Justiça
Advogado diz que morte de paciente em clínica de estética foi fatalidade
Tiago Lenoir refutou a suspeita de homicídio doloso e afirmou que a biomédica não assumiu o risco de matar
Ele tratou a morte da mulher como “fatalidade”. “A defesa refuta as suspeitas de dolo eventual. O dolo, mesmo que eventual, a pessoa tem a intenção de matar, ela assume o risco de matar e a Lorena nunca teve a intenção de matar ou de assumir o risco de matar essa vítima”, afirmou o advogado, que ganhou projeção nacional após atuar na defesa do goleiro Bruno.
A paciente chegou a ser levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em estado gravíssimo para o Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD). Lá, foi transferida para o Centro de Terapia Intensiva (CTI), onde morreu no mesmo dia.
A biomédica está presa desde a madrugada de terça-feira (9/5), quando teve a prisão em flagrante decretada. As investigações da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) apontam, inicialmente, que a paciente foi submetida ao procedimento de lipoaspiração ou lipoescultura, além de enxerto nas nádegas.
A defesa nega e diz que seria executado a lipo laser – um procedimento que a biomédica dizia ser sem cortes, com protocolos desenvolvidos por ela e com resultados iguais aos de cirurgia. “A causa morte ainda é indefinida. Temos que aguardar todos os laudos e a perícia. Mas lipoaspiração ela não fez”, enfatizou o defensor.
Ocultação de provas
A suspeita de ocultação de provas também foi contestada por Lenoir. Durante depoimento, uma testemunha relatou que um dos funcionários da clínica foi visto saindo com um saco plástico após a complicação da paciente.
Imagens das câmeras de segurança foram colhidas pela perícia para verificar se houve alteração na cena e também ocultação de provas.
O advogado confirmou que Lorena mantinha uma “parceria comercial” com a médica Daniela Nery Faria. Entretanto, afirma desconhecer qualquer alegação de fraude. Pacientes apresentaram receituários que teriam sido entregues pela biomédica com suposto carimbo e assinatura da médica que realiza procedimentos cirúrgicos.
Lenoir disse que essa questão não consta no processo. “Se for arguido, a gente, no devido tempo e com a técnica necessária, vai analisar todas as provas da polícia”, disse. Já a médica, em entrevista ao jornal Agora, negou que tenha cedido carimbo ou assinado receitas. Falou em fraude.
Pedido de liberdade
Agora, a defesa aguarda o julgamento do mérito, sem data para ocorrer. “A defesa entende que ela não deveria estar presa, primeiro porque é um direito constitucional dela de aguardar o processo em liberdade. Você não pode fazer nenhum juízo prematuro antes de ser devidamente comprovado. A pessoa só pode ser presa depois de uma sentença penal condenatória. O crime que ela está respondendo é um crime gravíssimo, tanto para a sociedade como para ela própria também”, afirma o advogado.
Ele também criticou a decisão que reverteu a prisão em flagrante por preventiva. “O fundamento da prisão preventiva ele fala da comoção social. Respeito o magistrado, é um grande juiz da comarca de Divinópolis, mas é direito da defesa de recorrer contra esses argumentos. A pessoa não pode ficar presa por conta de uma comoção social.”
Técnica de enfermagem
Também está presa a técnica de enfermagem Ariele Cristina de Almeida Cardoso. Ela trabalhava com a biomédica no momento da prisão. Segundo apurado, ela havia sido contratada há menos de uma semana.
O advogado Rui Nascimento, que trabalha para que Ariele deixe o presídio, disse que entrou com o pedido da revogação da prisão preventiva e adoção da prisão domiciliar. Na noite dessa quinta-feira (11/5), ele também protocolou o habeas corpus.
Outro advogado vai assumir a defesa da técnica. A reportagem não conseguiu localizar o responsável.