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Emprego

Governador Valadares tem apagão de mão de obra qualificada com emigração aos EUA

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A emigração de moradores de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, para os EUA é histórica e se prolonga desde os anos 60. Hoje, com a desilusão de brasileiros com a economia do país, a cidade se junta à tendência de mesmo a classe média rumar para o exterior, em um êxodo do Brasil.  As informações são do jornal O Tempo.

Assim, ao mesmo tempo em que o país norte-americano bateu recordes de flagrantes de brasileiros tentando entrar ilegalmente pela fronteira durante a pandemia, o número de valadarenses que conseguiram imigrar aumentou durante a crise sanitária, segundo a prefeitura do município.

Entre os imigrantes, nota-se cada vez mais profissionais qualificados, que deixam para trás um apagão de mão de obra especializada na cidade, descreve a secretária municipal de de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Beatriz de Almeida. “Tem crescido muito o número de empresários que perdem empregados constantemente, às vezes oito, dez de uma vez. Vemos a emigração não só de quem não tem emprego mas de pessoas qualificadas indo buscar oportunidades nos EUA. Temos perdas de dentistas, fisioterapeutas e outros profissionais da saúde e, no setor da construção civil, perdemos os melhores profissionais do mercado”.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Governador Valadares (CDL/GV), Rogers Alves, também atesta que a falta de profissionais é generalizada. “Percebemos isso ao longo do tempo, mas de dois, três anos para cá, vemos mais intensidade. Da gerência para cima, a reclamação é igual em todos os setores”, pontua.

Dono de pizzarias na cidade, Marcelo Schlaucher perdeu uma gerente altamente qualificada no último ano, após décadas de trabalho com ela. “Ela estava aqui há mais de 20 anos e agora foi para os EUA legalizada. A gente teve uma baixa de imigrações no governo Trump, mas agora cresceu bastante”, diz. Ele relata que, além de mão de obra qualificada, tem sido difícil encontrar garçons e outros profissionais em cargos iniciais do setor de serviços.

Além da falta de mão de obra, a cidade convive com a inflação exacerbada principalmente nos setores imobiliário e de construção civil. “Os preços dos insumos ficam muito elevados e agora não encontramos mão de obra para as construções, por exemplo. Mas, realmente, com a imigração a cidade vê mais abertura de pequenos negócios e compra de loteamentos em torno”, completa a secretária municipal de Desenvolvimento, Beatriz de Melo.

Governador Valadares planeja diversificação da economia para conter emigração

Dependente de comércio e serviços, a economia de Governador Valadares não oferece, hoje, incentivo para que a mão de obra qualificada permaneça na cidade, avalia a secretária Beatriz de Melo. Assistindo à debandada cada vez maior de moradores, a prefeitura planeja ações para diversificar a economia da cidade e manter os talentos na região.

“Nossa economia não cria postos de trabalho com salários maiores, então estamos tentando trazer diversificação, incentivando o setor de tecnologia e startups, com projetos de programação e empreendedorismo nas escolas e universidades. Queremos atrair empresas para ter produtos qualificados e empregos de maior valor agregado”, pontua Melo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 64% de toda a produção econômica anual da cidade é do setor de serviços.

Em 2020, no contexto de emigração também dos trabalhadores do setor de TI, a cidade inaugurou o Parque Científico e Tecnológico Figueira do Rio Doce, primeiro da região. O hub de inovação — como são chamados os espaços para reunir iniciativas de ensino e empreendedorismo no ramo da tecnologia — oferece espaço de coworking e oficinas para empreendedores. Em 2021, segundo levantamento do parque, foram mapeadas 24 startups em Governador Valadares.

Além disso, a prefeitura desenha um projeto em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) para fornecer suporte a quem retorna dos EUA e deseja abrir negócios na cidade, com premiação para os projetos considerados mais inovadores e promissores.

Fto: Imagem ilustrativa web – O Tempo

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