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Economia

Com juros em queda, corretoras recomendam investir em renda fixa prefixada

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Queda na taxa Selic reformula estratégias dentro da renda fixa - Créditos: Saif Ahmed/Pixabay

Títulos desse tipo “travam” os juros no atual patamar e impedem que o rendimento caia junto com a taxa Selic, mas opção exige atenção

Em um cenário de juros ainda altos, mas em rota de queda, corretoras e casas de análise estão recomendando aos clientes e investidores não só que já comecem a levar parte de seu dinheiro de volta para a bolsa de valores, como repensem, também, os seus investimentos dentro da própria renda fixa. Com informações de CNN Brasil.

Nesse contexto, crescem as recomendações para ampliar a participação dos títulos prefixados de investimentos como Tesouro Direto, CDBs, LCAs ou LCIs, tomando parte do espaço ocupado há até pouco tempo pelos “queridinhos” pós-fixados.

Os títulos prefixados são aqueles que têm uma taxa de remuneração fixa e que não muda até o dia do vencimento da aplicação, e são tipicamente mais vantajosos quando os juros do país estão caindo.

A ideia é aproveitar o momento para embolsar os títulos com taxas ainda altas, e conseguir “travá-las”, antes que sigam baixando.

Já os pós-fixados são atrelados geralmente a taxas de juros como a Selic ou o CDI, e seu rendimento vai ser maior ou menor conforme elas sobem ou descem.

Como a Selic, agora, está em queda, a tendência é que, por um bom tempo, a remuneração deles também vá ficando menor, e, por isso, também menos atraente do que nos últimos anos, em que a taxa básica de juros do país passou dos 13% ao ano.

“Ano passado, para o investimento de curto prazo, de até uns dois anos, estávamos sempre indicando os pós-fixados, porque eles não têm volatilidade e o rendimento estava muito alto. Nos últimos meses, passamos a acelerar a parte dos prefixados”, disse a analista de renda fixa da Empiricus Research, Lais Costa.

“Daqui a um ano eu não vou conseguir mais a mesma taxa do que consigo hoje nos prefixados, então eu compro hoje um título de dois anos.”

Quais são os tipos de remuneração da renda fixa:

  • Pós-fixados: os rendimentos são atrelados a um indexador, geralmente a Selic ou o CDI, taxa de juros do sistema bancário que anda colada à Selic, e flutuam conforme elas sobem e descem. Por essa razão, só é possível saber o rendimento exato do título no vencimento.
  • Prefixados: têm uma taxa de rendimento fixa e que será a mesma até o vencimento da aplicação, o que permite saber desde o primeiro dia qual será o ganho exato.
  • Atrelados à inflação: remuneram a inflação do período, que é variável, com um acréscimo de juros fixos. Com isso, têm uma parcela do rendimento pós e outra prefixada, e garantem sempre que a aplicação não perderá para a inflação.

Quais são os principais tipos de títulos da renda fixa:

De acordo com Costa, é possível encontrar hoje opções prefixadas de LCAs e LCIs, isentas de Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos, oferecendo juros de até 9%, o equivalente a CDBs ou títulos públicos (que pagam IR) com remuneração de 11,5%.

A Selic, taxa básica de juros do país, está atualmente em 12,75%, após a segunda redução seguida promovida pelo Banco Central nesta quarta-feira (20). A expectativa dos economistas, medida pelo Boletim Focus, é que ela tenha caído a 9% até o fim do ano que vem.

Riscos embutidos, mas ganhos maiores

A chefe de economia da corretora Rico, Rachel de Sá, explica que, dentre as opções mais tradicionais da renda fixa, os títulos prefixados são considerados os mais arriscados, tendo, inclusive, a possibilidade de perdas — embora todos os investidores que ficarem com eles até o vencimento, sem precisar resgatar com antecedência, tenham seus ganhos plenamente garantidos.

O principal risco está no fato de que tanto a inflação quanto os juros podem acabar subindo, em vez de cair, depois de o investidor aplicar em um título prefixado.

Em um cenário desses, quem precisar resgatar seu dinheiro antes do vencimento – o que pode nem ser possível em alguns desses títulos – vai ser obrigado a revendê-lo no mercado por um preço menor do que o que pagou.

A inflação também pode acabar subindo muito e ficar maior do que a remuneração contratada, o que, na prática, vai significar que pelo menos por algum período aquele título dará a seu investidor um rendimento negativo em termos reais.

No geral, os pós-fixados e os atrelados à inflação são protegidos dessas oscilações.

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É por isso que a Rico tem ampliado com parcimônia a participação dos prefixados em suas carteiras de recomendação de alocação, feitas de acordo com os diferentes perfis de risco dos investidores.

“Os pós-fixados e os atrelados à inflação ainda são a maior parte da renda fixa na maioria das nossas carteiras”, conta ela.

É por essa razão, também, que os especialistas não recomendam a compra de prefixados para prazos mais longos do que dois ou três anos.

“Não dá para prever o que vai acontecer até 2030, pode ser que a inflação dispare, que os juros voltem para 15%, e você ficou lá nos seus 10%”, diz a analista da Rico.

Ainda assim, as recomendações da corretora para os prefixados cresceram em relação ao ano passado. “Eles têm mais riscos, mas também estão com maior retorno”, diz Rachel.

O prefixado de três anos do Tesouro Direto, com vencimento para 2026, oferece atualmente remuneração anual na faixa de 10%.

Para ter uma ideia, Rachel lembra que os títulos do Tesouro atrelados à inflação, os chamados IPCA+, estão hoje pagando o IPCA mais um juro anual de 5%. “Neste ano, eles devem dar uma remuneração mais ou menos de 10% também”, diz.

Isto porque as projeções para a inflação de 2023, medida pelo IPCA, estão próximas de 5%.

Nos próximos anos, porém, a inflação já deve cair para mais perto dos 3,5% – o que significa que quem tiver um desses títulos IPCA+ passará a receber algo como 8,5% no ano (3,5% de inflação mais 5% de juros), enquanto a remuneração do prefixado comprado agora seguirá fixada nos mesmos 10% contratados.

De toda maneira, neste momento, a indicação da Rico neste momento para a parcela de prefixados na carteira é que os investidores busquem opções que remunerem mais, como o crédito privado e as debêntures, emitidas por instituições sólidas, com risco de crédito baixo.

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