Colunistas
Convertei-vos e crede no Evangelho!
A quarta-feira de cinzas é o primeiro dia da Quaresma no calendário cristão ocidental.
As cinzas que nós recebemos simbolizam o desejo de conversão, de mudança, recordando os aspectos da vida humana, passageira, transitória e frágil, sujeita à morte e às intempéries ao longo do nosso caminhar.
O celebrante traça o sinal da cruz na cabeça de cada fiel impondo-lhe as cinzas, e proferindo os seguintes dizeres: convertei-vos e crede no Evangelho. Esse simbolismo relembra a antiga tradição do Médio Oriente de jogar cinzas sobre a cabeça como sinal de arrependimento perante Deus (conforme diversos relatos Bíblicos); é um dia de jejum e abstinência.
O Rito da imposição das cinzas, que nos propusemos a participar de modo pleno e consciente, nos revela duas realidades fundamentais:
Somo criaturas mortais; tomamos consciência de nossa fragilidade, do inevitável fim de nossa existência terrestre, nos ajuda a avaliar melhor os rumos que compete dar à nossa vida: “você é pó, e ao pó voltará” (Gn 3, 19).
Somos chamados à mudança, a nos converter ao Evangelho de Jesus e à sua proposta de conduta; a refletir sobre nossa maneira de ver, pensar e, sobretudo de agir.
A efemeridade das lidas é a maneira mais prática e constante encontrada por Deus para nos dizer, a cada momento, que aquilo que não passa, que não se esvai, que não morre, é o que de bom e proveitoso fazemos para nós mesmos e principalmente para os outros.
Os talentos multiplicados no dia a dia, a perfeição da alma buscada na longa caminhada de uma vida de oração, piedade e caridade, essas são as coisas que não perecem, que o vento do tempo não leva e que, finalmente, vão nos abrir as portas da vida eterna e definitiva, quando “Deus será tudo em todos” (cf. 1 Cor 15,28).
Esse deve ser o sentimento que permeia nossa caminhada no tempo quaresmal, tempo forte, que precede a Semana Santa, donde fazemos memória da Paixão, morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, o mistério Pascal. É o tempo da expectativa, da purificação, do regresso ao Senhor e da consciência de que Deus é fiel às suas promessas.
A transitoriedade de absolutamente tudo o que está sob o nosso olhar deve nos convencer de que só viveremos bem esta vida se a vivermos para os outros e para Deus.
São João Bosco dizia que “Deus nos fez para os outros”. Só o amor e a caridade, que se opõem egoísmo, podem nos levar a compreender a verdadeira dimensão da vida e a necessidade da efemeridade terrena. Ao adentrarmos o tempo quaresmal, tenhamos o firme propósito de obedecer aos princípios que permeiam esse ciclo: penitência, esmola e oração, objetivando tornarmo-nos pessoas melhores para os que estão à nossa volta; que a observância desses conceitos nos leve ao crescimento espiritual e consequentemente nos prepare para a Páscoa do Senhor, ápice da vida cristã.
Abençoada semana
Graça e Paz