Cidadania
Ascanova pede atenção e ajuda
Associação de catadores passa por problemas burocráticos e administrativos, teve benefícios do executivo cortados e necessita de ajuda para manter suas atividades
A coleta Seletiva em Nova Serrana realizada pela Associação de Catadores de Nova Serrana (Ascanova) está comprometida e entidade corre o risco de ser extinta caso medidas não sejam tomadas pelo executivo e empresários de Nova Serrana.
Após ter iniciado as atividades com 22 catadores associados hoje a instituição conta com apenas três fazendo o recolhimento do material e a falta de um veículo que seria destinado para o recolhimento do material tem tornado o trabalho dos catadores da associação inviável.
De acordo com Maria Francisca da Silva, ex-presidente da associação, os benefícios que eram fornecidos pelo executivo municipal foram cortados e a associação passa agora por dificuldades para continuar promovendo a coleta seletiva.
A ex-presidente que responde pela instituição, afirma que hoje com o apoio do executivo encerrado, a instituição não consegue manter seus catadores e promover o subsidio das famílias. “Os catadores alimentam suas famílias com esse trabalho, hoje com as condições que estamos enfrentando eles entendem que é mais viável trabalharem de forma independente, dai tínhamos 22, depois passaram para 14 pessoas e hoje apenas umas 4 pessoas fazem a coleta pela associação”. Disse Maria Francisca.
O que mudou
Segundo Francisca, quando iniciado o projeto na gestão do ex-prefeito Paulo Cesar os catadores recebiam benefícios como cesta básica e um caminhão que fazia a coleta e levava material ao comprador na cidade de Pitangui.
De acordo com Francisca esses benefícios foram interrompidos na gestão do atual prefeito. “Nunca tivemos convênio com a prefeitura, mas nos mandatos dos outros prefeitos tínhamos caminhão para fazer a coleta do material. A gente tinha cesta básica, nos ajudavam, hoje não estão auxiliando em nada, hoje não temos nem condição de tirar o material do lixo, o pouco que tiramos temos que pagar caminhão para fazer o carreto e levar até Pitangui onde o material é vendido. Só de lixão temos 35 anos, lá no galpão estamos abertos a sete anos, mas a situação não melhorou em nada. Nesse atual mandato foi tirado foi tudo. Não tem tempo para tratar nada conosco, nunca nos atendem.”, afirma Francisca.
A representante da Ascanova afirma que questões burocráticas são a alegação do executivo para interromper o auxilio, contudo ela afirma que hoje os catadores não tem condições financeiras de regularizar sem o apoio da gestão. “O novo prefeito afirmou que teríamos dois caminhões, ele pediu para arrumarmos o documento. Nas reuniões eles alegavam que se arrumássemos os documentos o caminhão seria disponível. Hoje tem uma multa, porque não tiveram eleições nos anos passados, então ficou travado na receita federal, fica em torno de 12 mil, o papel ficou na prefeitura por muitos meses para que a prefeitura no ajudasse com um contador, depois de bastante tempo, eles falaram que nós teríamos que contratar algum contador, mas não temos dinheiro pra isso”. Explicou Francisca.
Qual a atual condição
Quando começou eram 22 pessoas participando da associação, hoje são 14 pessoas que vivem e dependem da Ascanova, a representante da entidade explica que os associados elas foram saindo à medida que parou de entrar dinheiro, “elas tem criança para tratar e cuidar e como não estávamos vendendo muito diminuiu a participação”, diz Francisca.
Para manter as atividades a instituição conta com um galpão alugado pela atual gestão, que segundo a Ascanova é pequeno e não dá as condições ideais de trabalho, sendo que o maquinário utilizado é emprestado. “Hoje a prefeitura paga um galpão na rua Juscelino Ferreira, número 2405 no Frei Paulo, mas o espaço lá é muito pequeno, nós não temos nenhum maquinário, é tudo emprestado, a situação que vivenciamos, é difícil pois o proprietário do maquinário falou que se não melhorar o recolhimento ele irá buscar os equipamentos emprestados. Para se ter uma ideia hoje no galpão nem um bebedor de água nós temos e tudo isso foi prometido pela prefeitura”. Pontua Francisca.
A situação financeira da associação está comprometida pelo fato de que hoje para conseguir comercializar os pouco mais de 4 toneladas que são recolhidas semanalmente, eles tem que pagar o carreto que leva o material até a cidade de Pitangui. “Essa semana não temos como nem pagar o caminhão para vir pegar o material que vendemos, vendemos o material para comer e como vamos fazer, e ainda tem essa paralização. Nós ajudamos ao meio ambiente será que eles da prefeitura não se preocupam com isso”? Indagou Francisca.
Volta para o lixão
Com os problemas vivenciados pela associação muitos catadores voltaram a trabalhar no lixão, além das condições inadequadas outra polêmica gira em torno desse fato e isso, porque o secretário de Meio Ambiente, Remirton José, teria afirmado em uma entrevista a rádio 96 que os catadores estariam colocando fogo em material no lixão, o que causa poluição do ar e teria sido um dos motivos causadores de um acidente com um motociclista na ultima semana.
Diante do fato a representante dos catadores justificou que os incêndios não são causados pelos catadores. “Eles falaram que nós, pessoas que trabalham no lixão, estamos colocando fogo no material. Isso é uma mentira pois tomamos prejuízo com isso, esse é nosso ganha pão, porque vamos colocar fogo no que é nosso ganha pão. As pessoa põe fogo nos tambores que são recolhidos e quando despejados no lixão o fogo se alastra. Também tem pessoas que vão despejar mercadorias ilegais e colocam fogo no lixo nos fins de semana”. Justificou Francisca.
Por fim a representante dos catadores pediu ajuda a população de Nova Serrana. “Também queríamos pedir a população de Nova Serrana, que nos ajude. Aqui tem muito material, as pessoas de fora vem e tem apoio, nós trouxemos a reciclagem em Nova Serrana, a gente vem com essa luta, começamos no lixão do Romeu Duarte, depois no Moreira, queremos pedir as pessoas que querem ajudar o meio ambiente que nos ajudem porque não temos caminhão para buscar. Nós tínhamos o papel do Mac e do ABC mas como não temos mais o caminhão perdemos o material todo. Precisamos do apoio da população para mantermos nosso trabalho com dignidade”, finalizou a representante da Ascanova Francisca Maria.
Executivo
Na manhã de quinta-feira, dia 24 de maio, foram encaminhados ao setor de comunicação da prefeitura questionamentos sobre a situação da parceria e interrupção do auxilio da prefeitura para com a associação.
Contudo até o fechamento dessa edição não obtivemos resposta oficial sobre o assunto.
Em contato com a Secretaria de Comunicação foi informado que os questionamentos já haviam sido repassados ao setor responsável, e que o assunto demanda maiores atenções pelos inúmeros fatores envolvidos.
Assim este Popular se disponibiliza para publicar uma matéria exclusiva na próxima semana com o posicionamento do executivo quanto a situação exposta nesta matéria.