Religião
“Bênção não altera posição da Igreja em relação ao casamento gay”
Para especialistas, decisão da Igreja Católica de abençoar casais gays não é um “passo” para o reconhecimento do matrimônio homoafetivo
“Papa Francisco não está avançando no sentido de permitir, mas está avançando no sentido de criar uma categoria que garanta o acolhimento aos homossexuais, sem com isso levar a um sacramento dado ao casamento homoafetivo”, explica o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Com informações de BBC News.
Na segunda-feira (18), a Igreja publicou uma declaração doutrinária que permite bênçãos a casais homoafetivos e outros considerados “irregulares” pelas regras católicas — como os casais em segunda união.
A declaração de certa forma corrige uma anterior de 2021.
Na ocasião, foi afirmado que o catolicismo não abençoava uniões homoafetivas, enfatizando que “a Igreja não dispõe, nem pode dispor, do poder de abençoar uniões de pessoas do mesmo sexo”.
“O que se sabia é que o papa não tinha ficado muito satisfeito com a versão final do documento de 2021”, diz o vaticanista Filipe Domingues, professor na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
“Tanto que, depois disso, ele fez vários gestos e falou de uma forma contrária àquilo que havia sido dito no comunicado”, acrescenta, lembrando dos discursos de acolhimento de Francisco às pessoas LGBTQIA+ e a outros grupos historicamente “excluídos” da Igreja.
Mas, além de essa benção indicada não ser um sacramento, ela “não significa uma aprovação [por parte da Igreja] da relação que casais homoafetivos têm. Significa uma aprovação do desejo que eles têm de fazer o bem”, resume Ribeiro Neto.