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A mágica da “fadinha”

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Rayssa Leal, este é o nome da mais nova queridinha do Brasil. Uma garota de 13 anos, que também atende pelo apelido de “Fadinha”, foi medalha de prata na modalidade de skate street, que é uma das novidades das Olimpíadas este ano.

A vitória de Rayssa causou uma comoção nacional e a garota é um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Só no Instagram, já são cerca de SEIS MILHÕES de seguidores obtidos do dia pra noite. O interessante nessa história é que um dia antes da “Fadinha” conquistar sua medalha, Kelvin Hoefler, de 27 anos, também foi medalha de prata na mesma modalidade, na categoria masculina, e nem de longe se tornou a sensação que a “Fadinha” é hoje para boa parte dos brasileiros e admiradores do skate mundo afora.

Além do talento, é claro, o que contribuiu para a Rayssa se tornar esse fenômeno no Brasil? Longe de mim querer dar uma de psicólogo ou antropólogo, mas vou arriscar aqui alguns palpites:

O primeiro deles, e o mais evidente, está em como a Rayssa surgiu para o mundo do skate. Na época, uma garotinha de seis anos, vestida com uma roupinha azul de fada, asas, meias longas em rosa e branco e tênis. Um visual lúdico que sobre o skate sugeria delicadeza e arrojo. Uma menininha “atrevida” que se arriscava num esporte até pouco tempo ligado ao universo masculino. A “Fadinha” fez mágica no skate e seus vídeos viralizaram por aí.

Um segundo ponto que me chama a atenção é que Rayssa, com sua descontração típica da idade – que até pouco tempo atrás ainda era considerada como uma pré-adolescência – encarou a prova com leveza. Nem parecia estar numa Olimpíada, numa prova nova e com o mundo todo assistindo. Rayssa sorria e dançava, enquanto dava um rolê de skate em Tóquio.

Essa leveza de Rayssa se encaixa bem num outro ponto que entendo ser importante para a explosão do fenômeno “Fadinha”: trata-se do momento árido e desafiador que o Brasil atravessa com a pandemia, com mais de meio milhão de mortos. Ver aquela menina miúda, destemida, demonstrar talento e com muita leveza foi acalentador para milhares de pessoas.

A imagem de Rayssa na pista de skate é de menor relevância do que as de UTIs lotadas e das covas abertas para enterrar milhares de mortos pela Covid; mas ela representa uma alegria, uma esperança, e a pouca idade, futuro.

Estamos sensíveis a este momento. É necessário superar os obstáculos, cair. Ralar joelhos e cotovelos. Ter noção do perigo e se esforçar para suplantar o medo, o receio de não dar conta. Com esforço e vontade, uma hora essa provação acaba.

Se foi bom para a Rayssa, foi bom também para milhares de brasileiros. Não somente por orgulho. É que estávamos um pouco carentes da alegria e leveza de criança que cresce. Que tem os pulmões cheios de ar…

E se joga.

Pode até parecer bobagem, mas é o tipo de situação que de certa forma inspira o coletivo e dá aquela sensação gostosa de esperança num futuro melhor. Delicado e destemido.

  • RODRIGO DIAS é jornalista e web poeta, há mais de duas décadas trabalha no mercado de comunicação. Formado em Publicidade e Propaganda, também atua como assessor de comunicação
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