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Acidente

Combinação de álcool e direção faz a terceira vítima em 15 dias

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A pequena Rhanna Rafaela Nunes, 2, brincava na calçada de casa quando foi atropelada por um carro em Montes Claros, no Norte de Minas, na última terça-feira. O motorista, de 78 anos, estava embriagado e não tinha Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Socorrida e levada a dois hospitais, a menina não resistiu. As informações são do jornal O Tempo.

A pequena é a terceira vítima de motoristas embriagados nos últimos 15 dias no Estado. Especialistas ouvidos pela reportagem analisam que o aumento de vítimas de crimes de trânsito envolvendo álcool tem relação com a pouca fiscalização e a ausência de campanhas de conscientização por parte da administração estadual.

Para se ter ideia do cenário, em dois anos, entre 2019 e 2021, os crimes por embriaguez cresceram 136%, enquanto caíram 16,6% as operações de fiscalização realizadas pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). A pasta coordena blitze integradas, com todas as forças de segurança, que objetivam combater a combinação criminosa entre direção e embriaguez (veja mais dados abaixo).

O advogado criminalista Felipe Henrique acredita que a melhor maneira para evitar os crimes de trânsito envolvendo motoristas embriagados está no aumento da fiscalização. “O nosso grande problema é a omissão do Estado em não fazer campanhas que seriam preventivas, bem como não fazer blitz, que seria a medida repressiva, o bastante”.

Necessidade de mais blitze

Ele ressaltou que, com as festividades desta época – Natal, fim de ano e Carnaval –, o aumento de consumo de bebida é grande e que deveria haver mais blitze “para coibir quem bebe e dirige”.

A Lei Seca no Brasil é uma das legislações mais rígidas, conforme os especialistas, mas a efetividade esbarra na baixa fiscalização. “Estamos vendo pessoas sem condições de dirigir, pois estão bêbadas, utilizando carros como se fossem armas. Diminuímos as blitze, que são fatores de prevenção, e aumentamos a sensação de impunidade”, pontua Silvestre de Andrade, especialista em mobilidade e trânsito.

Nos três crimes registrados desde o dia 15, todas as vítimas foram atingidas nas calçadas. “É um absurdo, pois elas estavam no espaço destinado totalmente aos pedestres”, destacou Silvestre.

Outro lado

Questionada ontem sobre o que tem feito em termos de conscientização e por que as blitze caíram, a Sejusp respondeu que, devido ao esquema de plantão do Carnaval, não teria os dados até a noite de ontem.

ENTREVISTA

Ellen Nunes, 32, tia de Rhanna

Como a senhora vai se lembrar da sua sobrinha? Rhanna era uma criança alegre, brincalhona e muito inteligente, muito carinhosa e amorosa, assim que quero me lembrar dela. O momento é de tristeza e uma dor que não desejamos para ninguém. Perder uma criança com toda a vida pela frente não tem explicação.

Rhanna foi a terceira vítima de crimes de trânsito nas últimas semanas. Qual é o sentimento? Nem sei explicar. Queremos é justiça. Uma criança de 2 anos morreu por causa de imprudência.

A família vai fazer alguma manifestação? Queremos lutar para que isso não se repita. Hoje foi com minha sobrinha, e amanhã pode ser com a de qualquer outro.

Lembranças, dor e revolta

“Ela gostava muito de brincar, corria com as bonecas e não podia ouvir uma música que já dançava. Tudo isso interrompido por irresponsabilidade. Foi muito difícil pra mim receber a notícia da morte dela e ter que informar para os outros familiares” (Ellen, tia de Rhanna)

 

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