Saúde

Cigarro eletrônico: entenda a diferença para o comum e os riscos para a saúde

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A venda deste produto é proibida no Brasil - Foto: Reprodução / Pixabay

Além do cigarro branco, o mais tradicional, o cigarro eletrônico vem ganhando força no mercado. Por conta da sua durabilidade e diferentes sabores, o produto tem ganhado muito espaço entre os jovens ao redor do mundo, o que gera uma grande preocupação aos médicos. Com informações de Itatiaia.

Neste 31 de maio, data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para o Dia Mundial sem Tabaco, a Itatiaia ouviu um usuário e um especialista para comentar o impacto e os riscos do uso do cigarro eletrônico.

“Sentia muito cansaço”

Usuário do produto regularmente por cerca de sete meses, Gabriel, de 21 anos, contou sobre os sintomas que sentia e como o “vape” afetava seu corpo no dia-a-dia.

“Comecei a usar porque meus amigos usavam e eu sempre experimentava, aí quis comprar um pra mim […] Sentia muito cansaço quando tinha que andar muito ou fazer alguma atividade física, como jogar futebol”, disse o jovem.

Gabriel também contou que sabia que o produto fazia mal para a saúde, mas que, por conta do vício e influencia dos amigos, não conseguia parar de usar.

“Tentei parar de usar quando comecei a ver um tanto de gente sendo internada por causa disso, aí decidi jogar os meus fora e nunca mais comprei outro. Mas não parei totalmente, de vez em quando eu dou uns tragos nos vapes dos meus amigos”, completou.

Devido ao Dia Mundial do Combate ao Tabagismo – que também tem o intuito de conscientizar para o uso de versões alternativas aos cigarros tradicionais – e a depoimentos como o de Gabriel, a Itatiaia entrou em contato com Michelle Andreata, médica pneumologista da empresa de home care Saúde no Lar, que respondeu algumas perguntas sobre o uso do cigarro eletrônico e esclareceu os riscos do uso continuo do produto.

Quais as diferenças do cigarro eletrônico pro cigarro “normal”?

“No cigarro eletrônico, a nicotina é ofertada através da combustão líquida, por meio da sua diluição em uma substância chamada propilenoglicol. Nele, acontece aquecimento de um líquido que contém nicotina, aromatizantes e outros produtos químicos, que são elevados a altíssimas temperaturas até transformarem-se em vapor. No caso do cigarro comum, o produto é feito de tabaco seco e enrolado em um papel. Quando aceso, o tabaco é incinerado e o fumante inala a fumaça resultante”, disse Michelle.

O cigarro eletrônico é proibido no Brasil?

Ao contrário do que muitos pensam, e devido a sua grande procura e fácil acesso, a doutora Michelle explica que o cigarro eletrônico é sim proibido no Brasil.

“Aqui no país, a venda, importação e publicidade em cima da venda de cigarros eletrônicos é proibida. No ano de 2022 a Anvisa revisou essa questão e decidiu por manter essa proibição”, disse a especialista.

Quais as estratégias que as empresas usam para atrair o consumidor?

“Ele tem sido colocado como uma alternativa menos prejudicial à saúde e uma forma ‘segura’ para diminuir as doenças e mortes prematuras causadas pelos cigarros normais. Muita gente, infelizmente, ainda acredita nesse mito”.

Quais malefícios o cigarro eletrônico pode causar?

O uso do cigarro vêm crescendo recentemente, muitas vezes devido à falta de informação quanto aos riscos que esse produto pode oferecer. Com isso, Michelle alertou sobre as doenças causadas pelo uso excessivo do cigarro eletrônico.

“O cigarro eletrônico causa doenças semelhantes ao cigarro comum e também lesões mais agudas, como a destruição de pneumócitos — as células que revestem os alvéolos pulmonares — por lesões químicas provocada pelo vapor das substâncias tóxicas […] Ele pode causar inúmeras doenças respiratórias obstrutivas, como a bronquite crônica e o enfisema pulmonar, além de causar falta de ar no fumante e inúmeros tipos de cânceres como o de pulmão, boca, laringe, estômago, esôfago, pâncreas, rins e bexiga”, explicou.

O número de fumantes no Brasil aumentou nos últimos anos?

De acordo com o Relatório sobre o Controle de Tabaco para a Região das Américas 2022, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), “cerca de 900 milhões de pessoas, ou 96% da população de 35 países das Américas, estão atualmente protegidas por pelo menos uma das seis medidas de controle do tabaco recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

Michelle, entretanto, alerta para o crescimento do uso do cigarro eletrônico.

“O uso de cigarro eletrônico tem sido preocupante, já que, diferente do comum, ele pode ser fumado em qualquer ambiente e é de fácil acesso, colocando os usuários em contato com essas substâncias várias vezes ao longo do dia”, acrescentou.

O que faz o cigarro eletrônico se tornar viciante?

Michelle contou que a nicotina é o principal fator que torna o cigarro viciante, entretanto, a doutora também falou sobre como a substância afeta o usuário do cigarro eletrônico.

“No caso do dispositivo eletrônico, além da nicotina atingir de forma mais rápida o cérebro, pulmões e corrente sanguínea, apesar da possibilidade de escolher a dosagem da substância, em alguns casos, dependendo do escolhido, elas podem ser muito superior ao de um cigarro normal”, finalizou.

Alerta da Anvisa

Itatiaia também entrou em contato com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que reforçou que a venda e a importação do cigarro eletrônico é proibido no Brasil. A agência também frisou que “a fiscalização de estabelecimentos que vendem cigarros (lojas físicas) é responsabilidade das autoridades locais, ou seja estados e municípios”.

“No que compete às competências da Anvisa, destaca-se que, de 2018 a abril de 2023, foram instaurados 184 processos administrativos sanitários, a fim de apurar a comercialização e a propaganda de DEFs. As penalidades aplicáveis variam de advertências a multas, conforme a gravidade do fato e o porte da empresa, de acordo com o previsto na Lei nº 6437/77 e na Lei nº 9294/96. Além das penalidades, as empresas também são notificadas a retirar o site com conteúdo irregular”.

“Atualmente, a Anvisa possui contrato com uma empresa que monitora a internet, realizando o rastreio e mediando a retirada de links nos quais há identificação de comercialização de DEFs na internet. A ação iniciou em 2022 e, até o momento, foram retirados cerca de 1800 links que comercializavam DEFs”.

“Em busca ativa, realizada pela equipe de fiscalização, foram identificados e retirados 4.442 links com venda e propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar nas redes sociais”, disse a Anvisa, em nota oficial.

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