O prontuário médico da menina de 2 anos que chegou morta a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Campo Grande, na noite desta quinta-feira (26), aponta que a vítima já havia sido atendida 30 vezes em unidades de saúde da capital, uma delas por fraturar a tíbia. A informação do prontuário foi repassada ao g1 pela Polícia Civil.
De acordo com a Polícia Civil, a mãe da menina foi quem a levou à unidade de saúde do bairro Coronel Antonino, onde ela já chegou morta. Os médicos constataram que o óbito havia ocorrido cerca de quatro horas antes. No corpo da vítima havia vários hematomas e indícios de violência sexual.
A polícia investiga a suspeita de espancamento e possível estupro. A mãe e o padrasto da menina foram presos em flagrante pelo crime de homicídio qualificado, por motivo fútil, e devem passar por audiência de custódia.
Os suspeitos foram levados para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Centro.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informou que a menina possui diversos atendimentos em uma única ida à unidade de saúde, como acolhimento, triagem, consulta médica e medicação.
A Sesau afirma que todos os atendimentos foram prestados conforme era de competência da unidade de saúde.
Pedido de justiça
Igor de Andrade, companheiro do pai da menina, relatou ao g1 que eles tentaram conseguir a guarda da criança, mas um dos impedimentos seria a homofobia por parte da mãe da vítima.
“Ela dizia que não deixaria a filha com dois homens”, contou.
Igor ainda relatou que as visitas à menina só foram possíveis depois que o pai da criança entrou na Justiça. Ainda assim, segundo Igor, o pai só via a filha do jeito que a mãe determinava.
“Passamos por vários lugares para entrar com pedido de guarda da neném. A única coisa que a gente pedia era pra tirar a menina de lá. A mulher [mãe] chegou a ser presa no ano passado por maus-tratos aos animais. Com isso, fomos atrás novamente para mostrar a situação insalubre que a neném vivia, e aí, vinha a mesma resposta: ‘tem que aguardar’”, disse Igor.
Dois boletins de ocorrência chegaram a ser registrados por maus-tratos, devido ao estado em que a menina chegava à casa do pai. Em uma das ocasiões, a criança chegou com a perna quebrada, e o pai foi informado que ela tinha caído e se machucado.
Ainda conforme Igor, uma audiência sobre os casos foi marcada, mas a mãe não compareceu.
- Por G1 MS e TV Morena — Mato Grosso do Sul