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Chegada do coronavírus assusta moradores de Serra da Saudade, menor cidade do Brasil

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Nem mesmo a cidade com a menor população do Brasil escapa da pandemia do novo coronavírus. Serra da Saudade, na Região Centro-Oeste de Minas, registrou os primeiros casos de COVID-19.
A informação foi confirmada pela Secretaria de Saúde local ontem. A cidade, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem 781 habitantes.
Em Minas Gerais, o número de casos confirmados chega a 94.132, sendo que 66.369 estão recuperados e 25.271 continuam em acompanhamento, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES). O total de mortos chegou ontem a 2.004.

Em março, moradores de Serra da Saudade, que tem apenas dois supermercados, uma padaria e uma loja, levaram um susto depois que foram feitas quatro notificações com suspeita da doença. Para alívio geral, todas foram descartadas pelas autoridades sanitárias. Desde então, não havia surgido nenhuma outra suspeita para testagem. Agora, no entanto, veio a confirmação.

De acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura, quatro pessoas de uma mesma família testaram positivo para a COVID-19 e uma quinta faria ontem o teste rápido. O resultado não foi divulgado até o fechamento desta matéria. Eles receberam visitas de parentes de Dores do Indaiá. Após a testagem, houve a confirmação e todos estão em isolamento domiciliar.
O perfil dos pacientes ainda não foi informado pela Secretaria de Saúde. As confirmações ainda não apareciam ontem no boletim da SES. Segundo a assessoria do município, novos testes estão sendo realizados antes dos confirmados serem lançados no sistema.

Medidas restritivas

Por se tratar de um município pequeno e até então sem vestígios do novo coronavírus, as medidas restritivas não foram tão rigorosas quanto em grandes centros. Os poucos comércios funcionam normalmente adotando as normas sanitárias de higienização. Por lá, apenas as aulas foram suspensas. A aposta foi na conscientização dos moradores com barreiras sanitárias e distribuição de kits de prevenção, como máscaras. Houve também mobilização, logo no início da pandemia, para evitar turistas.
No início desde mês, o secretário de Saúde, Amarildo Fernandes, já havia sinalizado receio com as viagens de moradores até as cidades referências da região. A decisão de não suspender a atividade econômica local foi baseada nos riscos de os moradores fazer compras em outras localidades. “Se eu fechar e o pessoal sair daqui, colocaremos o município em maior risco”, comentou na época.
Com as confirmações, a Secretaria Municipal de Saúde ainda não sabe quais os passos deverá seguir. A assessoria de comunicação disse que as possibilidades serão analisadas e deverá ser levado em consideração o fato de a contaminação ter ocorrido, supostamente, em função do contato com moradores de outro município.
A notícia pegou a população de surpresa. “Todo mundo ficou apreensivo, não deixa de gerar um pouco de pânico”, afirmou a conselheira tutelar Maria Aparecida Cardoso. Mesmo com o cenário de insegurança, ela diz que as medidas preventivas adotadas trazem mais tranquilidade. “A família, por consciência, tomou a iniciativa de se isolar há cerca de 10 dias”, contou.

Macrorregião 

Até domingo, Serra da Saudade figurava entre os cerca de 9% dos municípios mineiros onde o vírus ainda não havia chegado. O superintendente regional de saúde da macrorregião Oeste, Allan Rodrigo disse que a interiorização do vírus já era esperada. “Estávamos prevendo, em meados até final de abril, que a interiorização ia acontecer em junho e ela aconteceu mais tarde, em julho. Esse fenômeno que atrasou um pouco é em virtude do arranjo feito pelo estado em relação aos demais com medidas restritivas, por exemplo”, explica. Isso fez também com que a macrorregião tivesse mais tempo para se preparar.

“O contraponto é que já temos um plano regional para dar uma resposta assistencial a esses municípios, que é compatível com a demanda que a gente espera”, afirma o superintendente. Serra da Saudade responde à microrregião de Bom Despacho, que conta com a retaguarda de 40 leitos clínicos e outros 20 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A quantidade é suficiente, segundo Allan, desde que não haja sobrecarga com outros tipos de comorbidades e causas. O período de maio e junho teve um aumento de 15% de acidentes em relação ao ano passado”, conta. Isso faz com que leitos direcionados para o tratamento do novo coronavírus sejam ocupados por outros pacientes. Soma-se a isso agravamento de outras doenças comuns nesta época do ano, como pneumonia que também necessita de suporte.
Fonte: Por Amanda Quintiliano especial para o EM
Foto: Divulgação Prefeitura Serra da Saudade

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