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A Inconfidência Nova-Serranense e seus nobres vereadores omissos

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Os julgamentos dos processos de cassação dos vereadores afastados da Câmara Municipal de Nova Serrana trazem consigo lembranças de passagens importantes de nossa história, cultura, sociedade e política.

Até o momento todos os julgados foram absolvidos pela Câmara Municipal, o que trás vergonha e revolta na população de Nova Serrana.

Toda essa balbúrdia criada por nossos nobres vereadores nos leva a um curioso fato histórico dos tempos da Inconfidência Mineira e do antigo Arraial do Cercado de Pitangui, nome como era conhecido o primeiro povoamento no território de nossa cidade lá no final do século XVIII, período de grande importância histórica para Minas Gerais e para todo o país.

Foi na esquina da atual rua Dimas Guimarães com a travessa 21 de Abril (Dia da Inconfidência Mineira) que o Arraial do Cercado hospedou seu visitante mais ilustre: O alferes Joaquim José da Silva Xavier, também conhecido como Tiradentes, maior nome do movimento separatista e de revolta contra a coroa portuguesa de 1789.

Tiradentes se hospedara naquele que se tornaria depois o único casarão sobrevivente do período do Cercado e um marco histórico para Nova Serrana, durante suas viagens até o distrito de Quartel Geral onde ele havia escondido seus filhos, que foram registrados com outro sobrenome devido ao temor das perseguições políticas que sobreviriam sobre si.

Os relatos da história que contava o Seu Zé (José Caetano de Freitas, antigo morador do casarão) e que foram contados em sua família através dos seus antepassados coincidem com documentos encontrados na cidade de Martinho Campos e que comprovam as idas de Tiradentes até Quartel Geral e a história envolvendo seus filhos escondidos.

O casarão é um patrimônio histórico e tombado pelo município de Nova Serrana e a apesar da histórica visita de Tiradentes ser relativamente conhecida, não há uma única placa no local informando sobre o acontecido, como é comum em locais históricos tombados pelo poder público.

Quem não conhece e valoriza a própria história está fadado a repeti-la, assim diz o ditado.

A Inconfidência Mineira foi recheada de tramas, delações, perseguições, traições e os fatos que se deflagraram nestas bandas do Cercado mais de 200 anos depois da Inconfidência também envolvem sujeiras, delações, perseguições e um longo e equivocado julgamento que será lembrado na história de Nova Serrana.

Seis vereadores foram afastados no ano passado por denúncias contundentes de que estes teriam assessores fantasmas. Agora, em julho de 2020, caberiam aos atuais representantes do legislativo, que possuem a incumbência de votarem ou não pela cassação dos afastados, fazerem o que a população espera e cassarem de uma vez por todas os vereadores que estão sendo julgados.

Mas o que temos visto são vereadores se omitindo mediante inúmeras evidências de discrepâncias envolvendo os afastados sob as mais sórdidas justificativas, desculpas esfarrapadas como a de que os cassados seriam execrados socialmente e teriam suas vidas políticas praticamente encerradas. A realidade é que não só os julgados, mas também estes que se omitiram estão sendo execrados pela sociedade de Nova Serrana e dificilmente serão reeleitos nas eleições de novembro próximo.

Diferentemente de Tiradentes que assumiu seu posicionamento até o fim e lutou pelo que considerava certo diante do abuso da coroa na cobrança de impostos e ciente a todo o momento dos riscos que estava correndo, alguns nobres representantes do legislativo municipal, em suas zonas de conforto, optaram pela não cassação dos julgados e agora a Câmara Municipal terá de pagar o salário deles até dezembro, ou melhor, a população terá de pagar.

É simplesmente incompreensível o posicionamento destes omissos que em um momento importante da história preferem se esconder e aderirem a um corporativismo esdrúxulo, muito provavelmente com medo de serem julgados pelos mesmos motivos lá na frente.

Pior do que os que se omitem são aqueles que preferem fugir da responsabilidade no momento da votação, se abstendo.

Ora bolas, porque alguém se abstém de votar uma causa tão importante dessas e como que um vereador desses tem a coragem de pedir voto para alguém nas eleições?

Tem também a desculpa de alguns vereadores de que teriam medo de levarem tiro caso votassem a favor da cassação de alguém. Pergunto a estes como é viver nesse velho-oeste do medo e da ficção, por acaso o vereador cassado vai fazer justiça com as próprias mãos e eliminar cada um de seus oponentes? É um tanto quanto fantasioso usar isso como desculpa.

Rabo preso é a verdadeira razão daqueles que fogem da raia nesse momento tão importante.

De que adiantou tantas denúncias e tanta falácia?

São sujeiras colossais, com denunciantes sendo também acusados em outros processos, infindáveis comissões e relatórios, e o que se vê no circo montado na Câmara Municipal são pizzas sendo distribuídas no atacado nestes últimos dias.

O resultado desse acúmulo de pizzas tem sido uma perda de tempo jamais vista na história política de Nova Serrana.

Nossos nobres vereadores estão decidindo enforcar a população de Nova Serrana sem dó nem piedade em praça pública e com transmissão online durante as reuniões de julgamento.

Nós já não temos bons projetos sendo apresentados, não temos pontos importantes dos quais a cidade necessita sendo discutidos, não temos uma representação séria daqueles que por lei deveriam fiscalizar nosso munícipio e estes por sua vez sujam suas mãos com o sangue do povo, do tão sofrido povo nova-serranense que diante da crise econômica que se desenha tem de conviver com os abusos do poder e desdém para com a cidade.

Nessa terra do antigo Cercado estamos todos muito bem cercados de incompetentes nos representando na Câmara Municipal.

Esperamos que nas eleições de novembro o povo se lembre de tudo isso e faça nas urnas a justiça, ainda que tardia, que Nova Serrana precisa, fazendo uma limpeza nessa corja de omissos que hoje ocupam lugares na Câmara Municipal.

Tiradentes comprou uma briga difícil de ser vencida, contra a imponente Coroa Portuguesa, e mesmo diante da dificuldade seguiu em frente com seus princípios.

Nossos nobres vereadores por sua vez tinham a faca e o queijo na mão para serem lembrados para sempre como aqueles que fizeram justiça.

Agora serão lembrados para sempre como omissos e verdadeiros coniventes com a injustiça.

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