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Economia

Administração afirma que Ceasa estava vazia para limpeza de espaço, e abastecimento segue normal

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O presidente Jair Bolsonaro compartilhou um vídeo numa rede social na manhã desta quarta-feira (1º) com informações falsas a respeito da situação da Central de Abastecimento (Ceasa) de Minas Gerais que fica em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, para justificar seu discurso de que é preciso voltar ao trabalho, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus.

No vídeo, um homem, que diz ser produtor rural, filma as instalações da Ceasa vazia como se esta fosse a situação real, provocada por uma falta de abastecimento ocasionada pelo isolamento sugerido pela maioria de governadores e prefeitos, além da Organização Mundial de Saúde (OMS), para combater a propagação do novo vírus.

No entanto, o presidente da Associação Comercial da CeasaMinas, Noé Xavier da Silva, gravou outro vídeo em que desmente a versão compartilhada por Bolsonaro e ainda explica que a Central mineira não tem nenhum tipo de problema relacionado a desabastecimento.

“Ontem, 31 de março, enquanto a Ceasa realizava a limpeza do mercado livre do produtor, circulou pela internet um vídeo indicando desabastecimento em nosso entreposto. Esse fato não é verdade, o mercado segue firme e abastecido para garantir a alimentação para mais de 400 municípios de Minas Gerais”, afirma Noé em um dos trechos.

Em contato com a reportagem de O TEMPO, ele explicou que o vídeo foi gravado ainda nessa terça (31), no intuito de rebater a fake news, e só nesta quarta pela manhã é que tomaram conhecimento do compartilhamento realizado pelo presidente da República.

“Resolvemos nos posicionar ainda na terça, e só depois de já termos divulgado o vídeo tomamos conhecimento do compartilhamento feito pelo presidente. Mas a verdade é que não temos nenhum tipo de abastecimento”, completou Noé.

Em nota, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa) informou que o vídeo que circula na internet sobre o desabastecimento traz informações inverídicas e explicou o motivo para o ambiente estar vazio no momento da gravação.

“A limpeza do Mercado Livre do Produtor (MLP), local em que o vídeo foi gravado, é realizada todas as terças, quintas e sextas-feiras, no período da tarde, e aos finais de semana. Não é permitido no momento da limpeza a permanência das caixas com os alimentos”, explicou a pasta.

De acordo com a pasta, desde o dia 12 de março – quando foi decretada pelo Governo do Estado a situação de emergência em saúde pública em razão do surto de doença respiratória causada pelo Coronavírus (Covid-19) – a produção agropecuária do Estado está sendo monitorada diariamente para identificar possíveis impactos no processo de produção e abastecimento de alimentos. O fluxo de abastecimento na CeasaMinas, segundo a Seapa, segue normal.

Funcionamento normal

Nesta quarta, nossa reportagem também esteve no local e constatou, junto aos produtores rurais, que a informação não é verdadeira. De acordo com o produtor rural Alexsandro Duarte, 39, o vídeo pode ter sido gravado fora do horário comercial.

“Pode ser que ele foi filmado num horário que não tem comércio na Ceasa, por volta das 16h ou 17h. Porque para mim o abastecimento está sendo normal. Os caminhões estão chegando e descarregando”, disse.

Diferente do que é visto no vídeo compartilhado pelo presidente da República, onde não há produtos no chão do pátio nem produtores rurais na Ceasa, nessa manhã a equipe de reportagem pode observar uma grande movimentação no local, inclusive com o movimento de caminhões.

O diretor do Sindicato dos Carregadores da Ceasa Minas (Sindicar), Cássio Murilo, desde o início da pandemina de coronavírus o abastecimento segue normalizado. “Estamos aqui desde que começou a pandemia e os carregadores da Ceasa não pararam nem um dia. Não falta mercadoria aqui. Não existe desabastecimento na Ceasa Minas. Está 24 horas por dia aberto, com mercadoria e comprador aqui dentro”, pontuou.

Sobre o homem que aparece no vídeo compartilhado pelo presidente da República, o representante do Sindicar afirma que ele não é conhecido entre os produtores e carregadores. “Nós não conhecemos aquele rapaz. Não é conhecido na Ceasa. Acho que ele foi plantado aqui dentro para fazer aquele vídeo. Ele pegou aqui um local limpo, em que iam lavar e falou que estava tendo desabastecimento”, afirmou.

Preocupação

Apesar do abastecimento ainda estar normalizado na Ceasa Minas, alguns produtores temem que algumas mercadorias possam começar a faltar nos próximos dias. De acordo com a produtora rural Riselma Ribeiro Silva, 52, alguns caminhoneiros estão se recusando a trazer mercadorias porque não há restaurantes abertos à beira das estradas, o que dificulta a alimentação dos profissionais durante o transporte de carga.

“E uma questão de tempo. Muitos motoristas não querem circular. Alguns já tem acima de 60 anos, tem esse risco também, eminente. E eles não estão achando lugar para alimentar. Semana passada mandei uma carga daqui para Grão Mongol. São 550 km e o motorista foi daqui até lá sem comer”, explicou.

Foto/Fonte: Fred Magno/ O Tempo

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