Cidadania
Caminhando na direção do enfrentamento ao preconceito
Em uma sociedade em que a cada 16 horas uma pessoa é morta pelo preconceito relacionado à homofobia, o dia 17 de maio, representa a possibilidade de conscientizar e dialogar em busca de respeito
O Dia 17 de maio é uma data mais do que especial para milhões de pessoas em todo o mundo. A data é marcada por uma publicação única, em que as Organizações das Nações Unidas (ONU) publicou oficialmente, no ano de 1990, que o homossexualismo não é uma doença.
Devido a importância do anúncio em esfera global, e mediante a todas as dificuldades vivenciadas e o absurdo número de crimes, físico e psicológicos cometidos contra os homossexuais, foi instituído oficialmente no dia 17 e maio o Dia Internacional de Combate à LGBTfobia.
Uma data que para muitos não tem qualquer relevância, mas isso é sim um presságio da ignorância e do preconceito velado, que impede a muitos que as vendas tiradas e os olhos sejam abertos para que se perceba o quanto a violência em forma física ou discriminatória é enfrentada por aqueles que têm coragem para assumir sua identidade e gênero sexual.
Assim como publicado por este Popular, expondo as dificuldades das mulheres em tempos de pandemia, pela violência familiar, de forma semelhante o público LGBT também é exposto a violências diárias com a pandemia.
A crise global causada pelo novo coronavírus “está exacerbando as dificuldades da população LGBTQ+”, reconheceu a ONU em um comunicado divulgado em abril. A instituição explicou na época que essa minoria “muitas vezes encontra discriminação e estigmatização ao buscar serviços de saúde, e é mais vulnerável à violência e outras violações dos direitos humanos”.
Uma pesquisa internacional realizada com 3,5 mil homens gays, bissexuais e transexuais pelo aplicativo de relacionamentos Hornet confirmou que 30% dos entrevistados responderam que não se sentem seguros em casa durante o isolamento.
Mesmo que a LGBTfobia já seja declarada como crime pelo Supremo Tribunal Federal (STF), muitas vítimas relatam dificuldades em denunciar familiares próximos, como pais e mães, e se veem sem ter onde buscar abrigo após uma denúncia.
Assim como em crimes de natureza sexual e abusos emocionais em muitos dos casos as maiores barreiras presenciadas pela comunidade LGBTQ+ está em seu ciclo social, familiares, vizinhos, conhecidos, o preconceito que é o maior inimigo precisa ser vencido e é o maior desafio a ser superado por uma significativa parcela da população que não deseja nada mais do que respeito.
Enfrentamento
Segundo um dos lideres do movimento LGBTQ+ em Nova Serrana Adan Pitter, o dia 17 de maio, é uma data muito importante para o movimento isso porque “ela representa um marco histórico na luta pela afirmação que somos “doença”. Muitos ainda insistem em tentar propagar tal situação, mas está mais do que comprovado que isso nunca existiu. Pois se fazemos uma análise histórica vamos compreender que patogolisar comportamentos são exercidos para controlar a sociedade. Mas sabe que não tem como controlar comportamentos”. Disse Adan
Mesmo com os avanços referentes a conscientização e enfrentamento ao preconceito, dados apontam que no Brasil entre 2011 e 2018 em média uma pessoa é morta a cada 16 horas, devido a ataques preconceituosos relacionados a comunidade LGBT. Segundo historiadora e psicopedagoga Renata Lopes, 33 anos, mesmo com os avanços sociais para determinados grupos ainda é perigoso devido a crimes relacionados a públicos específicos.
“Acredito que ainda é perigoso, dependendo da situação, principalmente para travestis, homens e mulheres trans. O que acho que mudou, foi a conscientização do próprio LGBTQ+ sobre os seus direitos, pois, qualquer tipo de discriminação é crime e sabendo disso, fica mais fácil não aceitar ser diminuído ou menosprezado”. Disse Renata
No entendimento da historiadora, “de maneira geral, a sociedade ainda tem muito que aprender no trato com pessoas que não estão dentro do “padrão”. Ainda existe a necessidade de corrigir falhas de comportamento inseridas na fala como piadas, frases, ditados que colocam o gay de maneira pejorativa. Mas, apesar de alguns retrocessos, acredito que o respeito pela orientação do outro tem melhorado”, considerou.
O enfrentamento ao preconceito no entendimento do professor Marcos Alves Da Silva, é algo que vai perdurar, ainda que nos tempos de hoje, a comunidade LGBTQ+ tenha mais possibilidades de se expressar e promover um debate sadio. “A sociedade sempre vai ter uma posição diferente e ate mesmo controverso, da realidade de muitos, mas não quer dizer que iremos nos calar pra sociedade. Analisando eu não diria que mudou por completo, mas sim mudou muito, hoje tempo mais liberdade de nos expressar e ser quem nos realmente somos, o que precisamos e queremos hoje é um pouco mais de respeito e reconhecimento, pelo o que nós somos”. Pontuou Marcos.
No caminho
Os três entrevistados deste Popular no entanto foram unanimes em um pensamento, como sociedade o que não se pode apagar são as conquistas com o enfrentamento do preconceito e desenvolvimento social.
Para Adan Pitter, exemplo claro desta evolução é justamente o fato de hoje, estarmos debatendo publicamente a necessidade de se respeitar as diferenças. “Já estamos dando passos relevantes para vivermos em uma sociedade menos preconceituosa, já vivenciamos está realidade. Um exemplo é hoje estamos aqui debatendo está questão em veículos de comunicação que são para de fato causar está reflexão e conseguirmos promover uma cultura de paz”. Expôs Adan.
Por sua vez, Marcos entende que “sim, talvez a sociedade hoje seja mais tolerante, mas tudo é um processo, temos muita luta pela frente, e tenho certeza que com o tempo tudo vai se encaixar no seu devido lugar, e pessoas sem conhecimento, e preconceituosas, vai entender que não é a forma correta, que amar o próximo independente de qualquer coisa, é sempre a melhor opção”.
Por fim a Renata ressaltou que mesmo com os avanços ainda existam formas preconceituosas de diminuir aqueles que são diferentes, contudo a sociedade tem compreendido melhor sobre as diferenças e orientações. “Me considero aceita, nunca tive problemas por ter um relacionamento homo afetivo, mas, já tive e tenho por ser negra. O peso da cor as vezes interfere mais do que a orientação sexual. As articulações do movimento LGBTQ+ mostra o avanço das políticas públicas e sociais no trato com esta comunidade. Existem ainda pessoas que se incomodam com a intimidade do outro, fazendo ataques virtuais, presenciais, chacotas, entre outras maneiras de diminuir o LGBTQ+, mas, por outro lado, o respeito, a tolerância e o medo da prisão são fatores a serem considerados. Acredito também que a sociedade tem compreendido melhor sobre orientações sexuais e de gênero, espero e mentalizo que a compreensão seja partilhada incondicionalmente”. Finalizou.
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