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BH: endividamento das famílias bate recorde e se aproxima dos 90%

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O endividamento das famílias de Belo Horizonte fechou 2021 em 88,9%, aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Fecomércio MG. Essa taxa é recorde da série histórica do levantamento, iniciada em 2014, e se refere ao mês de dezembro do ano passado.  As informações são do jornal O Tempo.

Os dados vêm da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Nesta semana, a CNC também divulgou um endividamento recorde da população brasileira, que fechou 2021 com o indicador de 70,9%.

O número de BH chama a atenção, mas não é, necessariamente, negativo. De acordo com Gabriela Martins, economista da Fecomércio, parte desse endividamento é importante para fazer o dinheiro “girar” na cidade.

“O endividamento não é ruim. Significa que as pessoas estão tendo acesso ao crédito e estão conseguindo consumir. Isso é positivo, porque as pessoas estão gastando dinheiro e girando a economia. Só que isso também gera inadimplência. Uma pessoa inadimplente passa a não ter acesso fácil ao crédito”, explica.

Quanto à inadimplência em BH, a Fecomércio informa que 39% da população tinha contas em atraso em dezembro. Esse dado só fica atrás de novembro no recorte de 2021. No mês anterior, a pesquisa media 39,1%.

“O desemprego e a inflação estão muito grandes. Cidades grandes como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro têm inflações maiores. Então, o custo de vida acaba sendo mais alto e compromete a renda das famílias”, destaca Gabriela Martins, economista da Fecomércio.

A pesquisa também estuda o percentual de famílias que afirmam não ter condições de pagar seus débitos. Neste quesito, BH fechou dezembro com 15,5% de incerteza quanto à quitação das contas – maior que a média nacional de 10,5%.

Tipos de dívida

Assim como no levantamento nacional, o cartão de crédito é o grande vilão do endividamento: 79,6% das famílias têm dívidas do tipo. Mas, isso não quer dizer que essas contas estão, necessariamente, atrasadas. Certo é que ainda não foram quitadas.

Depois do cartão, os carnês (25,9%) e o cheque especial (8,7) são as dívidas que mais oneram o bolso do belo-horizontino.

Gabriela Martins explica que um dos motivos principais para o uso do cartão de crédito é o aumento da inflação, que afeta a aquisição de bens essenciais como alimentos, combustíveis e energia. “Dessa forma, as famílias procuram cada vez mais o crédito para seu consumo básico”, explica a economista da Fecomércio MG.

E o futuro?

Segundo a economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins, esse aumento do endividamento das famílias já era esperado diante da alta da inflação.

Futuramente, ela espera que a taxa continue alta pela mudança do comportamento do consumidor após a pandemia.

“O uso dos meios digitais para fazer compras, e por consequência o uso, muitas das vezes, do cartão de crédito, significam que as pessoas estão adquirindo produtos e fazendo compras on-line. A expectativa é que o endividamento continue subindo nas próximas pesquisas”, analisa.

O levantamento

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor orienta os empresários do comércio de bens, serviços e turismo que utilizam o crédito como ferramenta estratégica.

Para elaborar a pesquisa, foram entrevistados consumidores em potencial residentes na capital mineira. A margem de erro, é de 3,5%, e o nível de confiança é de 95%.

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