força internacional da indústria calçadista brasileira, hoje a principal fora da Ásia e a quinta do mundo em número de pares produzidos: mais de 800 milhões por ano.

Diferenciais como flexibilidade produtiva – entrega de lotes menores, de acordo com a necessidade do importador, facilidades de negociação, credibilidade, qualidade de materiais utilizados –, atributos de sustentabilidade e moda são alguns dos motivos elencados por compradores do mundo inteiro quanto à escolha de produtos verde-amarelos.

“Hoje, o calçado brasileiro é objeto de desejo nos principais mercados, especialmente na América Latina, onde temos, além de qualidade e credibilidade reconhecidas, uma similaridade cultural importante”, comenta o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira.

Segundo Ferreira, a atual posição internacional do calçado verde-amarelo não foi conquistada por acaso, foi com muita “transpiração e inspiração” das produtoras, que desde o ano 2000 contam com o apoio do Brazilian Footwear, programa de fomento às exportações de calçados mantido pela Abicalçados em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). No âmbito do programa são apoiadas e realizadas, todos os anos, feiras, rodadas de negócios, ações de promoção de imagem e ações personalizadas.

Conforme relatório da Abicalçados, 74% do valor gerado com exportações de calçados em 2021 foram por meio de embarques de empresas apoiadas pelo Brazilian Footwear .

Beira Rio: tradição e sustentabilidade
Uma das maiores e mais tradicionais indústrias de calçados do Brasil, a Beira Rio e suas oito marcas (Actvitta, Modare Ultraconforto, Beira Rio Conforto, Moleca, Molekinha, Molekinho, Vizzano e Br Sport) são reconhecidas em 95 países. Fundada em 1975, em Igrejinha/RS, a empresa deu seus primeiros passos no mercado internacional em meados dos anos 1980. Foi a partir daí que, segundo a diretora Comercial e de Marketing da empresa, Maribel Silva, “a empresa ganhou espaço no mercado, investiu no atendimento aos seus clientes e no processo de pesquisa das áreas de moda, destacando seus produtos nas melhores vitrines do Brasil e do mundo, consagrando-se como a ‘nova indústria de calçados’”.

Atualmente com uma produção de mais de 400 mil pares por dia, dos quais exporta mais de 18%, especialmente para mercados latino-americanos, a Beira Rio se destaca em atributos importantes para as exportações. Segundo Maribel, são referências no mercado internacional, a possibilidade de pesquisas de origem dos materiais utilizados, a sustentabilidade – esta reconhecida no nível máximo no Origem Sustentável, único programa de certificação de sustentabilidade da cadeia produtiva do calçado em nível internacional – e a qualidade dos materiais utilizados. “No Brasil temos uma das cadeias de fornecimento mais completas do mundo e que preza pela transparência, inovação e tecnologia, certamente um diferencial diante dos principais concorrentes internacionais”, avalia a diretora.

Associada ao Brazilian Footwear desde 2003, a Beira Rio enxerga o apoio fundamental para o incremento e qualificação dos seus embarques. “Sob ponto de vista financeiro, o suporte oferecido pelo Brazilian Footwear aos associados, em rodadas de negócios e feiras internacionais, viabiliza a participação, tornando-a frequente e linear no calendário global, otimizando investimentos e aproximando clientes”, ressalta Maribel, acrescentando, ainda, os editoriais de moda distribuídos para imprensa internacional e a plataforma digital BrazilianFootwear.com, que gera tráfego de clientes aos sites da empresa e que evoluem para novos negócios.

Andacco: curtume próprio como diferencial
Fundada em 1979, a Andacco, de São Sebastião do Paraíso/MG, tem forte presença no mercado internacional. Além da qualidade, um dos diferenciais que concedem competitividade para a empresa é o fato de, em 1988, passar a produzir seus próprios couros. Além da qualidade garantida do material, a produtora conseguiu reduzir os custos dos seus calçados. “Hoje, 98% dos nossos couros são próprios. O fato nos ajuda a ter maior agilidade e flexibilidade, com possibilidade de entrega de lotes menores. Além disso, temos custos menores no processo produtivo”, lista o diretor da empresa, Benevenuto Arantes.

Com uma produção de mais de 4 mil pares diários, dos quais exporta mais de 50%, especialmente para Estados Unidos e países da Europa, a Andacco é associada ao Brazilian Footwear desde 2008. Segundo Arantes, o programa tem papel fundamental no incremento dos embarques da empresa. “Atualmente, participamos ativamente de rodadas digitais e feiras de calçados internacionais, nas quais conseguimos resultados importantes”, conta o empresário.

Pampili: calçando as pequenas no mundo
Fundada há quase 35 anos, a Pampili é outro case de sucesso quando o assunto é exportação. A marca de moda infantil para meninas, sediada em Birigui/SP, é reconhecida mundialmente como uma das marcas mais queridas na indústria infantil brasileira. Com uma produção estimada em mais de 15 mil pares diários, dos quais exporta 10% para mais de 40 países, a empresa destaca o fato de ter uma “cultura exportadora”. “Assim conseguimos nos adaptar facilmente às demandas específicas de cada região, para produtos e experiências com a marca”, conta o CCO da fabricante, Diego Colli.

Para manter e incrementar o sucesso além-fronteiras, a Pampili conta com o apoio do Brazilian Footwear desde o primeiro convênio, no ano 2000. “O programa sempre nos apoiou nos principais eventos mundiais do setor, contribuindo para que pudéssemos competir de maneira equalizada no mercado global”, avalia, Colli.

Com a maioria dos materiais e insumos adquiridos no mercado brasileiro, Colli ressalta que a cadeia produtiva nacional é um diferencial importante, tanto para o abastecimento do mercado doméstico quanto internacional. “Acreditamos que a completa cadeia de fornecimento no Brasil definitivamente nos coloca em vantagem global frente ao cenário de escassez de recursos, somada à crise logística internacional, efeitos da pandemia que no momento afeta todos continentes”, conclui o CCO.

Savelli: exportação no DNA
O mercado externo não é somente para empresas tradicionais e de grande porte. Uma prova é o sucesso da Savelli, de Franca/SP. Fundada em 2005 e reestruturada em 2010, quando passou a adotar uma gestão profissionalizada e focada em qualidade e cuidado com recursos humanos, a fabricante produz 1,1 mil pares de calçados masculinos e mocassins femininos de couro diariamente. Com quase 70% da produção voltada para o mercado internacional, a gerente de exportação da empresa, Bruna Pini, destaca que a marca leva “exportação no DNA”. Segundo ela, alguns diferenciais explicam o sucesso da Savelli no mercado internacional: atendimento, produto preparado para exportação, diversificação, entrega pontual, qualidade e exclusividade, flexibilidade produtiva e sustentabilidade.

Além disso, a seleção de matérias-primas é outro diferencial relevante para os bons resultados além-fronteiras. “Não dá para reduzir a qualidade dos materiais porque isso vai impactar na qualidade da nossa entrega. O nosso movimento enquanto empresa é cuidar para que isso seja sempre uma prioridade. Nós temos um trabalho intenso e direcionado para isso. Temos uma pessoa dedicada a essa função, que cuida da seleção do couro enquanto ele ainda não recebeu acabamentos. Temos todo o cuidado para transformar a pele naquilo que o cliente precisa”, conta Bruna, ressaltando que são mais de 30 revisores do começo ao fim do processo.

Associada ao Brazilian Footwear desde 2010, Bruna avalia a parceria como fundamental para a construção da marca internacionalmente. “Temos acesso a algumas ações que não teríamos sem a parceria, temos visibilidade, apoio, esclarecimentos e networking”, comenta, ressaltando participações em editais de marketing digital, feiras internacionais, showroons e na Vogue Brazilian Footwear.

Suzana Santos: relacionamento duradouro
Com uma produção de 15 mil pares diários das marcas Suzana Santos, Azilê e Renata Mello, dos quais remete 10% para o exterior, a Suzana Santos, fundada em 1995, em São João Batista/SC, preza pelo relacionamento próximo com compradores internacionais.

Segundo a diretora da empresa, Suzana Santos, esse relacionamento dá credibilidade para as negociações. “O relacionamento de longa data com clientes possibilita uma relação de confiança e constância nos pedidos, e auxilia na captação de novos clientes”, destaca, ressaltando que a empresa está sempre investindo em feiras nacionais, internacionais, viagens de prospecção e atendimento, buscando entender as necessidades do cliente para poder oferecer diferenciais para os mercados internacionais.

Atuando com os incentivos do Brazilian Footwear desde 2011, a empresa participa das feiras Micam, Expo Riva Schuh e FN Plataform, além de rodadas digitais promovidas pelo programa. “O apoio – do Brazilian Footwear – é muito importante tanto em termos de suporte quanto no subsídio para as ações”, avalia Suzana.

Carrano: qualidade, design e tecnologia como diferenciais
A Carrano, marca produzida pela Henrich, de Dois Irmãos/RS, aposta na qualidade, design diferenciado e tecnologia para conquistar o mercado internacional. Exportando mais de 55% dos pares produzidos para mais de 80 países, com destaque para Estados Unidos, Itália, Colômbia e Panamá, a empresa conta com uma dinâmica produtiva que preza pelo design dos produtos e estratégias comerciais assertivas. “Até 2023, a meta é exportar 60% do total produzido”, revela o gerente de exportações da empresa, Fernando Galhego. Para bater a meta, o apoio do Brazilian Footwear, programa ao qual a Carrano é associada desde 2007, será fundamental.

Segundo Galhego existe uma expectativa com relação aos resultados das feiras internacionais, o produto mais utilizado pela empresa no âmbito do programa. “Estamos com boas expectativas para os próximos anos, especialmente pelo retorno do mercado norte-americano e europeu. O volume de clientes novos e inativos voltando ao Brasil não se via há 15 anos. É um ânimo para o setor”, conta o gerente.

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