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ASSÉDIO MORAL


Advogada diz receber 6 denúncias por dia de assédio ocorrido nas polícias de MG

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Episódios de excessos na Polícia Militar, Civil e Penal têm sido denunciados diariamente, segundo advogada — Foto: Fred Magno / O Tempo

Segundo profissionais, diversas pessoas têm relatado excessos nas forças de segurança após suicídio da escrivã Rafaela Drumond

Cerca de seis denúncias de assédio por dia, vivenciados dentro da Polícia Civil, Militar e Penal. Esse é o número de chamados que somente uma advogada, Raquel Fernandes, afirma receber de servidores que estariam sofrendo com excessos cometidos por chefes de altos cargos nas forças de segurança. A profissional relata que desde quando o suicídio da escrivã Rafaela Drumond e a investigação de susposto assédio vieram à tona, o telefone dela não para de tocar com relatos semelhantes. Raquel Fernandes ainda afirma temer pela vida das vítimas. Com informações de O Tempo.

“São revelações tristes. Recebo uma média de 5, 6 pessoas, por dia, me procurando para relatar assédio na Polícia Militar, Civil e Penal”, disse ela para a FM O TEMPO. “Tenho clientes para os quais preciso enviar mensagem de manhã, de tarde e à noite para saber se estão vivos”, afirmou.

Segundo a advogada, há relatos de situações assustadoras, não só de assédio, mas também de pessoas que pensam em tirar a própria vida. “Nós não queremos denegrir a imagem da polícia, pois precisamos dela. Nós queremos que a polícia seja segura e que respeite os seus servidores. Se a polícia não está tratando bem os seus servidores, quem dirá o restante da população”, diz ela.

Perseguição

Em meio aos relatos de assédio, a perita da Polícia Civil Tatiane Albergaria denuncia sofrer perseguição após acusar conduta repressora dentro da corporação. A mulher alega ter a casa vigiada por policiais civis. Ela também narra que alguns oficiais a procuraram em casa de forma agressiva, mas ela não estava na residência.

Tatiane fez a denúncia durante uma reunião realizada na última semana na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), feita pela Comissão de Segurança Pública sobre Rafaela Drumond.

“Minha vizinha me contou que policiais teriam me procurado. Quando vi pelas imagens da câmera de vigilância da minha casa, o modo que os policiais estavam me procurando, com giroflex ligado, batendo no meu portão, tive muito medo. E isso aconteceu depois que fiz as denúncias”, disse a perita.

Na Assembleia, Tatiane contou que foi punida após não interagir em um sistema. “Foi aberta uma sindicância administrativa contra mim porque não apertei ‘o joia’ que existe no processo SEI. O assediador também propôs que eu fosse removida de Vespasiano para Betim. Eu moro em Vespasiano. Isso ocorreu em 2020, no ápice da pandemia, quando estava grávida. Fiquei tão transtornada com a notícia que tive um aborto”, denunciou a perita durante reunião.

Investigação

A Polícia Civil de Minas Gerais garante que todas as denúncias são apuradas pela Corregedoria-Geral. Por meio de nota, a instituição destacou que “não compactua com eventuais desvios de conduta dos seus servidores”.

A orientação é de que as denúncias de assédio possam ser formalizadas, por meio dos canais: Disque-Ouvidoria: 162, Disque-Denúncia Unificado: 181 e Corregedoria-Geral: (31) 3348-6058.

Posicionamento

Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) afirmou que todas as denúncias relativas ao Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) são apuradas com rigor quando devidamente formalizadas. A Polícia Civil e a Polícia Militar também foram procuradas, mas não haviam respondido até a publicação desta matéria.

Leia nota completa da Sejusp

Todas as denúncias relativas ao Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), quando devidamente formalizadas, são apuradas com o rigor que os fatos requerem.  

Já a responsabilização de atores envolvidos em qualquer prática que não são seja condizente com o trabalho desempenhado pelos servidores do sistema prisional mineiro é preceito prioritário. Destacamos que a Sejusp não compactua com quaisquer desvios de conduta dos seus profissionais. Todas as situações de desvio de conduta de servidores são acompanhadas com rigor pela Sejusp e as medidas administrativas cabíveis no âmbito do processo legal são tomadas, guardando sempre o direito à ampla defesa e ao contraditório. 

Leia nota completa da Polícia Militar

A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) esclarece que apura com severidade todas as denúncias que aportam na corporação, assegurando seu compromisso com a verdade.

A Instituição reitera, ainda, que não compactua com desvio de conduta de seus integrantes e que não coaduna com condutas que configurem assédio sexual, moral ou de preconceito.

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