A reportagem de O TEMPO conversou nesta segunda-feira (26) com Cristiane Marra, advogada da vítima. Ela contou que o crime aconteceu no início da madrugada do dia 16 de dezembro, quando sua cliente saia da casa de uma amiga e seguia em direção à sua residência, no bairro Santo André, próximo dali.

“Ela trabalha fazendo faxinas em diversos apartamentos ali do conjunto, mas também frequenta, pois tem vários amigos no local. No dia ela estava na casa de uma moça que é cliente dela mas que acabou criando um vínculo de amizade”, detalhou.

Ao atravessar a praça, ela se deparou com o grupo de homens que, inicialmente, começou com as agressões verbais. “Quando viram que ela continuou andando, e não deu muita atenção, partiram então para as agressões físicas, chutes e socos, inclusive no rosto. Ela saiu de lá bastante machucada, com a boca sangrando”, completa Cristiane.

Confira o vídeo que mostra toda a agressão: 

Ainda conforme a advogada, o grupo que participou do espancamento da trans já foi identificado pelos moradores, sendo dois homens e três adolescentes, sendo que um deles participou das agressões verbais e, depois, tentou impedir a violênia física contra a vítima.

“Eles não são moradores dali, mas são frequentadores da praça. Levamos ela na delegacia especializada e registramos o Boletim de Ocorrência, as providências estão sendo tomadas”, garantiu.

A reportagem procurou a Polícia Civil, que ainda não deu detalhes sobre a investigação do crime e nem se os suspeitos poderão ser presos pela suposta motivação homofóbica da lesão corporal.

Vítima passou Natal sozinha por medo de voltar ao conjunto

No último dia 24 de dezembro, a mulher trans agredida pelos suspeitos passaria o Natal na casa da amiga onde estava no dia das agressões, no conjunto IAPI. Entretanto, por medo de que fosse novamente agredida ou, até mesmo, que algo pior acontecesse, ela acabou desistindo e passou a festividade sozinha.

“A realidade é que ela não tem família, o pai faleceu recentemente e, inclusive, ela tomou conhecimento da morte um dia antes de ser espancada. Ela já estava totalmente abalada emocionalmente quando isso ocorreu. A gente dá muio apoio emocional para ela, e combinamos dela passar o Natal lá, mas ela não teve coragem de ir, por medo. Está aterrorizada”, completou Cristiane.

“Ela vem sendo acompanhada por mim há 8 anos, fora do contexto de advogada. Fazemos um trabalho com pessoas vulneráveis e nunca tivemos qualquer relato disso. Ela faz faxina no meu escritório, na casa de uma das minhas funcionárias e de diversas outras pessoas dali, é trabalhadora. A questão é que ela vem sofrendo preconceito há anos ali no conjunto e, após a repercussão do caso, surgiu essa história para justificar o que não tem justificativa. As agressões foram covardes”, finalizou.