Pandemia

Covid-19: Brasil concentra 25% dos casos confirmados de reinfecção no mundo

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O 1º caso de reinfecção pelo novo coronavírus no Brasil foi identificado em dezembro de 2020, segundo o Ministério da Saúde. Desde então, o órgão confirma 38 casos ao todo, segundo boletim publicado na 6ª feira (23.jul.2021).

Os dados fazem do Brasil o 2º país com o maior número de casos confirmados de reinfecção no mundo. São 154 ocorrências registradas, segundo dados do painel Covid-19 reinfection tracker, da BNO News, agência de notícias holandesa que compila os diagnósticos confirmados em todo o planeta.

O painel aponta 41 casos confirmados no Brasil, somando 157 no mundo todo. Entretanto, o Ministério da Saúde só confirma 38 casos. Por isso, considera-se que há 154 casos no mundo. Os números reais, porém, são provavelmente maiores devido à subnotificação.

O Reino Unido lidera o ranking, com 54 registros de reinfecções. Depois do Brasil, os Estados Unidos ficam em 3º lugar, com 14 notificações.

Confira o ranking de países:

Segundo o infectologista Alexandre Cunha, é certo que existam muitos casos de reinfecção que não são registrados pelas autoridades de saúde. “Certamente há uma subnotificação enorme dos casos de reinfecção. A gente tem na nossa prática diária conhecimento de algumas dezenas de casos”, afirma.

O que acontece é que muitas vezes esses casos são muito brandos, os pacientes não procuram assistência médica, não são internados. Algumas vezes não são nem testados.”

O baixo nível de testagem no país faz com que os dados de casos e de recuperação tenham pouca utilidade do ponto de vista estatístico-epidemiológico, de acordo com o especialista. Os números são atualizados diariamente pelo Ministério da Saúde, neste site. Os dados que se referem às vítimas da pandemia “são os parâmetros mais objetivos” disponíveis, já que as mortes são notificadas nas declarações de óbitos.

“Pessoas com casos leves às vezes nem procuram assistência”, comenta.

O Ministério da Saúde afirma que a notificação dos casos suspeitos é feita pelas gestões estaduais e municipais do SUS (Sistema Único de Saúde) nos sistemas do ministério. Segundo a instituição, “para analisar um possível caso de reinfecção pela covid-19, é necessário obter duas amostras biológicas com a conservação adequada para realizar a investigação laboratorial e sequenciamento genômico, feito por laboratórios de referência”.

Cada caso de reinfecção entra na contagem diária como um novo caso, “já que se trata de uma nova manifestação da covid-19”. Cunha explica que esses casos costumam ser mais leves do que a 1ª manifestação do vírus no organismo e tornam-se uma ameaça quando a imunidade garantida pela contaminação começa a cair, o que normalmente acontece depois de alguns meses.

O risco de reinfecção existe principalmente depois de 2 ou 3 meses depois da pessoa ter tido a primeira infecção. Quanto mais grave é o primeiro caso de infecção, mais sintomático é o paciente, melhor a resposta imunológica“, diz.

O período de imunidade, entretanto, é bastante variável em cada organismo. “Te pacientes que depois de um ano ainda tem uma boa resposta imunológica. Outros pacientes não têm mais depois de 2 ou 3 meses.

Ele alerta, entretanto, para o fato de que somente a infecção não é suficiente para assegurar um nível seguro de imunidade. “Tanto uma dose de vacina quanto uma infecção é insuficiente para garantir imunidade potente e duradoura”, afirma.

Eis as unidades da Federação em que foram registrados casos de reinfecção:

  • Amazonas: 3;
  • Bahia: 1;
  • Distrito Federal: 1;
  • Espírito Santo: 1;
  • Goiás: 15;
  • Mato Grosso do Sul: 3;
  • Minas Gerais: 1;
  • Paraná: 3;
  • Pernambuco: 1;
  • Rio Grande do Norte: 1;
  • Rio de Janeiro: 1;
  • Santa Catarina: 4;
  • São Paulo: 3.

VARIANTES

Dos 38 casos de reinfecção confirmados pelo Ministério da Saúde, 24 são da variante gama, a P.1.

O papel das variantes nos casos de reinfecção, no entanto, ainda não é claro para os pesquisadores. Um estudo publicado em junho pela revista científica Cell, liderado pela Universidade de Oxford, sugere que a variante delta, detectada inicialmente na Índia, pode aumentar o risco de reinfecções. A pesquisa também teve a participação de instituições brasileiras: Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Fiocruz Amazônia e Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas.

O estudo indica que o soro de pessoas previamente infectadas por outras cepas é menos potente contra a variante indiana. Nos casos em que a pessoa já tenha sido infectada pela variante gama ou pela variante beta, a capacidade de neutralizar a cepa delta é 11 vezes menor.

Apesar de indicarem que o soro de pessoas vacinadas tem potência reduzida contra a variante delta, os pesquisadores mostram que a vacinação é efetiva contra as novas cepas.

Parece provável, a partir desses resultados, que as vacinas atuais de RNA e vetor viral fornecerão proteção contra a linhagem B.1.617, embora um aumento nas infecções possa ocorrer como resultado da capacidade de neutralização reduzida dos soros”, afirmam os pesquisadores.

DOSE DE REFORÇO

Laboratórios farmacêuticos responsáveis pelo desenvolvimento das vacinas têm investido em pesquisas de eficácia e segurança de doses de reforço ou doses adicionais para o fortalecimento da imunidade contra o vírus e suas novas variantes. Por enquanto, não há estudos que comprovem a necessidade de uma possível 3ª dose de vacinas, segundo o Ministério da Saúde e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Os esquemas de vacinas existentes oferecem proteção, inclusive contra as variantes. Mas ainda não é possível afirmar por quanto tempo essa proteção durará em várias populações e, portanto, se uma dose de reforço será necessária, em especial para os mais vulneráveis”, diz nota da Anvisa, que afirma estar “preparada para avaliar os dados e estudos sobre doses de reforço, caso a ciência demonstre que são necessárias”.

A agência já recebeu 2 pedidos de estudos clínicos nesse sentido. A Pfizer foi a 1ª empresa a realizar uma solicitação. Recebeu autorização da agência no dia 18 de junho. O imunizante é aplicado em duas doses no Brasil, com um intervalo de 90 dias entre elas. A 3ª dose seria aplicada 6 meses depois da 2ª.

As autoridades de saúde também autorizaram um estudo clínico para verificar a segurança e eficácia de uma 3ª dose da vacina da AstraZeneca, que seria aplicada de 11 a 13 meses depois da 2ª dose.

Até agora, são aplicadas no Brasil as vacinas AstraZeneca, Pfizer, CoronaVac e Janssen. Só a última é de dose única, as demais precisam de 2 doses. A dose adicional ainda não foi recomendada para nenhum dos imunizantes.

 

Fonte: Poder 360

Foto: Sérgio Lima/Poder360

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