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Compra de armas tem aumento de quase 60% em Minas Gerais

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O mercado das armas de fogo se mantém blindado diante da inflação que cresce no Brasil, impulsionado por cidadãos que buscam segurança, prática esportiva ou simplesmente um hobby. Em 2021, entre janeiro e agosto, foram registradas 14.047 novas armas por pessoas físicas em Minas Gerais. No mesmo período do ano passado, foram 8.837 novos registros, um aumento de 59%. Em 2019, 4.461 armas foram cadastradas entre janeiro e agosto. Os dados são da Polícia Federal e foram atualizados em setembro.

Nesses três anos, a inflação oficial passou de 4,31% para 5,67%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE. Na loja de armas e munições Casa Salles, no centro de Belo Horizonte, os produtos tiveram no último ano um reajuste médio de 18%. Ainda assim, a busca pelos artigos continua em alta, relata o vendedor Márcio Crispim. Ele atribui o aquecimento do setor ao discurso e aos atos do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

“O pessoal se queixa do preço, mas as vendas continuaram normais. Não sentimos impacto, porque a venda de armas e munição ainda fica naquela situação de que, com a ameaça de o presidente sair, vai ter um monte de leis e burocracias para impedir as pessoas de comprar”, diz.

Um dos modelos mais procurados pela clientela da Casa Salles teve um aumento de 20% no último ano. “A Taurus G2c 9 mm hoje é vendida por cerca de R$ 5.000. Antes, o valor da mesma arma girava em torno de R$ 4.000 à vista”, pontua.

Taxas onerosas dificultam aquisição

Um instrutor do clube de tiro Velho Oeste, em Contagem, que preferiu não se identificar, explica que o valor desembolsado por quem deseja ter uma arma é alto. Além do preço do produto em si, a pessoa deve arcar com as taxas para conseguir a posse de uma arma.

“Um processo para posse de arma com o despachante sai em torno de R$ 1.000. E o processo para se tornar CAC (Colecionadores, Atiradores desportivos e Caçadores) varia em torno de R$ 1.500 a R$ 1.800”, detalha.

O analista de sistemas de Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, Guilherme Lopes, 32, reclama da taxa tributária que incide sobre esses produtos, mas conta que possui duas armas de fogo.

“Tenho arma para defesa e para esportes. Hoje as pessoas têm mais contato, sabem que podem ter. Desde antes do governo Fernando Henrique, quando eles tentaram proibir as armas, uma das ações foi ‘supertaxar’ esses produtos para que as pessoas não tivessem acesso. Isso vem até hoje. Dependendo do Estado, a gente chega a pagar de 60% a 70% só de imposto”, relata.

CLUBES DE TIRO SE TORNAM POPULARES 

Com o crescimento do mercado das armas de fogo, os clubes de tiro têm se popularizado. Um instrutor do clube de tiro Velho Oeste, em Contagem, que preferiu não ser identificado, explica que o público vai ao local em busca de defesa pessoal e para prática esportiva.

“As pessoas têm comprado armas pensando em defesa pessoal ou para se tornarem CACs (Colecionadores, Atiradores desportivos e Caçadores), e isso se popularizou com a flexibilização do governo”, diz.

O instrutor relata que o perfil de seus alunos é diverso, com destaque para o público feminino. “Cerca de 60% são mulheres que já entraram com o pedido de posse para ter um meio de se proteger. Temos alunos da classe média, alta, empresários, funcionários públicos. É um mundo muito amplo, desde a pessoa mais nova à mais velha”.

Fonte: Por RÔMULO ALMEIDA –  O Tempo

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