EMPREENDEDORISMO
Casais LGBT driblam o preconceito e conquistam sucesso nos negócios
No Mês do Orgulho LGBTQIA+, Sebrae Minas conta histórias de dois casais de empreendedoras que, além dos desafios profissionais, ainda precisam lutar contra o preconceito diariamente
Desde 1969, junho é considerado o Mês do Orgulho LGBTQIA+. É um momento dedicado a ações afirmativas sobre o tema da diversidade sexual e de gênero. Porém, segundo levantamento realizado em 2020 pelo LinkedIn com mais de mil profissionais, 81% dos trabalhadores LGBTQIA+ acreditam que falta muito para as organizações acolherem melhor esse público. Cerca de três em cada 10 entrevistados revelaram já ter sofrido discriminação no ambiente de trabalho e 12% deles disseram que a agressão partiu de líderes com os quais trabalhavam.
“A diversidade é essencial ao desenvolvimento das pessoas, pois possibilita o exercício da tolerância, auxilia na convivência em sociedade, traz bagagem cultural e proporciona empatia. E empresas conscientes sabem que podem ser peças fundamentais na reversão desses dados”, afirma a analista do Sebrae Minas Maria Teresa Bassi.
Para ressaltar o papel que cabe às organizações no enfrentamento do preconceito, o Sebrae Minas conta duas histórias de empreendedoras que, além de encararem os desafios inerentes aos negócios, lutam diariamente por igualdade e respeito em suas empresas.
Desejo de empreender
Casadas há oito anos, Aline Aparecida Vicente Faria, 32, e Giselle Guerra Ramos, 36, sempre tiveram o desejo de empreender. Moradoras de Divinópolis, cada uma decidiu criar a própria empresa. Pautadas pelo desejo de uma sociedade mais igualitária, buscaram agir de forma a vencer o preconceito e o machismo, a partir das políticas que adotaram em suas organizações.
Giselle é publicitária e tem um ateliê criativo, onde desenvolve produtos digitais e oferece serviços de design e fotografia. Iniciou seu negócio em 2016, formalizou-se como MEI no mesmo ano e, desde então, expandiu sua atividade.
Aline, por sua vez, ajudava a companheira como fotógrafa, mas, desde que as regras de distanciamento se tornaram necessárias, se viu forçada a interromper a produção de ensaios. Buscando outra forma de renda, ela, que é vegetariana e já havia trabalhado com alimentação fora do lar, decidiu investir em cozinha e confeitaria veganas, oferecendo o serviço no formato delivery. “Voltei para a cozinha para aumentar a minha renda e oficializar a minha relação com a comida. Queria profissionalizar o negócio e me formalizei como MEI em 2021”, conta.
Mais inclusão
As empreendedoras se empenham para tornar o mercado de trabalho mais inclusivo. “Priorizamos dar oportunidades para pessoas LGBTQIA+ na divulgação de alguma vaga ou trabalho temporário e na escolha de projetos, no caso do ateliê”, ressalta Giselle.
A publicitária reconhece que mesmo dentro da comunidade ainda há grupos que precisam de mais suporte do que outros. “Nem todo LGBTQIA+ vive o mesmo contexto. Uma pessoa trans, por exemplo, tem menos chance de um emprego formal do que um homossexual. Por isso, nossa ideia é abranger prioritariamente esse público. As empresas em geral não entendem esse recorte e acabam por reforçar muitos estereótipos. Mesmo que contratem profissionais LGBTQIA+, várias ‘letrinhas’ ainda ficam de fora”, avalia.
Unidas pelo amor e pelo artesanato
Desafios não faltaram na vida das artesãs Natália Escobar e Mariana Oliveira, antes e durante a pandemia. Em 2013, após ter uma trombose diagnosticada, a então publicitária Mariana se viu forçada a abandonar a profissão e passou a se dedicar ao artesanato em macramê. Assim, foi criada a Namastê Roots. Porém, foi depois de quatro anos que o negócio ganhou força. “Quando conheci a Natália, eu não enxergava o negócio como uma empresa. Não tinha fluxo de caixa e muito menos tabela de precificação. Foi ela quem trouxe esse olhar para dentro do negócio”, explica Mariana.
As duas se conheceram em 2017, no município de Conceição das Alagoas. Decidiram sair para coletar cristais da terra, uma das matérias-primas utilizadas na Namastê Roots, e acabaram se apaixonando. Poucos meses depois, elas foram morar juntas em Uberaba, cidade natal de Mariana.
Já em 2020, Natália se dividia entre o trabalho no negócio e o emprego em um veículo de comunicação, onde atuava como jornalista. Com a pandemia, ela foi demitida e, a partir daí, passou a se dedicar integralmente à Namastê Roots, assumindo a comunicação, administração e o atendimento da empresa, enquanto Mariana ficava por conta da criação, produção e estoque.
Vendas on-line
Pensando em novos canais de vendas, Mariana e Natália resolveram investir na internet. E foi no site do Sebrae Minas que elas encontraram todo o conteúdo que precisavam para preparem a empresa para o mercado virtual. “O Sebrae nos ajudou a dar um impulso no negócio. Mudamos nossa identidade visual, ampliamos nossa presença on-line, aprendemos mais sobre precificação, atendimento e condições de venda, e passamos a enviar nossos produtos para fora de Uberaba”, conta Mariana.
Em pouco tempo, elas abriram uma loja virtual em uma plataforma on-line especializada em artesanato e lançaram a primeira coleção de produtos. “Aumentamos em 113% nosso faturamento. Chegamos a estados em que nunca pensamos em alcançar. Hoje, comercializamos as peças para todas as regiões do Brasil. Temos trabalhado muito para fazer com que nosso artesanato chegue a mais pessoas que, como nós, valorizam o que vem da terra, sem comprometê-la”, comemora Natália.
Fonte: Sebrae Minas
Foto: Divulgação/Sebrae Minas
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