Governo Federal

Ao menos seis ministros de Lula usaram o orçamento secreto; saiba quem e os valores

Publicado

em


Somente em 2022, novos ministros indicaram R$ 221 milhões; as emendas de relator foram alvo de crítica do presidente

Seis ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) utilizaram R$ 221 milhões do orçamento secreto em 2022. As RP9, como são chamadas as emendas de relator, foram criticadas pelo petista por causa da ausência de transparência e de regras claras para a distribuição dos recursos.Confira abaixo o grupo de ministros:
– Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ), Turismo;
– Juscelino Filho (União Brasil-MA), Comunicações;
– André de Paula (PSD-PE), Pesca e Aquicultura;
– Alexandre Silveira (PSD-MG), Minas e Energia;
– Carlos Fávaro (PSD-MT), Agricultura e Pecuária; e
– Waldez Góes (PDT-AP, em migração para o União Brasil), Integração e Desenvolvimento Regional.

O campeã de indicações é Daniela do Waguinho, que informou ter utilizado R$ 73,7 milhões do orçamento secreto entre 2020 e 2022. Desse montante, R$ 43,7 milhões foram apadrinhados somente no ano passado, e a maior parte foi destinada a Belford Roxo (RJ).

O município da Baixada Fluminense é comandado por Waguinho, marido da ministra e presidente estadual do União Brasil no Rio de Janeiro.


Em seguida, aparece Waldez Goés, com a indicação de R$ 58,9 milhões em 2022. Goés assumiu o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, pasta que controla a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), estatal que virou foco de suspeitas de fraudes em licitações, lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos.

Outro ministro do governo petista que utilizou os recursos foi André de Paula, titular da Pesca e Aquicultura. Como deputado federal, ele fez a indicação de R$ 23 milhões em 2022. O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, informou ter indicado R$ 16 milhões no mesmo período. Alexandre da Silveira, ministro de Minas e Energia, indicou R$ 4 milhões.

Em nota, a equipe de comunicação de Alexandre da Silveira informou ao R7 que o ministro “sempre posicionou-se contrário à forma como era concebida as emendas de relator (RP 9). A partir do momento que elas existiam, no entanto, como senador da República, ele tinha o dever de lutar por verbas para seu estado, Minas Gerais, o que ele sempre fez com transparência e atendendo ao interesse público”.

R7 procurou os demais ministros citados, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.


Bases de dados

As informações sobre o orçamento secreto estão disponíveis em duas bases de dados, uma no sistema da Câmara dos Deputados e outra entregue pelo Congresso Nacional ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ação que determinou ampla publicidade da distribuição de recursos das emendas de relator em 2020 e 2021.

Orçamento secreto

Durante a campanha, Lula não economizou nas críticas às emendas de relator. Mais de uma vez, o presidente disse que o orçamento secreto é “a maior excrescência política orçamentária do país” e se comprometeu a não governar sob as regras do “toma lá, dá cá”.

As emendas RP9 (emendas de relator-geral) foram criadas em 2019, durante as discussões legislativas do Orçamento Federal de 2020. O dispositivo foi apelidado de orçamento secreto e se tornou polêmico, principalmente, pela falta de transparência e por ser usado como artifício para obter apoio para a aprovação de matérias.

Leia também: Congresso aprova projeto que altera regras do orçamento secreto

Diferentemente das emendas individuais, não existia o registro do nome de quem direcionou valores nem do destino final. Também não havia distribuição igualitária.

Em 19 de dezembro, o STF declarou o orçamento secreto inconstitucional. Segundo a corte, “esse tipo de prática orçamentária foi declarado incompatível com a ordem constitucional brasileira, e as emendas do relator-geral devem se destinar, exclusivamente, à correção de erros e omissões”.

Tendência

Sair da versão mobile