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Coronavírus e exercícios ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

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Estudo aerodinâmico com simulações computacionais, sobre o movimento de gotículas durante atividades físicas ao ar livre, ganhou grande repercussão na internet, neste contexto de tantas incertezas sobre o coronavírus. Embora não tenha conclusões epidemiológicas, virais ou médicas, a pesquisa divulgada na última semana mexeu com os ânimos de muitos. As imagens, da Universidade de Tecnologia de Eindhoven (Holanda) e da Universidade Católica de Leuven (Bélgica) sugerem distância segura de até 20 metros entre um atleta e outro. (Veja o vídeo abaixo)
“Não é um estudo sobre o risco de infecção. Mas se todos concordamos que a distância segura de 1,5m a 2m é padrão social quando temos só duas pessoas conversando (e essa verdade tem amplas evidências científicas), quando você vai andar de bicicleta ou correr junto com alguém, esta distância pode ser diferente”, explicou, em entrevista por video chamada ao Estado de Minas, o professor Bert Blocken, autor do estudo original.
De acordo com ele, o propósito dos pesquisadores era determinar, quando ao correr, andar rápido ou pedalar diretamente atrás de alguém, qual distância se deveria tomar, para ter o nível de “não exposição” às gotículas do outro equivalente à distância de 1,5m estando parado.
“Nossa mensagem é: se você vai sair para pedalar com outra pessoa, tente não ir em grupos grandes. Em grupos maiores, você sempre estará no rastro de gotículas. E se a pessoa da frente estiver infectada tossir ou espirrar, as gotículas vão se mover diretamente na sua direção”.
Polêmica

O primeiro problema se deu com a forma da divulgação dos achados. Via Twitter, o professor de engenharia, com 20 anos de experiência em aerodinâmica, publicou um vídeo. A turma cobrou um artigo e ele publicou um texto preliminar. Ainda falta, contudo, um validador científico importante, chamado “revisão dos pares”. Para o professor, esperar por isso em uma situação como a pandemia do coronavírus não seria adequado.

“Precisamos de cientistas, atualmente, que dêem informação correta, honesta. Mesmo que seja a informação que talvez o público não queira ouvir. Mesmo que não tenha sido revisada pelos pares. Assim que se tem certeza, é preciso ir a público. Se estiver errado meu estudo e isso for comprovado, me demito de meus dois empregos nas universidades em que leciono”.

Carga viral
Para a professora Viviane Alves, do departamento de microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), neste estudo falta o principal: o vírus. “As microgotículas, claro, existem, mas a gente não sabe se elas têm capacidade de carregar vírus suficiente para transmitir a doença”, detalha
Viviane chama atenção para a questão da carga viral, a quantidade mínima de vírus com a qual é preciso entrar em contato para que haja a infecção. “A gente não sabe ainda nem a carga viral em uma gotícula de saliva maior, de um milímetro. Então este estudo traz uma sugestão baseada em suposições, por enquanto. É uma hipótese, pode acontecer? Pode, mas por enquanto, não temos evidência que aconteça.
“A real dimensão ou implicação da capacidade infectante a partir de atividades físicas que envolvem o movimento é uma inferência, a partir de um estudo aerodinâmico que simula o que pode acontecer com eventual propagação e efetivação da infecção entre pessoas que compartilham alguma proximidade em atividade física ao ar livre”, diz o professor Mateus Westin, da área de infectologia da Faculdade de Medicina da UFMG. Ele lembra que o risco sempre haverá sempre que as pessoas optarem por se exercitarem junto com alguém.
Por isso, a recomendação da microbiologista reforça o que já preconiza a Organização Mundial da Saúde: “Se você quiser fazer exercício, que seja sozinho, de preferência dentro de casa, mas se for caminhar, que seja sozinho. O que é praticamente impossível, então prefira ficar em casa, arrume métodos alternativos de se exercitar, pelo menos por enquanto”, aconselha Viviane.
* Fonte: Estado de Minas
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