Editorial - Opinião sem medo!
Cidade do futuro, demandas do passado

Por anos e anos nós deste Popular, assim como praticamente toda a imprensa e autoridades políticas mineiras, reproduzimos veementemente que Nova Serrana é a cidade que mais cresce em Minas.
Esse discurso faz parte de um município que vem literalmente se multiplicando ao longo dos anos, e como em um salto no tempo, em aproximadamente 20 anos saiu de uma população de 30 mil pessoas, para se tornar a segunda maior cidade da região.
A oferta de emprego e a geração de renda é sem dúvidas o combustível para que esse desenvolvimento populacional fosse possível, afinal de contas somos uma cidade que oferece emprego, que tem trabalhadores relativamente bem remunerados e que acolhe gente de todos os cantos do país e até mesmo fora dele.
O grande problema é que, além disso, o que efetivamente temos a oferecer? Ao perceber que a cidade que mais cresce em Minas ofereceu por muito tempo menos do que o básico, chegamos à conclusão de que o desenvolvimento populacional, não seguiu, ou foi acompanhado diretamente pelo desenvolvimento humano.
Percebam caros leitores, todos os grandes projetos, as grandes promessas e propostas, que são feitas no município, apontam para um futuro melhor, com mais qualidade de vida, mas na verdade, olhando de forma neutra, o que temos são reparações que quando forem finalizadas, não necessariamente irão cumprir com eficiência a sua proposta, isso porque, daqui a dois ou três anos, o que hoje é considerado grande e inovador, estará muito perto de ser defasado.
Recentemente tivemos aprovado na Câmara Municipal a autorização de empréstimo na ordem de R$ 30 milhões, para realização de importantes obras, todas relacionadas a qualidade de vida. Muitas delas já nascerão defasadas, e não por falta de empenho da administração, mas sim porque nossa cidade cresce em um ritmo que não é acompanhado pelo tempo burocrático das intervenções.
Somente nesta semana tivemos aprovados os projetos da telefonia 5G, da cidade inteligente, recentemente tivemos ações como a construção de um Hospital Particular (que hoje nem funciona direito, pelo menos essa é a impressão), permuta para construção de acesso a rodovia BR 262.
Ações voltadas para a segurança, educação, lazer, saúde, meio ambiente e infraestrutura urbana, tudo isso vem tapando buraco literalmente, já que muito pouco é feito em uma perspectiva de 50 anos vindouros.
Entendam não estamos criticando a intervenção, estamos apenas pensando nas falas de Dete do Katôco (Avante), que afirmou que a Câmara está pensando no futuro de Nova Serrana. Pode até ser, mas percebemos que o que tem sido feito é enxugar gelo, com uma toalha sofisticada.
Aplaudimos sim as intervenções e cometendo o pecado de desvalorizar grandes ações do passado, afirmamos que a gestão de Euzebio Lago, com todas as dificuldades enfrentadas, é talvez a melhor da história de Nova Serrana em todos os sentidos sociais. Já que as principais mazelas que são Saúde, Educação e Segurança, vem sendo tratados com primazia.
Porém, o que vemos são uma gama de projetos, funcionais, mas não necessariamente ambiciosos, já que sua aplicação irá sanar parte dos problemas temporariamente, porque com a velocidade de crescimento de nossa cidade, em oito anos (no máximo) voltaremos a vivenciar os mesmos problemas.
A cidade do futuro tem que aprender com o passado, para que os problemas sejam sanados e não remediados. Se olharmos para trás vamos ver Paulo Cesar de Freitas, assinando um contrato com a Copasa que tinha tudo para ser a solução dos problemas hídricos e de tratamento de esgoto. Só não contaram com o fato de que em 10 anos a cidade iria literalmente duplicar o seu tamanho.
No final da história, nossa observação é para que não se cometa o mesmo erro de Paulo e Joel. As demandas que hoje afligem nossa cidade não serão solucionadas com uma obra que trará melhorias durante cinco, seis anos. Os problemas serão sanados com ações duradouras, caras e ambiciosas, que serão construídas dentro de uma ótica de que, nos próximos 20 anos nos tornaremos talvez, a maior cidade da região.
Dizem que estamos construindo uma cidade inteligente, uma cidade do futuro, mas isso será apenas mais uma ladainha política se os olhos da atual administração não estiverem focados nos próximos 50 anos. Sabemos que isso é difícil, já que temos que trocar a sola do sapado enquanto caminhamos a passos largos rumo ao crescimento. Mas esse é o desafio de quem projeta Nova Serrana, e não somente, tapa buracos, que foram deixados por governos que foram tudo, menos progressistas.