Educação
Alfabetização má avaliada frustra aposta de Bolsonaro no ensino domiciliar
O desempenho dos alunos brasileiros no ciclo de alfabetização despencou com o fechamento das escolas por causa da pandemia, mostram os dados de avaliação federal da educação básica de 2021, divulgados nesta sexta-feira (16/9). As informação é do jornal O Tempo.
Os resultados frustram a aposta do governo Jair Bolsonaro (PL) em atividades de alfabetização em casa, desenvolvidas mesmo antes da pandemia. As provas do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) foram aplicadas a uma amostra de alunos do 2º ano do ensino fundamental. A queda em língua portuguesa foi bem acentuada, destoando inclusive do prejuízo identificado nas outras etapas da educação básica.
Houve uma perda de 24,5 pontos na proficiência média desses estudantes entre 2019 e 2021. A nota média passou de 750 para 725,5, o que é considerado por especialistas uma queda muito forte. A alfabetização era apontada durante a pandemia como a maior preocupação com o fechamento das escolas. Para crianças em fase de alfabetização, há enorme dificuldade de ensino com o ensino remoto –na maioria das redes públicas, a principal estratégia de manutenção de atividades foi por atividades impressas e contato por aplicativos de mensagens.
No entanto, o governo Jair Bolsonaro (PL) elegeu a alfabetização como prioridade da gestão do MEC (Ministério da Educação) e investiu exatamente em ações de ensino em casa como estratégia de alfabetização. Iniciativas como a entrega de livros para famílias e a oferta de um game de alfabetização tiveram protagonismo na gestão, além de terem sido amplamente divulgadas pelo governo.
O governo criou uma secretaria de alfabetização na estrutura do MEC logo nos primeiros dias da gestão, em 2019. O titular da pasta, Carlos Nadalim, é um entusiasta da educação domiciliar e, antes de chegar ao ministério, se notabilizou pela venda de materiais para alfabetização em casa e por ser aluno do escritor Olavo de Carvalho.
A regulamentação do ensino domiciliar foi, inclusive, uma das principais bandeiras do governo na área da educação. Um projeto patrocinado por Bolsonaro passou na Câmara e aguarda análise do Senado.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), responsável pela avaliação, organiza os resultados da avaliação de alfabetização em uma distribuição percentual por oito níveis de proficiência. O governo não definiu, entretanto, a partir de qual nível um aluno é considerado plenamente alfabetizado.
Foto: Imagem ilustrativa