Saúde
Conheça o medicamento que acelerou a recuperação de pacientes com coronavírus
Estudo mostrou que pacientes que tomaram o remédio se recuperaram em média 31% mais rápido
O remdesivir acelera o tempo de recuperação em pacientes com Covid-19, de acordo com um importante estudo realizado nos EUA, tornando-se o primeiro medicamento com benefícios comprovados contra a doença.
Aqui está o que você precisa saber sobre o remédio:
O que é o remdesivir?
O Remdesivir é um antiviral experimental de amplo espectro fabricado pela farmacêutica americana Gilead Sciences, que foi desenvolvido pela primeira vez para tratar o Ebola, uma febre hemorrágica viral.
Em 2016, esse remédio entusiasmou os pesquisadores em um estudo realizado com primatas, e foi usado durante uma importante pesquisa na República do Congo, sendo comparado com outros três medicamentos.
No entanto, esse estudo, entretanto, foi concluído em 2019 porque o medicamento não conseguiu aumentar as taxas de sobrevivência como os outros dois anticorpos monoclonais, proteínas do sistema imunológico projetadas em laboratório.
Em fevereiro, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID) anunciou que o remdesivir seria novamente testado, dessa vez em uma pesquisa sobre o SARS-CoV-2, o patógeno que causa o COVID-19, porque era promissor em testes em animais contra os coronavírus SARS e MERS.
Qual a sua eficácia?
Na última quarta-feira, o NIAID anunciou os resultados de seu estudo, que contou com 1.000 pessoas e teve como conclusão que pacientes hospitalizados com problemas respiratórios por Covid-19 tratados com a droga melhoraram mais rapidamente do que os casos resolvidos com um placebo.
Os pacientes que tomaram o medicamento se recuperaram em média 31% mais rápido.
“Embora os resultados tenham sido claramente positivos, do ponto de vista estatisticamente significativo, eles foram pequenos”, disse nesta quinta-feira Anthony Fauci, cientista chefe do NIAID.
Em outras palavras, funciona, mas não é uma cura milagrosa.
No entanto, ele pode abrir o caminho para melhores tratamentos, assim como os primeiros medicamentos desenvolvidos para o tratamento do HIV nos anos 80, muito menos eficazes do que os usados atualmente.
Os resultados sugeriram que o remdesivir poderia reduzir as taxas de mortalidade de 11,7% para 8,0%, mas esses dados são considerados menos confiáveis estatisticamente.
Por que há resultados variados?
As descobertas do estudo liderado pelos EUA foram anunciadas no mesmo dia em que a The Lancet publicou os resultados de um estudo realizado em menor escala com o mesmo medicamento, no qual não encontrou benefício estatístico no remdesivir.
Este estudo ocorreu com pouco mais de 200 pessoas em Wuhan, na China, e foi um estudo controlado de forma aleatória, que é forma considerada de mais alto padrão na avaliação de um tratamento.
Esse estudo, no entanto, teve que ser interrompido por não recrutar pacientes suficientes. Seu tamanho foi aproximadamente cinco vezes menor do que o estudo realizado pelos Estados Unidos.
“Os números dos testes são muito pequenos para tirar conclusões objetivas”, disse Stephen Evans, especialista em estatística médica da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
Quando estaria disponível?
O remdesivir já foi administrado a pacientes em todo o mundo, em ensaios clínicos e também fora deles, em resposta aos “pedidos de uso compassivo” da Gilead para conseguir acessar algumas emergências.
Nos Estados Unidos, espera-se que a agência federal de Alimentos e Medicamentos (FDA) emita uma “autorização de uso emergencial” em breve, o que aumentaria ainda mais seu uso, antes de sua aprovação formal.
“Eu estava conversando com o comissário da FDA ontem à noite, e tudo está acontecendo muito rápido”, disse o epidemiologista e assessor do presidente americano, Donald Trump.
“Eles ainda não tomaram uma decisão final, não a anunciaram, mas eu diria que chegaremos a ela em breve”.
Como o medicamento é complexo de fabricar e é administrado por injeção e não por pílulas, há dúvidas sobre se o abastecimento será limitado a uma fase.
Em carta aberta divulgada na última quarta, Daniel O’Day, presidente da Gilead, informou que a empresa tem 1,5 milhão de doses prontas ou quase prontas.
“Estimamos que seriam (disponibilizadas) 140.000 tratamentos com base em uma duração de 10 dias”, disse ele.
Outro estudo mostrou que cinco dias são tão eficazes quanto usá-lo em 10 dias.
Isso significa que “podemos aumentar significativamente o número de tratamentos disponíveis, que a Gilead está comprometida a doar”, disse O’Day.
Como funciona?
O remdesivir pertence a uma classe de medicamentos que ataca diretamente o vírus.
É o chamado “análogo de nucleotídeo”, que imita a adenosina, um dos quatro componentes básicos do RNA e do DNA.
“O vírus não toma muito cuidado com o que incorpora”, disse o virologista Benjamin Neuman, da Texas A&M University.
“Os vírus normalmente tentam ser rápidos e mudam a velocidade como forma de precaução”, alertou.
O remdesivir é incorporado de forma silenciosa ao genoma do vírus em vez da adenosina, causando um curto-circuito no seu processo de reprodução.
Nesta quinta-feira, o diretor médico do Gilead, Merdad Parsey, disse que além dos pacientes que tiveram sintomas por menos tempo e aparentaram responder melhor ao medicamento, parece que a droga provocou algum benefício entre os que estavam em estado mais crítico.
Isto se deve ao fato de que o vírus desencadeia uma reação imune anormal chamada de tempestade de citocina, responsável pela lesão nos pulmões.
“Ao limitar a replicação viral, reduz a inflamação e o volume de pessoas que desenvolvem lesão pulmonar, suspendendo mais rapidamente o uso de respirador”, explicou Parsey.
- Fonte: O Tempo
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