Violência
Ataques em escolas: é possível ‘prever’ os crimes? Especialista responde
Luiz Flávio Sapori, especialista em segurança pública e professor da PUC Minas comentou sobre o papel das escolas e o monitoramento do comportamento dos jovens
O ano de 2023 registrou o maior número de casos violentos em escolas no Brasil. O especialista em segurança pública e professor da PUC Minas, Luiz Flávio Sapori, conversou com a Itatiaia e afirmou que os atos são uma ‘nova manifestação de violência no Brasil’, que ainda é difícil de entender e de diagnosticar. Com informações de Itatiaia.
De acordo com o especialista, estes atos violentos tem sido mais recentes nos últimos cinco anos. Além disso, é possível mapear que os autores na maioria das vezes se tratam de jovens que experiências de exclusão, perseguição, transtornos e traumas dentro do ambiente escolar, que provocam uma personalidade agressiva e um desejo de vingança.
Para o professor, o acesso às armas de fogo não é determinante para os crimes, mas é um elemento que oportuniza o cometimento do ato.
“O caso de semanas atrás, em Poços de Caldas, foi uma arma branca, uma faca, não uma arma de fogo. Não podemos dizer que a arma de fogo causa o fenômeno, mas ela é um fator de risco”, relata.
Papel das escolas
Sapori afirma que as escolas tem como papel investir no monitoramento das atividades e relação entre os jovens, com o intuito de evitar situações de bullying, exclusão e perseguição dos colegas, que funcionam como ‘gatilho’ para o comportamento agressivo.
“É fundamental nos próximos anos que os sistemas públicos e privados de ensino invistam na contratação de profissionais especializados no atendimento psicológico que possam monitorar a vida e a relação entre os jovens. O professor, de maneira geral, está lidando com muitos alunos e estão envolvidos com atividades rotineiras, procedimentos burocráticos da escolas, muitas vezes eles não tem formação para identificar um aluno ou aluna com indícios de transtornos, isso é uma tarefa de profissionais especializados”, completa.
Como se portar diante dessa dificuldade?
O professor afirma que ainda é preciso tomar conhecimento e se aprofundar nos atos para que medidas concretas sejam propostas.
“Ninguém vai resolver esse problema sozinho, ne os pais, nem a escola e muito menos a polícia. Não podemos achar que vamos ter solução para esse problema, ainda não encontramos uma solução no mundo sobre isso”, relata.
Os especialista reafirma a necessidade de investimento no acompanhamento psicológico dentro das escolas. Além disso, afirma que os pais precisam estar atentos ao comportamento dos filhos, principalmente aos indícios antissociais e aos conteúdos consumidos na internet.
Por fim, ressalta sobre o monitoramento policial nas redes sociais, onde muitos jovens anunciam com antecedência que vão cometer os atos.