Eleições
Lula diz que igrejas devem cuidar da fé e não têm que ter partido político
Com dificuldades entre o eleitorado evangélico, que faz parte da base do presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu o estado laico durante comício no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, criticou o uso de igrejas como palanque político e a circulação de “fake news religiosa”.
“Tem demônio sendo chamado de Deus e tem gente honesta sendo chamada de demônio. Tem gente que não está tratando igreja para tratar da fé ou da espiritualidade, está fazendo da igreja um palanque político ou uma empresa para ganhar dinheiro”, criticou o ex-presidente, neste sábado.
“Eu, Luiz Inácio Lula da Silva, defendo o estado laico. O Estado não tem que ter religião. Todas as religiões têm que ser defendidas pelo Estado. Mas também quero dizer: as igrejas não têm que ter partido político, porque as igrejas tem que cuidar da fé e da espiritualidade das pessoas, e não cuidar da candidatura de falsos profetas, ou de fariseus, que estão enganando esse povo o dia inteiro”, continuou.
O ex-presidente afirmou que faz as críticas “com a tranquilidade de um homem que crê em Deus” e que quando precisa, “eu não preciso de padre ou de pastor, eu posso me trancar no meu quarto e conversar com Deus quantas horas eu quiser sem pedir favor a ninguém”.
Lula também incentivou seus apoiadores que enfrentar “pastores que estiverem mentindo” e não deixar nenhuma mentira passar para frente. Mas sem aceitar nenhuma provocação de rua
‘Compra de votos’
No mesmo comício, Lula afirmou que o presidente Jair Bolsonaro tenta comprar votos ao turbinar benefícios sociais no país.
Com apoio da oposição, o governo federal aprovou, em ano eleitoral, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que elevou o Auxílio Brasil a R$ 600 e criou programas como vale-gás e voucher-caminhoneiro. Todas as medidas expiram no final do ano.
“Ele Bolsonaro está tentando comprar votos com a quantidade de dinheiro que está liberando. Até a gasolina começou a baixar. É tudo medo do Lula”, criticou o petista no comício.
“Mas, meu caro capitão, esse povo aqui não é besta como você pensa”, seguiu, mostrando confiança em sua vitória nas urnas. “Vai entregar a faixa, sim”, salientou. Até hoje, Bolsonaro não se comprometeu a entregar a faixa presidencial a outra pessoa caso perca as eleições de outubro.
Para Lula, Bolsonaro “rói as unhas” após cada pesquisa eleitoral No discurso, ele reiterou a promessa de reajustar a tabela do imposto de renda e de aumentar o salário mínimo acima da inflação todos os anos. Também sinalizou a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida. “Bolsonaro que pegue o Casa Verde e Amarela e enfie onde ele quiser”, disparou, em referência ao programa bolsonarista que substituiu o Minha Casa, Minha Vida.
O candidato se comprometeu com a retomada de uma “política externa ativa e altiva” e voltou a enfatizar o impacto da crise econômica sobre os mais pobres durante o comício. “Governar não é fazer propaganda de arma. Não é cuidar dos ricos, dos banqueiros. É cuidar do povo trabalhador”, afirmou. Na avaliação do petista, “não tem explicação” 33 milhões de pessoas passarem fome no País. “Queremos soberania, democracia, emprego”, acrescentou.