Busca por crédito desacelera com taxa de juros elevada

A demanda por crédito destinada às empresas em Minas Gerais ficou praticamente estável e cresceu apenas 0,1% em novembro do ano passado, comparado com o mesmo período de 2023. O resultado ficou bem acima da média nacional, que apresentou queda de 3,7%, de acordo com dados do Indicador de Demanda das Empresas por Crédito da Serasa Experian. Frente a outubro, a busca por crédito pelos negócios mineiros caiu 7,4%.

A economista da Serasa, Camila Abdelmalack, explica há uma desaceleração na busca das companhias pelo recurso financeiro, em meio a uma perspectiva de elevação da taxa básica de juros (Selic), mas que estados com um setor agropecuário mais forte podem enfrentar este momento como menos turbulência.

Em Minas Gerais, além da estabilidade na comparação ano a ano e queda na variação mensal, o levantamento registrou que, até novembro, a busca das empresas pelo recurso financeiro cresceu 4,6% no acumulado do exercício passado e 4,5% nos últimos 12 meses.

Os resultados do acumulado do ano e dos últimos 12 meses, afirma a economista da Serasa, são reflexos do aquecimento do mercado de crédito nos últimos anos, em virtude de uma economia também aquecida. Mas, para este ano, há preocupação quanto ao desempenho do mercado em um cenário de elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central (BC).

“Provavelmente terá uma desaceleração da demanda de crédito, por uma elevação da taxa de juros. Há expectativa de desaceleração econômica por conta desse contexto, então, se vimos ali crescimento, para esse ano vamos ver uma desaceleração e um crescimento mais próximo de 1,5% e 2%”, declarou Camila Abdelmalack.

Ela afirma que este é um cenário generalizado para a economia brasileira, afetado também por uma desvalorização cambial e maior pressão inflacionária. Mas setores que são menos sensíveis aos ciclos econômicos, como o agronegócio, devem conseguir manter a demanda durante a desaceleração econômica.

Este fator favorece estados em que a agropecuária é mais representativa na composição do Produto Interno Bruto (PIB) regional, como o caso de Minas Gerais.  “Isso vai acabar fazendo com que o Estado consiga atravessar por esse momento de uma maneira um pouco menos turbulenta do que outros estados vão enfrentar”, disse.

A economista ressaltou que, para este ano, as estimativas para o setor agropecuário estão mais otimistas e com bastante relevância para a atividade econômica nacional. “Olhando para a demanda por crédito, pode ser que os estados com agropecuária forte sejam menos afetados por esse contexto da economia nacional”, finaliza Camila Abdelmalack.

Indústria, comércio e serviços reduzem demanda por crédito

Na região Sudeste, o Espírito Santo fechou o penúltimo mês do ano passado com o avanço mais expressivo na demanda das empresas por crédito, com alta de 5% frente ao mesmo período do ano anterior. O estado capixaba também liderou o ranking nacional. São Paulo apresentou recuo de 2,8%, enquanto no Rio de Janeiro a retração foi ainda maior, de 12%.

No País, o levantamento revelou que a procura por crédito em novembro de 2024 foi maior entre as grandes empresas, com pequena alta de 0,8% na comparação anual. Diferente das companhias médias, que registraram queda de 2,1% na demanda. A busca pelo recurso entre Micro e Pequenas Empresas (MPEs) apresentou redução ainda maior, de 3,8% no período.

Na análise por setores, a categoria “Demais” – que contempla empresas do segmento “Primário”, “Financeiro” e do “Terceiro Setor” –, teve crescimento de 8,7% na demanda por crédito. Já a “Indústria” obteve a maior retração, de 8%, seguida pelo “Comércio”, com queda de 5,8%, e “Serviços”, com baixa de 1,8%.