Pandemia

Cerca de 1,5 milhão de idosos não tomaram nem a primeira dose

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Marisa Costa, 75, decidiu não se vacinar; “não tenho medo, trabalho meu psicológico de forma positiva”, afirma ela

Cerca de 1,5 milhão de idosos no Brasil não procuraram os postos de saúde para se vacinarem contra a Covid, segundo dados do Ministério da Saúde.

Em Minas, cerca de 102 mil não tomaram sequer a primeira dose.

São pessoas com mais de 60 anos que não se imunizaram por estarem doentes ou por terem alguma contraindicação médica, mas especialmente por negarem os efeitos positivos das vacinas.

A professora aposentada Marisa Costa Pinto, 75, faz questão de mostrar que optou por não se vacinar. “Nenhuma vacina no mundo foi elaborada em tão curto espaço de tempo.

Antes, a vacina mais rápida havia sido da caxumba, que demorou quatro anos. Também não foi respeitada nesse processo a periodicidade nos testes, observando ano a ano, estação a estação”, afirma a aposentada, acreditando também não haver estudos sobre efeitos colaterais.

Consumindo regularmente ivermectina, zinco e vitamina D (todos sem comprovação de eficácia contra Covid), Marisa afirma preferir focar os cuidados da imunidade corporal e mental. Ela vai ao clube diariamente e não deixou de viajar para o litoral do Rio de Janeiro. Mesmo com amigos e familiares insistindo para que ela se vacine, a aposentada diz estar convicta de não fazê-lo.

“Não tenho medo (da Covid), trabalho meu psicológico de forma positiva sempre”, garante.

As vacinas contra a Covid foram, realmente, desenvolvidas em tempo recorde porque houve uma mobilização inédita de toda a comunidade científica mundial. Além disso, diversos países investiram um enorme aporte financeiro nos projetos.

Alguns estudos de fase 3 foram mais curtos do que o usual, mas isso ocorreu devido ao caráter emergencial e teve acompanhamento de organizações de saúde.

Para que cada vacina fosse aprovada pela Anvisa e órgãos afins de outros países, técnicos se debruçaram sobre os resultados apresentados pelas farmacêuticas.

Os imunizantes podem provocar reações, como qualquer outra vacina ou medicamento, mas os casos graves são raríssimos.

Até abril, a Europa havia registrado 62 possíveis casos de trombose pelo uso da AstraZeneca, entre 9,2 milhões de doses aplicadas – um caso a cada 148.387 vacinados.

Cientistas garantem que a única maneira de se interromper a circulação do coronavírus é com a vacinação em massa – o ideal é que ao menos 70% da população esteja imunizada.

E, em cinco meses de aplicação no Brasil, já é possível garantir que muitas vidas foram salvas. “Sem dúvida é muito evidente a redução de internação de pacientes idosos.

Hoje é muito raro ver um paciente que foi vacinado ter uma gravidade da doença. Quando isso acontece, é porque a pessoa já tinha um quadro de saúde mais debilitado por outras doenças”, afirma Arnaldo Santos Leite, professor da Faculdade de Medicina da UFMG.

“Seguramente, a vacina é o medicamento mais importante na manutenção da vida. Não é uma aposta, já é realidade”, explica ele.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), atualmente os idosos são 46% dos mortos por Covid no Estado.

Em janeiro, os maiores de 60 anos correspondiam a 84% dos mortos pela doença. Os casos de internações por agravamento da doença também diminuíram nessa faixa etária: de 65% para 28% no período.

Minas vacinou 97% dos idosos

Segundo dados da SES-MG, 97% dos idosos em Minas foram vacinados contra a Covid, ante 95% na média nacional.

O dado reforça uma tendência histórica de o Estado ter as melhores coberturas vacinais do país, especialmente até 2017, de acordo com José Geraldo Leite Ribeiro, professor emérito da Faculdade Ciências Médicas e especialista em imunização.

Ele explica que, embora exista uma parcela de negacionistas entre os idosos, a maioria preferiu se vacinar por ter medo da Covid.

Mas a tendência é que a adesão não seja tão expressiva nas outras faixas etárias, conforme a vacinação for avançando.

“Muitos pais entre 20 e 30 anos nunca viram um caso de paralisia infantil, sarampo ou meningite. Conforme as doenças são controladas por meio de vacinas, a população perde um pouco o medo das doenças”, diz Ribeiro, acrescentando que a adesão vacinal tende a ser maior entre os públicos acima de 60 anos e abaixo dos 5 anos.

Um exemplo de como a adesão tende a ser menor entre outros públicos, segundo o professor, está na procura pela vacina ACWY, que evita quatro subtipos da meningite meningocócica.

Na rede particular custa em torno de R$ 400 e passou a ser oferecida gratuitamente a pré-adolescentes de 11 e 12 anos. “Nesse caso, a cobertura vacinal está em 35%”.

Para Ribeiro, o sucesso na vacinação da Covid e de outras doenças depende de um bom treinamento de profissionais da atenção primária e de ampla divulgação de comunicação bancada pelo Ministério Público.

Também é fundamental que a classe médica valorize as medidas de prevenção, para instruir melhor seus pacientes.

“Nossa tradição médica é muito curativista e pouco preventivista. A valorização sempre foi da cura. Com exceção do pediatra, os outros médicos não tendem a ver a prevenção como principal atividade”.

 

Fonte: O Tempo

Foto: Alexandre Mota/O TEMPO

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