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Economia

Aumento da pobreza e fome entram no centro da discussão politica das eleições

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No momento, o presidente Jair Bolsonaro tem a mão o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, como a principal vitrine social do governo. O novo programa social, que pagará um benefício de R$ 400, é lançado no momento em que os reflexos econômicos da pandemia do novo coronavírus ficam cada vez mais evidentes, como a inflação acima de 10%, os juros subindo, o desemprego insistente e o aumento da pobreza, que tem feito 19 milhões de brasileiros passarem fome. As informações são do Correio Brasiliense.

Essa situação começou a ser explorada pelos adversários do presidente e tem tudo para crescer nos debates eleitorais, sobretudo se o país mergulhar na recessão. A primeira a chamar a atenção para isso foi a senadora Simone Tebet (MS), pré-candidata do MDB à Presidência da República. Ao se lançar para a corrida eleitoral, ela foi clara:

“Essa missão tem um clamor. Tem o clamor da urgência. Porque o nosso povo, o povo brasileiro está morrendo de fome. Depois de centenas de milhares de brasileiros terem morrido por uma saúde pública omissa, insensível e negacionista, enquanto, nos lares, faltam cidadãos brasileiros, nas ruas, nós temos o cenário da indigência total”, destacou.

Para Raquel Borsoi, analista de risco político da Dharma Politics, a capacidade de Bolsonaro de atrair o apoio de mais eleitores “ainda é uma incógnita”. “O presidente aposta em uma lógica de que, para além das estruturas de campanha baseadas na internet, o Planalto se esforça em consolidar um apoio do mainstream político. Nesses termos, PL, PP, além de possivelmente o Republicanos e outros partidos do Centrão, darão a força de palanques estaduais que Bolsonaro não possui”, diz Raquel, para, em seguida, fazer um alerta: “O que se sabe é que o presidente, apesar do momento de fragilidade, possui controle da máquina pública e do orçamento. E isso, por si, dá a ele protagonismo”, mesmo tendo perdido 40% dos eleitores que o levaram ao Planalto.

Diálogo com a base

A analista também destaca que Bolsonaro, possivelmente, reforçará o diálogo com sua base de apoio, insistindo em alguns dos elementos que o levaram ao poder em 2018.

Já para Guilherme Casarões, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), há chances reais de Bolsonaro não se reeleger em 2022, sobretudo em razão do perfil dos principais adversários. “Sem dúvida, Bolsonaro tem dois adversários muito fortes para 2022, que são o ex-presidente Lula e o ex-ministro Sergio Moro”, observa.

Para Casarões, ambos ameaçam a candidatura bolsonarista, mas por razões diferentes. “Bolsonaro e Lula quase disputaram em 2018, não fosse a prisão do petista, e Moro é uma figura que ocupa um espaço dentro da direita que acaba tirando votos do Bolsonaro, acaba enfraquecendo a candidatura ou pelo menos parte dos seus argumentos. Então, não será uma tarefa fácil”, salienta.

O cientista político acredita, ainda, que, como em outras campanhas à reeleição, a máquina pública será colocada para trabalhar a favor do presidente. “Qual é a grande vantagem que o Bolsonaro tem se comparado a 2018? Ele tem mais recursos. A máquina do governo certamente vai funcionar a seu favor, e isso, como a gente sabe, no caso brasileiro, é um elemento decisivo”, explica. (JV e IS)

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