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A manipulação política da fé!

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Estamos em ano eleitoral, paixões afloradas num país dividido e polarizado, e dentre tantos temas abordados, fatos recentes aguçam o embate sobre a controversa participação da Santa e Imaculada Igreja – carta de São Paulo aos Efésios 5,27 – nas querelas politico-partidárias.

Há que se ressaltar o empenho e a busca incessante por justiça social travada pela Igreja – conceito básico do Cristianismo – e que preponderantemente o êxito dessas ações carece de correção na gestão, e políticas públicas voltadas para os desvalidos, o que motiva a Igreja a laborar na conscientização do eleitorado e na busca por regramentos que minorem a corrupção dos agentes públicos, haja vista a Lei da ficha limpa.

Todavia, o desassossego se dá quando imagina-se um posicionamento relacionado à personagens da vida pública, num cenário de polarização política, como o vivenciado nessa terra de Santa Cruz.

Em fevereiro último, o Santo Padre, recebeu a visita do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, gerando uma saraivada de críticas advindas daqueles que se posicionam ideologicamente como sendo de direita, classificando o pontífice como “peronista” e simpático às temáticas “esquerdistas”.

Observações infundadas e desrespeitosas, sobretudo ao analisarmos a conduta sempre acolhedora, sem acepção de pessoas, do amável Francisco.

Recentemente, representantes de alguns canais de TV’s de cunho e ardor católicos, reuniram-se com o Presidente da República Jair Bolsonaro – via vídeo-conferência – intermediadas por deputados da “Frente Parlamentar Católica”, à cata de verbas publicitárias e liberação de outorgas para expansão; fato explorado e criticado à exaustão, agora pelos simpatizantes da “esquerda”.

Alguns pontos precisam ser ressaltados e reflexões acerca são necessárias, para buscarmos a compreensão para além das observações com motivação política.

Primeiro, é imprescindível destacar que não existe uma TV CATÓLICA OFICIAL no nosso país; temos canais ou até redes de TV’s de inspiração católica, que mesmo estando em comunhão com a Igreja, dificilmente denotaram a integralidade da catolicidade e da caminhada evangelizadora e pastoral da Igreja no Brasil.

Há que se compreender que algumas dessas TV’s nasceram de iniciativa própria de um padre e um grupo mais próximo a este. Outras, estão mais intensamente ligadas ao bispo local ou à própria CNBB.

Temos canais que surgiram de uma ação empresarial ou tem uma instituição como entidade mantenedora; todas tem personalidade jurídica própria – são associações ou fundações – e apenas algumas dessas emissoras, ditas católicas, se fizeram presentes na reunião.

Preocupa-me que haja a manipulação política da fé. A Igreja Católica vê com bons olhos e incentiva o uso da TV e dos modernos meios de comunicação – tão úteis em tempos de pandemia – como instrumentos a serviço da evangelização e também da promoção de conteúdo educacional e cultural com qualidade.

Mas, se mantém com atitude crítica, desabonando riscos como a “mercantilização da fé”, e a instrumentalização do voto, devendo este ser uma escolha plenamente livre.

É salutar que a Igreja esteja para além do espaço celebrativo e “pise o nosso chão”, viva o cotidiano das nossas gentes, inclusive na vida política; acrescendo a busca por melhorias para esse povo tão sofrido; mas com o devido cuidado ao laborar sob essa tênue linha que delimita a política das politicagens.

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