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MAQUIAVÉLICO DO BEM!

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Todos parecemos perdidos em nossas opiniões em relação ao atual governo e a oposição a ele. Enquanto alguns afirmam ser temerário o retorno da esquerda ao poder, outros defendem que a população deve ter muito cuidado com uma gestão de um “governo programado” para não ceder, provocando sua consolidação e possibilidade de autoritarismo gradual. O PT retomar o governo pode representar uma derrota moral para o país, após tantas denúncias de corrupção e inegáveis erros em mais de 13 anos sem transições muito claras.

A falência da credibilidade das instituições confunde ainda mais as opiniões. Nossas instituições permanecem as mesmas, com suas funções constitucionais. O que causa o trauma e a insatisfação da opinião pública são seus componentes, como acompanhamos na brutal rejeição ao Supremo Tribunal Federal em suas decisões autoritárias na maior parte das vezes questionáveis.

Em 2018 a Fundação Getúlio Vargas realizou uma pesquisa para avaliar em quais instituições a população mais confiava. Sem muita surpresa e em função dos resultados medíocres de seus membros, o Congresso Nacional e o Governo Federal (à época) obtiveram pouco mais de ridículos 6%. Já naquele ano, as Forças Armadas era a instituição de maior confiabilidade seguida de perto pela Igreja Católica.

Mas o que foi estarrecedor, e hoje vem crescendo a passos largos, foi a confiança nas Redes Sociais, com 37% da confiança dos entrevistados. Com a confirmação assustadora de que as redes sociais são mais confiáveis que nossos representantes eleitos ou os que deveriam proteger a justiça podemos concluir que estamos perdendo a guerra.

De fato, pela falta de leitura e conhecimento (ou a busca dele) as pessoas confundem o “agonismo” com o “antagonismo”. E, acompanhando os fatos noticiados é importante que saibamos as diferenças para evitar maiores problemas sociais. O “antagonista” é aquele que não suporta ser questionado em suas opiniões, ou seja: você é contrário, é mal e suas ideias têm que ser destruídas. São aqueles que entram numa discussão assumindo uma posição de superioridade moral. O antagonista não admite a menor possibilidade de estar errado e muito menos mudar a si mesmo. Já o “agonista” é mais consciente e maleável apesar de ideias divergentes. Ele pode não concordar com as opiniões, mas entende como legítima a posição contrária e argumentos que a acompanham.

As redes sociais se tornaram um campo de batalha feroz pelo sentimento do anonimato, que só agora começa a mostrar que não é uma trincheira invulnerável. Nesse embate, perdemos a capacidade de fazer política e nos tornamos alienados ou idiotas.

Na passagem do século XV para o XVI Nicolau Maquiavel colocou sua experiência em ação para unificar a península italiana. Seus pensamentos nasceram de uma consciência política que mostrava, que para se manter no poder era preciso descartar algumas questões morais e os acordos deveriam durar enquanto fossem convenientes.

A sagacidade que Maquiavel ensinava era que um governo deveria ser “bonzinho”, mas saber quando e como os acordos deveriam ser quebrados. Daí, a celebre frase: “política é a arte da traição”. Maquiavel defendia a ideia de que qualquer governante deveria estar preparado para aproveitar oportunidades, porque a sorte sempre beneficia à sagacidade. Este mestre da astúcia ensinava que um governo deveria alimentar as lideranças mais fracas e acabar com as mais fortes. Porém, fundamental é conquistar a população por meio de um bom governo concedendo um pouco de poder aos oprimidos, porque a elite é difícil de manobrar.

Essa é a questão das escolhas que podemos fazer, mas isso apenas acontece com informações verdadeiras e não a confirmação do que nos é conveniente. Ou seja: podemos ser um pouco mais “maquiavélicos”… Para o bem

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